Véspera de Natal !
Pobre poeta, o pai, desempregado !
A mãe de sete filhos, exausta professora,
sem abono e sem vale,
e o ordenado: atrasado, atrasado,
e eu bem cansada de ir acompanhá-la
dias e dias ao Palácio “nobre” do “Tesouro” do Estado.
Em meu ardente sonho de menina,
Ganhar do Pai Noel eu desejara
Lindo jogo de damas
que, em loja de brinquedos, me tentara.
Mas um dos meus irmãos, poucos anos mais velho do que eu,
Ao ver nossa família sem dinheiro,
Decidiu despertar-me da ilusão
à qual eu me apegara o ano inteiro.
– Mamãe, vou explicar a essa menina
Toda verdade: – não há Papai Noel. Ela já é crescida!
-“ Meu filho, espera um pouco Podemos dar um jeito?
Há tanta dor na vida “ !
Mas meu irmão, determinado, veio a mim:
-“ Marília, acorda; não há Papai Noel. O dinheiro que temos é bem pouco…
Mal dá para comprar café com pão.
Não dá para comprar tolos presentes que em nada servirão.”
As lágrimas correram. A dor foi bem pungente:
Eu devia enfrentar a crua realidade.
Meu irmão fez-me bem. Não me fez mal,
pois o Natal é a festa de quem disse : “Sou a Verdade”!
E venceu a verdade
num dia de Natal.
Views: 20