Poema recolhido da obra “Pedra Pintada (uma viagem à cidade da minha primeira infância)”, ainda inédita.
O carro vai pela estrada
de Manaus à Velha Serpa,
nossa primeira parada
é em Rio Preto da Eva,
um bom café na Priscila,
segue o carro até Lindoia
águas negras do Urubu,
primeira ponte do rio,
último trecho até lá,
tudo dentro da floresta
à sombra das grandes árvores
da Amazônia larga e aberta
por dentro da natureza,
vez por outra água de um lago
de um lado e de outro da estrada,
barragens de igarapés
fartos criatórios de peixe,
vai o carro a mais de cem,
vamos dentro da paisagem
recortada de mil tons
de verde e de muitas cores,
a mostrar a vida em tudo
como em primeira edição,
até a segunda ponte,
de novo o rio Urubu,
a cidade está bem perto,
estamos para chegar,
vem os sinais da cidade,
casas às margens da estrada,
gente entregue ao seu trabalho,
balneários naturais,
belas fazendas de gado,
aparece como um campo
largo o lago da Poranga
coberto de um verde infindo
todo habitado de garças.
É a cidade que surge,
ergamos as nossas taças.