Manaus, 29 de novembro de 2023

O poder das mãos

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Divinas e afáveis são as mãos justas

Que afagam e nutrem os carinhos

Impuras são aquelas injustas

Que orientam para os maus caminhos.

 

Eis que as mãos mais persistentes

São indeléveis e capazes de tudo

Desde plantar e regar as sementes

Ou acabar com todo mundo.

 

O peso daquelas que acariciam

Podem também apedrejar

Tudo aquilo que as mãos procriam

São de fato uma arte milenar.

 

Sejam leves, feridas ou de embalo

As mãos quase nunca te deixam na mão

Sujas de terra ou cheias de calo

Aliviam o teor da apreensão.

 

Mãos para tocar, mãos para bater

Para dá à luz e acalantar

De causar rancor ou dar prazer

De reter a dor e enterrar.

 

As do escultor são moldadas pela arte

Dos bóias-frias castigadas pela sorte

As do poeta são um caso fora a parte

Dos pescadores imoladas pelo corte.

 

Pelas mãos, afirma-se o véu da aliança,

Fazem nascer a sentença do contrato,

São coletoras do fruto e da bonança

E as mentoras do sofrido parto.

 

Mãos que compõem a rima

Mãos que consolam as derrotas

Do artista com sua obra-prima

Do maestro regendo as notas.

 

As vezes, se condenam na marca penal

Dia-a-dia, aprovadas para a refeição

São apedeutas no crime banal

Indispensáveis a Deus na oração.

 

 

Mãos para doar e receber

Para guiar e ser conduzido

Mãos que maldizem sem perceber

E que consolam os corações feridos.

 

Força motriz do canoeiro

Engrenagem da percussão

Fator primo ao plantar do canteiro

De dá vida ao poema e à canção.

 

Mãos que amparam os dementes

Mãos que protegem os mais fracos

De estender ao Pai ou dar presentes

De ser benfazeja aos puxa-sacos.

 

Na ausência da fala, elas quebram um galho

Gesticulam, transmitem a mensagem

Colhem a flor, repartem o baralho

Protetora mãe do exposto à friagem.

 

Mãos que pensam com os dedos

Mãos que enxergam com a alma

Palmas guardiães de segredos

Dons de Deus que abençoam e acalmam

 

Serão capazes de superar os medos?

Ai das unhas que das mãos pertencem!

Paredão de punho e rochedos

Que nas guerras as mais fortes vencem.

 

Tudo passa por esse alicerce

Os truques da vida e os pedidos de perdão

Grande é o homem que sustenta a messe

Com o sagrado poder das mãos.

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