Manaus, 17 de junho de 2025

Os frutos da esperança

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Continuação…

Um livro necessário

É

uma autêntica armação das circunstâncias da vida eu ter de fazer a abertura de um trabalho que envolva os meus limi- tados préstimos. Situação que se observa no último capítulo deste livro, embora predomine nas suas páginas o exame do desempenho de figuras em verdade detentoras de real merecimento. A condição de ser hoje o presidente da Casa de Pericles Moraes impõe-me as duas situações, pois, ao tratar precisamente da ação dos dirigentes do silogeu amazonense desde a sua fundação em 1918, até este ano de 2006, o livro não poderia vir à luz sem merecer o apoio editorial da Academia, obrigando-me a apresentá-lo por exigência de minhas próprias funções.

O certo é que estou aqui para desincumbir-me da tarefa ao mesmo tempo constrangedora e honrosa. Para dizer que ninguém melhor do que o nobre confrade Robério Braga seria a pessoa credenciada para escrevê-lo, e, por decisão pessoal, realizá-lo com generoso entusiasmo, confirmando as suas qualidades de pesquisador dos fatos e personalidades da nossa história, comprovando, ainda, a sua capacidade de trabalho. A intensa movimentação provocada por suas atividades de animador cultural, tocando uma política de governo exemplar e de resultados concretos em nosso meio, não o impede de reservar algumas horas para dedicar-se ao labor intelectual propriamente dito, no âmbito da criação literária, premiando o público, de vez em quando, com o produto de tão magnânimo afã.

As biografias enfeixadas no livro são apresentadas, em sínteses, sob traços essenciais, e humanizadas pelo testemunho da convivência do autor ou de pessoas de sua família com os biografados. Caso, por exem- plo, de Adriano Jorge, o primeiro presidente da Academia, padrinho de Prefácio ao livro Presidentes da Academia Amazonense de Letras (1918-2006) de Robério Braga.

OS FRUTOS DA ESPERANÇA

casamento dos seus pais e padrinho de batismo do seu irmão José, que The tomava a bênção como era costume naqueles tempos.

Ainda sobre Adriano Jorge é bom salientar que o autor de Um terceto do Purgatório exerceu, por longos 30 anos, a presidência da Academia, da sua fundação em 1918, à morte do grande pensador, médico humanitário e notável humanista. Tudo sob o aplauso dos seus pares, porque aqueles eram tempos heroicos, em que a instituição precisava se firmar, sem sede própria até 1934.

Em seguida, assumiu a presidência do silogeu por 8 anos o mestre Péricles Moraes, até a sua morte em 1956, período em que ajudou a conso- lidar-lhe os passos e lhe manter aceso o prestígio, com o respeito que o festejado ensaísta de Os intérpretes da Amazônia inspirava nos intelec- tuais da sua terra e a admiração granjeada entre os seus contemporâneos, pela obra de vulto que construiu, com a paixão de verdadeiro corifeu da literatura e da arte.

O ambiente das Academias, em regra, é de convívio agradável e ameno, mas em determinados momentos, raros, aliás, assume clima um tanto tenso, quando entram em confronto as opiniões e os comporta- mentos divergentes dos seus pares, posto tratar-se, felizmente, de uma instituição sedimentada na linha do pluralismo característico das socie- dades democráticas.

Essas questões, porém, quando tratadas sem engenho e arte, são varridas para debaixo dos tapetes pelos memorialistas, visto a tendência que temos de esquecer as amargas e só relembrar as doçuras da vida. Mas Robério Braga optou pela primeira hipótese, incutindo um sabor condi- mentado com os temperos de tais divergências, conferindo ao seu texto tônus de credibilidade. Mas o fez com cuidado, diria até com delicadeza e elegância interior, como no episódio da transição entre os mandatos dos Acadêmicos Leôncio de Salignac e Souza e Álvaro Maia, na presidência da Casa, em 1966.

Este é, portanto, um livro necessário porque resguarda, sob a luz dos nossos dias, o perfil biográfico dos primeiros 15 presidentes da Academia Amazonense, para que mais tarde os pósteros não tenham de ficar batendo cabeça atrás de informações sobre eles, como está acontecendo agora em que a Casa promove uma série de conferências intitulada A Academia e os seus fundadores. Salvo um ou outro, são escassos os dados biográficos sobre os 30 primeiros membros efetivos do silogeu, esperando-se que, a partir daí, tais elementos biográficos sejam levantados e fiquem à dispo- sição das pessoas interessadas no estudo da nossa cultura.

ELSON FARIAS

Cumprimento o meu bom amigo Robério Braga pela realização deste trabalho, certo do serviço que este livro vai prestar à coletividade dos estudiosos das nossas letras.

Manaus, Chácara Lili, 18 de fevereiro de 2006.

Continua na próxima edição…

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