Manaus, 27 de julho de 2024

O Município de Itaquatiara

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*Mario Ypiranga Monteiro

Os topónimos

Vimos nos capítulos anteriores como se enquistou a civilização no trato delimitado pelos manadeiros Urubu, Madeira e Abacaxis. A primitiva localização da missão que deu origem ao atual município de Itaquatiara não está muito acertada pelos historiadores, os quais divergem entre si. Existem duas versões. O capitão de marinha Araujo e Amazonas38 diz que primeiro núcleo existiu na foz do rio

Mataurá, lição seguida pelo historiador Anísio Jobim,39 e formada de índios Abacaxi, Anicoré, Aponariá, Baré,40 Cumaxiá, Juma, Juqui, Juri, Pariqui,41 Torá. Diz o cônego Bernardino José de Sousa o seguinte:

Na margem direita do rio Abacaxis,42 está situada a aldeia deste nome. / Foi seu fundador o tucháua Abacaxis, de onde lhe veio a denominação, que hoje tem. / Em vida desse tucháua, aí chegou o dr. José Eugenio, que fugia às perseguições que em nome do governador e capitão-general d. Francisco de Sousa Coutinho lhe faziam em Belém; e vivendo cerca de quatro anos entre os Mundurucus, promoveu-lhes o aumento da aldeia, então ainda muito resumida. Livre depois o doutor José Eugênio das perseguições que o fizeram viver no Abacaxis, retirou-se para Belém. Desgostoso o tucháua Abacaxis com este acontecimento, abandonou a aldeia, então já muito populosa, permanecendo ali apenas dois índios de nomes Manuel Vicente e Alberto Magno. Este apossou-se da casa em que habitava o doutor José Eugênio. / Depois de alguns anos, um José Machado foi unir-se aos dois moradores da al deia abandonada e aí viveram os três até o ano de 1835, em que, em consequência da rebelião, que assolou a província do Pará,43 retiraram-se Vicente e Machado para a vila de Maués, onde se envolveram entre os rebeldes. Alberto, porém, continuou a viver em Abacaxis. / Ambrósio Aires Bararoá, que nesses tempos de lutuosas recordações ditava a lei no Amazonas, mandou fundar um posto militar em Abacaxis. No ano de 1840 o cônego Antônio Manuel Sanches de Brito, convocou o tucháua Joaquim José Pereira e o animou a levantar uma capela, visto que nenhuma ali havia. Auxiliado o dito tucháua pelo negociante Antônio Gonçalves Marques, que negociava com os índios do rio Abacaxis, deu começo à construção da primeira capela sob a invocação de N. Senhora da Conceição da Rocha, cuja imagem, que ainda existe e é muito perfeita, mandou-a o dito Marques vir à sua custa de Lisboa. /O tucháua Pereira e seus parentes prestaram valiosíssimos serviços contra a revolução. O distrito da aldeia de Abacaxis é vastissimo, compreendendo os rios Abacaxis e Praconi e os lagos Curupira, Juruparí e outros de menor importância,44

Apesar de muito correto em muitas e várias notícias, aqui o cônego não foi feliz quando declara que a aldeia de Abacaxis foi fundada pelo tucháua Abacaxis, etc. A menos que aluda a uma nova fundação, verificada após qualquer um daqueles colapsos sofridos pela célebre missão dos Abacaxis, que iremos reconhecer mais adiante.

O outro núcleo foi fundado no rio Uatumã, por frei João de Sampaio,45 que em 1723 dirigia as aldeias de Nossa Senhora, São Francisco Xavier e São Lourenço, e aqui chegado depois de 1712. Em breve transferiu-se para o Abacaxis, onde ergueu casa de sobrado, cômoda, e uma famosa igreja. Tinha grandes malocas à moda indígena, onde moravam 100 pessoas em cada qual. Aqui gastou o P. João de Sampaio o melhor da sua vida, diz o padre Serafim Leite, citando o Livro de Óbitos da Companhia de Jesus.

Este grupo de aldeias oferece, como se vê, uma variedade incrível. A Aldeia de Canumã aparece em 1730 com 425 índios.46 Depois desaparece dos Catálogos. Nesse mesmo ano a Aldeia dos Abacaxis, distinta da de Canumã, contava 932 índios. A Aldeia de S. Lourenço também não torna a ser citada. E ainda nesse ano de 1730 o P. Avogardi faz a profissão solene nos Abacaxis, numa Aldeia que se chama Vera Cruz. A Aldeia de Vera Cruz, não com este nome, mas com o de Santa Cruz lê-se outra vez no Catálogo de 1745; daí em diante nomeia-se Aldeia de Santa Cruz47 e Aldeia dos Abacaxis, ora uma ora outra, nunca as duas no mesmo Catálogo. Na sua entrada ao Madeira em 1749, José Gonçalves da Fonseca descreve-a na margem esquerda do Madeira, para onde tinha sido mudada do Furo dos Abacaxis.48 E como não bastassem tantas denominações e mudanças, conta-nos João Daniel que a Aldeia dos Abacaxis estava primeiro sobre o grande Lago de Sampaio, e que dali se mudara, para o Furo de Tupinambaranas, decaindo, mas ficando ainda suficientemente grande, diz o mesmo João Daniel, para receber, em 1757, o nome de Vila de Serpa. E ainda, para rematar (se antes ou depois do predicamento de vila, discute-se, em todo o caso por esta ocasião) os Índios Abacaxis escolheram para nova sede, o lugar chamado Itaquatiara sobre o Amazonas a dois dias de distância da sua habitação antiga.49

Reportando-se ao assunto, diz o padre João Daniel:

Tem o rio Madeira na sua boca uma povoação de Indios chamada antes a Missão de Abacaxis, e depois elevada e nobilitada com o título de Vila-de-Serpa. Foi uma das mais populosas de todo o Estado, e se podia chamar uma cidade de gente: tinha muita casaria, feitas as suas moradias ao modo do mato, muito grandes, e cada casa destas tinha para cima de cem cabeças.50 Estava antes sobre grande lago, onde havia muita abundância de pescado. Era abundantíssima não só de frutas próprias do país, mas também de muitas Europeias especialmente de espinho, pela boa direção e útil agência de um seu Missionário Jesuíta, chamado João de S. Paio, e ainda hoje se chama o Largo de S. Paio.51 De tão florescente e grandiosa, se foi pouco a pouco diminuindo, ou já por ser pouco sadia a sua situação, como alguns já diziam, sobre o lago antigo, o que os motivou a mudarem-se; ou porque muito desassossegada com o serviço dos brancos; ou por serem os Índios seus moradores tão mortais, que rara vez faziam viagem à cidade. que lá não morressem alguns. E houve ocasião em que na cidade morreu toda a equipagem de 25 índios, sem escapar ao menos um para contar da tragédia. Contudo ainda no ano da promoção à vilas, estava populosa, pelo que mereceu o nome de Vila de Serpa; porém quando com ele se devia aumentar e crescer, lhe sucedeu tanto pelo contrário, que logo no ano seguinte de 58 se achou tão destruída, que bem merecia o elogio do Mantuano à arruinada Troia – Campus ub Troia fuit, porque apenas se contavam 5 Índios: nisto veio a parar aquela grande povoação, que sem lisonja as podia intitular cidade.52

O padre João Daniel não faz referência aos ataques dos ferozes Mura, Maué e Turá, que obrigaram a mudança da sede da missão de Abacaxis. Todavia, é de prever que assim tivesse acontecido, tais e tantas foram as tropelias e saltos praticados pelos elementos Mura mesmo em frente a Manaus vila com os canhões ameaçadores do forte de São José a detê-los e daqui por todo o baixo Madeira, acometendo viajantes e comerciantes, de Cuiabá, do Alto Solimões, do Madeira, e as pequenas aldeias e missões. Deles diz Silva Coutinho:

Em 1716 o capitão-mór do Pará Jollo de Barros Guerra foi mandado ao Madeira como chefe de uma expedição contra índios Turás, que costumavam descer ao Amazonas para atacarem as canoas dos regatões.53

Deixemos falar dos Maué ao bispo dom frei João de São Joseph de Queiroz:

E correndo as ribeiras de Tapajós da parte de leste, fazendo da última cachoeira viagem de um dia, se chega ao sítio em que pela terra dentro quatro léguas se acha já a nação dos Magués, índios que comumente não sabem nadar, porém inconstantes como os mais, e especialmente traidores. Eles mataram cruelmente ao paulista João Portes sem motivo racionável, sendo que tinham experimentado neste amizade, e lhe tinham dado palavra de descimento, em tempo que era governador do Estado Francisco Xavier de Mendonça Furtado. / É fertilíssimo o sítio destes índios e quase toda a ribeira do célebre guaraná de que já falamos e tornaremos a falar dele,54

De fato, em outras passagens, o monge beneditino reporta se aos Maué, dizendo deles cobras e lagartos. Também devemos aceitar a explicação de vários cronistas a respeito das condições de insalubridade da região. Todas essas causas, conjuntas, levaram os jesuítas ao abandono da aldeia do Canuma55 pela região dos Abacaxis, e esta pela margem do Amazonas. Aquele tempo, as iniciativas civis e eclesiásticas dependiam de determinadas normas processuais a critério da autoridade real. Aos dignitários das colônias cabia encaminhar aos ministros os papéis referentes a determinadas atividades e este ao rei. No caso pendente, a autoridade maior da Capitania era o governador general Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Ministro dos Negócios Ultramarinos o Dr. Tomé Joaquim Castro Côrte-Real. Mendonça Furtado viajando pela Capitania de São José do Rio Negro em obediência ao cumprimento de dispositivos criados pela expedição da Carta régia que separou o Amazonas do Pará em duas capitanias distintas,56 observou de perto a situação difícil em que se encontrava a aldeia de Abacaxis, tomando a deliberação de conduzir os reclamos, justos e oportunos, dos missionários e do povo, ao ministro do Ultra-Mar, o que realmente fez em carta datada da vila de Barcelos, quatro de julho de 1758:

A 26 saí (da vila de Pauxís atual cidade de Óbidos) e navegando pela mesma costa setentrional do Amazonas, atravessei para a austral e entrando pelo rio Tupinambaranas para passar ao Madeira,57 cujas barras examinei, feitas pelos Magués,58 Abacaxis, e Canumã e saí ao rio Madeira e a 14 cheguei a vila de Borba a Nova./Aidemorei-me dois dias, vim buscar a aldeia dos Abacaxis que era da administração dos Padres da Companhia, com a resolução de a eregir em vila com o nome de Serpa; porém os seus moradores me requereram instantemente que se queriam tirar daquele sítio, porque não logravam uma hora de saúde, e que se conservavam ali violentados pelos Padres que os administravam. / Conhecendo eu que o terreno era indígena,59 porque sobre ser um sapal nem terras tinha junto a si em que se fizessem roças, lhe ofereci com boa vontade e perguntando-lhe para onde queriam ir fundar a nova vila, me apontaram logo alguns sítios a grandissimas distâncias no centro das matas, o que me pareceu seria prejudicial se eles fossem estabelecer àquelas distâncias e por isso lhe deferi, mas pelo contrário lhes nomeei uns poucos de sítios para eles escolherem o que lhes parecesse melhor a bem da sua saúde e da sua conveniência. / Em observância desta ordem foram ver os sobreditos sítios e escolheram entre eles um chamado Itaquatiara, sobre o Amazonas, a dois dias de distância da sua habitação antiga, e na verdade escolheram bem, porque as terras são as melhores que aí há, pois produzem todo o gênero de frutas e o rio naquele sítio abundantíssimo e sobretudo os passageiros socorros e os índios não só tirarão grande lucro dos seus trabalhos na venda dos mantimentos, mas civilizar-se-ão./ Na povoação que deixo nada se perde.60

Por este documento de Mendonça Furtado chegamos à conclusão de que o topônimo Itaquatiara é mais antigo do que Serpa, extraído da circunstância de haver nas suas barrancas frontais umas pedras lavradas-Itaquatiaras. Está correta, portanto, a informação do ouvidor Ribeiro Sampaio:

O primeiro nome desta villa era Itacoatiara, isto he, pedra pintada; por cauza das pedras, que se achão na sua ribeira desenhadas com várias figuras.61

O que se deve salientar a respeito do documento, é a existência da famosa necrópole – Miracanguera, estudada pelo sábio Barbosa Rodrigues, situada na região fronteira à ilha Benta, logo acima do furo Arauató. Ninguém melhor e dotado de mais recursos de experiência e de espírito científico, fala a respeito de aspectos da paisagem itaquatiarense do que o célebre naturalista. Diz ele, por exemplo, que foi na ilha Aibí que se estabeleceu,

no século passado, a missão de Itaquatiara, depois Serpa, e hoje cidade daquele nome; na do Matapí existia o cemitério, e na terra firme do Amatari fundou o padre Francisco Veloso a sua missão, que foi depois dirigida pelos padres Aluísio Patril e João Maria Garçoni. Em 1774 passou esta missão a ser administrada pelos religiosos Mercenários, mas em 1768 já não existia.63

O oficial de marinha Araújo e Amazonas refere o seguinte:

Itaquatiara (N. S. do Rosário de): Freg. na margem setentr. do Amazonas, entre os quarto e quinto desaguadouros dos lagos de Saracá, 48 léguas acima da foz do R. Jamundá, 3°03′ Lat. S., 23°56′ Long. O. de Olinda. Provem-lhe o nome de umas pedras que a vasante descobre em seu porto, escritas de hieroglíficos, também já teve o de Abacaxis, da terceira situação que teve nas margens deste rio, tendo sido a primeira, no rio Mataurá,64 confluente do Madeira, fundada pelos Jesuítas; a segunda, no rio Canomá que desagua no Furo de Tupinambarana; a terceira, no dito Abacaxis correspondente a uma época, que interessa à história da Comarca, quando a essa Aldeia se encorporaram as relíquias da nação Torá, batida e subjugada no R. Madeira pelo Capitão-Mór do Pará João de Barros Guerra, em 1716, o qual de volta dessa expedição pereceu, submersa sua embarcação sob o desmoronamento de um pedaço das margens do R. Madeira; a quarta, na marg, dir. do mesmo Madeira abaixo do furo de Tupinambarana; a quinta, é a que ora ocupa: todas motivadas pela perseguição da nação Mura. / Seus habitantes, provindos de Anicorés, Aponariás, Curuaxiás, Barés, Jumas, Juquís, Pariquís, Sarás, Torás, Tururis, e Urupás, em número de 1.720, em 470 fogos, restantes de 1.200, que teve, cultivam, além do preciso para a subsistência, algodão, cacau, café e tabaco; pescam pirarucu, tartaruga, e peixe-boi; tecem panos e redes de algodão; manipulam azeites de tartaruga, peixe-boi e de andiroba; extraem breu, salsa, cravo e cupauba; e criam em mui reduzida escala algum gado muar, para o que tudo maravilhosamente se prestam o terreno, o rio e os vizinhos lagos. Pertencem ao Termo de Manaus.65

_________________________

38 AMAZONAS, Lourenço da Silva Araujo e. Dicionário Topográfico, Histórico e Descritivo da Comarca do Alto Amazonas, Recife, 1852.

39 JOBIM, Manuel Anísio. Itaquatiara. Estudo social, político, geográfico e descritivo (Da série Panoramas Amazônicos), p. 9. Manaus, 1948.

40 Os Índios Baré devem de ter sido descido do alto rio Negro. Aliás, o ouvidor Sampaio denomina-os

Bari. Nem Bettendorf nem Serafim Leite aludem, neste passo da história, ao rio Mataurá, que as cartas modernas do Amazonas omitem, defeituosas como são. Mas esse Mataurá é o Iruis clássico. A ele alude também o autor de Viagens no Sertão do Amazonas, Barnardo da Costa e Silva, p. 49. Porto, 1891. 41

42 É a lição mais correta, visto que já tenho lido “margem esquerda”.

43 Refere-se ao pavoroso movimento nacionalista conhecido na história por Cabanagem, que assolou toda a Amazônia, isto é, do Pará ao Amazonas.

44 SOUSA, cônego Bernardino José de. Op. cit., p. 148-49.

45 Perdura o topônimo, O lago do Sampaio fica situado a coisa de meia légua da margem esquerda

do Madeira, antes da foz. Na carta geográfica da Provincia do Amazonas, hoje raridade, da autoria

de Raimundo A. Nery e Bernardo Ramos, aparece grafado S. Paio, como se sabe que era escrito. O

mérito da carta está apenas na pretensa distribuição das nações indígenas.

46 Foi mais tarde freguesia. Fundada a aldeia em 1802 pelo português Joaquim Anveres da Costa Corte Real, Tomou maior impulso sob a direção do carmelita frei José das Chagas. Será o mesmo Joaquim José Anveres que em outubro de 1836, portanto com 34 anos apenas, era candidato, com quatro votos, para juiz municipal da vila de Manaus?

47 Ainda existe o topónimo, no curso médio do Paraná do Ramos. Este é, com outro nome, o mesmo rio Tupinambarana e algumas vezes o próprio rio ou Paraná Abacaxis, distinto do rio Abacaxi. Modernamente o Paraná Abacaxi ou Abacaxis fica entre sua foz no Madeira e o rio Abacaxis. A multiplicidade de toponímia, na Amazônia, dificulta e perturba o conhecimento e identificação das

regiões.

48 Veja-se a nota supra.

49 LEITE, padre Serafim. Op. cit., III, p. 388-89,

50 Conferir com o que disse Serafim Leite, atrás, a respeito das malocas onde moravam cem pessoas. Essas casas, malocas, eram de fato grandes, coletivas, construídas geralmente, como ainda hoje o são, em círculo, podendo abrigar muita gente nos seus vastas recintos.

51 Corrija-se para lago de S. Paio.

52 DANIEL, padre João, Op. cit., p. 438.

53 COUTINHO, J. M. da Silva, Op. cit., p. 33.

54 QUEIROZ, Frei João de São Joseph de. Viagem e visita do Sertão em o Bispado do Gram-Pará em 1762 e 1763, p. 100-001. In Revista Trimestral de História e Geografia, tomo IX, 2. edição, Rio de Janeiro, 1869.

55 Ainda nos nossos dias esse rio tem fama de insalubre, não tanta, como em épocas passadas

56 A Capitania de São José do Rio Negro ficava, nada obstante, dependendo da do Grão-Pará.

57 Mendonça Furtado chamava ao rio Tupinambaranas ao que hoje em dia as cartas geográficas denominam Paraná do Ramos e seu defluente o Paraná chamado Mucurá, Urariá e Abacaxis, respectivamente. O rio, furo ou canal Tupinambarana ou de Urariá nasce na margem direita do Madeira, seguindo no rumo oeste e fletindo para o nordeste a partir da confluência com o rio Abacaxis, indo lançar-se no Amazonas da cidade de Parintins. O que se chama Paraná do Ramos, atualmente, é um furo que nasce na margem direita do Amazonas, acima da cidade de Itaquatiara, corta ao meio a ilha de Tupinambarana e continua pelo antigo furo ou rio Tupinambarana.

58 Corrija-se para Maués. É comum aparecer nas crônicas escrito Magués, dal talvez o erro. Não entendo bem a insinuação de Mendonça Furtado, nesse passo. Seria uma referência a “barracas,” que o transcritor do apógrafo tomou por “barras,” visto ser comum à época o uso de abreviações das palavras mesmo em cartas particular e comunissima nos documentos oficiais.

59 Ainda aqui parece ter havido má interpretação do texto original. Deve ser lido “indigno”.

60 BELÉM, Furtado. Limites Orientais do Amazonas, p. 9-10. Manaus, 1912.

61 SAMPAIO, Francisco Xavier Ribeiro de. Op. cit., p. 5.

62 RODRIGUES, João Barbosa Velósia. Contribuição do Museu Botânico do Amazonas, II, 2. (Arqueologia, Paleontologia), 1885-1888, 2ª edição, Rio de Janeiro, 1892.

63 Idem, idem.

64 Rio Mataurá- Segue o rumo de S. 134 de S. O., tem quarenta braças de largura e dá navegação a barcos de oito palmos de calado d’água. Diz Serra no seu diário que este rio se comunica com o rio Canumã; os práticos a quem J. da Silva Coutinho consultou a tal respeito em nada o puderam esclarecer, diz ele que lhe parece isto pouco provável, pois seria preciso que as cabeceiras do Canumã fossem tão distantes que ficassem além das do Aripuanã. Esta objeção porém não me parece importante, pois os conhecedores daqueles lugares concordam todos que tanto o Mataurá como o Canumã têm um extenso curso de mais de 150 léguas, e ambos têm idênticas produções, e as mesmas dos rios já descritos”. Barão de Marajó. As Regiões Amazônicas. Estudos Geográficos dos Estados do Gram-Pará e Amazonas, p. 118, Lisboa, 1895.

65 AMAZONAS, Araújo E. Op. cit., p. 166-67.

*Mário Ypiranga Monteiro (1909-2004). Amazonense de Manaus, historiador, folclorista, geógrafo, professor jornalista e escritor. Pesquisador do INPA, membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. É o autor que mais escreveu livros sobre História do Amazonas, com quase 50 títulos.

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