O japiim, pássaro poliglota,
vive em comunidade, repudia
a violência e constrói sua colônia
nos mesmos galhos das casas de caba.
Faz do trabalho uma festa frenética,
talo a talo eleva no vôo as vergas,
as colunas aéreas, a textura
das peneiras das janelas dos ninhos.
O velho passou o hábito ao menino
de comer o cérebro desse pássaro;
daí é que deriva a inteligência,
do japiim pássaro poliglota
que bate a bigorna do canto e afina
os trompetes da orquestra, os arpejos
dos violoncelos, nas orlas dos lagos.
*Poeta e ensaísta. Ex-presidente da União Brasileira de Escritores do Amazonas e da Academia Amazonense de Letras. Nascido em Itacoatiara é uma das glórias dessa cidade.Texto coletado do livro “A destruição adiada”, edição da Editora Valer, Manaus, 2002.
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