O Amazonas perdeu um dos seus maiores ícones empresariais: Moysés Benarrós Israel faleceu por volta das 22hs da última quinta-feira, 07/julho, no Hospital Check-Up, onde estava internado há cerca de um mês. Ele teve falência de múltiplos órgãos. O sepultamento foi realizado na manhã do dia seguinte, no Cemitério Israelita, ao lado do Cemitério São João na zona centro-sul da capital amazonense. Uma semana antes de seu internamento, esteve em Itacoatiara onde participou da homenagem que a Câmara Municipal prestou ao seu amigo, ex-prefeito Miron Fogaça.
Pioneiro, junto com seu tio Isaac Benaion Sabbá (1907-1996), na construção da COPAM – Companhia de Petróleo do Amazonas, Moysés Israel também se fez presente na consolidação da agroindústria no interior do Estado (em especial no Município de Itacoatiara) e na indústria fabril em Manaus. Para melhor conhecer a trajetória do saudoso extinto (e do papel realizado por seus antigos correligionários judeus no Município de Itacoatiara), aconselhamos a leitura do artigo “Judeus em Itacoatiara”, da lavra de Francisco Gomes da Silva, séries I e II, inserido na seção de História deste Blog. Nosso historiador conheceu Moysés Israel em meados de 1970, quando dava curso às suas pesquisas em Itacoatiara – cidade onde o extinto viveu parte de sua vida. Na primeira entrevista, perguntado sobre as razões de seu amor por nossa cidade e os motivos que o impeliam a fazer tanto pela educação, o emprego e a renda do Município, respondeu de pronto: “Devo muito a Itacoatiara e, portanto, tudo o que puder fazer em seu benefício, farei!”. Realmente, assim foi…
Moysés Israel, ladeado por Francisco Gomes da Silva e sua esposa Fátima, no Clube Dulcila’s em Manaus, na noite de 29/11/2015, data de comemoração dos 70 anos do nosso historiador.
Moysés Israel deixou lições que precisam ser assimiladas e repetidas. Conforme destacado pelo jornal “A Crítica”, em sua edição de sábado passado, “Ele atuou em importantes instituições que fomentaram a economia e o ensino, como a instalação do campus da UFAM em Itacoatiara”. Segundo o editorial deste matutino, em fevereiro do corrente ano, “às vésperas de completar 92 anos – e ainda em plena atividade -, dizia orgulhoso: ‘ainda não terminei’. De fato, a partida do empresário não significa o fim de sua obra. Ele continua vivo em seu legado, que está espalhado por todo o Estado. Um legado que continua e se perpetua no tempo. Conhecê-lo foi um privilégio. O homem de cabelos brancos e muitas histórias para contar se foi. Não se pode mais ouvir as histórias dele que se considerava mais um administrador ou industriário que um empresário. Mesmo quem não o conheceu, sem saber, deve muito a ele. Lançou as bases da indústria, mobilizou o agronegócio, incentivou a educação e fez o Amazonas acreditar que podia ser grande’”.
Da mensagem de despedida firmada pelo empresário José Roberto Tadros, presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac/Ceceam/Ifpean, retiramos o seguinte ilustrativo trecho: “Amazônida de conduta íntegra, empreendedora, proativa, benevolente e de um diálogo aberto, fraterno e franco, Moysés Israel deixa um legado que retrata o progresso do Comércio, Indústria e Agricultura do Amazonas. Seu nome homenageia o Centro de Educação profissional do Senac Itacoatiara, cidade na qual teve vastas conquistas e realizou grandes gestos humanitários, esses, reflexos do grande homem que foi. As lembranças de suas vitórias são um ótimo conforto, que permanecerá para sempre conosco”.
Bem lavrou o editorial do “Amazonas em Tempo”, de ontem (10/07/2016): Moysés Israel foi semente do extrativismo e não via essa atividade como apenas extração. Ao contrário, apontava dentro da biodiversidade da região, que ele conhecia com intimidade, os caminhos que a humanidade poderia trilhar sem desfigurar a geografia que a acolhia com generosidade. (…) É de generosidade que o animal humano faz a sua história e marca a sua diferença. Moysés Benarrós Israel (1924-2016) partiu, mas deixou o melhor de si para os que ainda estão no porto”.
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