Manaus, 18 de junho de 2025

Plano logístico para ‘driblar’ seca dos rios no AM precisa incluir porto de Itacoatiara

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*Gerson Severo Dantas

Região de Itacoatiara é onde o canal do rio Amazonas é mais profundo e não sofre com problemas para operação de grandes navios.

O fortalecimento da estrutura portuária de Itacoatiara, município da Região Metropolitana de Manaus, será essencial para a superação dos desafios logísticos de uma nova vazante recorde de rios do Amazonas, prevista para este ano.

O município é considerado estratégico do ponto de vista logístico porque é acima dele que o rio Amazonas recebe as águas de seus principais afluentes e, portanto, a maior quantidade de água no canal sempre será registrada em Itacoatiara.

Para se ter ideia desse potencial, mesmo na seca recorde do ano passado, os portos da cidade, o público e os privados, seguiram operando com o recebimento de navios com cargas máximas.

Mesmo no pior período da seca do ano passado nós fizemos operações de fundeamento, que é aquela em que o navio fica fundeado ao largo do porto, no meio do canal do rio, e as cargas são transferidas para balsas que seguem viagem até Manaus ou trazem a mercadoria para o porto e daí elas seguem por modal rodoviário“, explica o servidor do porto de Itacoatiara Jerry Nelson, responsável por fazer a medição da régua fluviométrica da “estação Itacoatiara” pertencente a Agência Nacional de Águas (ANA) e do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM).

Quem não fez essa opção por Itacoatiara, teve que deixar a carga no porto de Belém, pagar armazenagem e, de lá, trazer para Manaus em balsas menores, o que encareceu o custo logístico e aumentou o tempo de transporte das matérias-primas.

No pior período da vazante, entre outubro e novembro de 2023, o canal do rio Amazonas em Itacoatiara estava com aproximadamente 70 metros de profundidade, o que permitiu operações com todos os navios que operam o transporte de cargas para o Distrito Industrial de Manaus.

“A Petrobras operou com cargas máximas, a Hermasa, que traz soja, milho e fertilizantes, também operou com cargas máximas e não houve problemas nessas operações de fundeamento”, lembra o especialista.

Jerry Nelson acrescenta que com alguns equipamentos que precisam ser adquiridos e pequenas adequações das instalações atuais, o porto público de Itacoatiara vai operar tranquilamente na margem do rio e melhorar o escoamento das cargas que não podem passar por áreas, como a Costa do Tabocal e

Novo Remanso, acima de Itacoatiara.

Essa vantagem hidrográfica/logística ocorre porque os maiores afluentes desaguam no rio Amazonas acima de Itacoatiara, caso dos rios Purus, Japurá, Negro e Madeira. Dos afluentes maiores, só o Tapajós e o Xingu lançam suas águas no grande rio após Itacoatiara.

Hidrovia e dragagem enfrentarão problemas no Tabocal

Jerry Nelson, que atua em operações portuárias há 40 anos, avalia que autoridades e empresários precisam estar atentos para o fato de que a dragagem do rio Madeira e a concessão da hidrovia do rio para a iniciativa privada não será a solução definitiva em caso de uma grande seca.

Ele alerta que o maior problema para os navios de grande porte que transportam os insumos da indústria amazonense subirem até Manaus é a Costa do Tabocal, que é uma área formada geologicamente por um lajeiro de pedras.

Esse tipo de formação não pode ser mexida, há leis e tratados internacionais que impedem que lajeiros de rios sejam explodidos, mexidos, alterados, pois são estruturas geologicamente consolidadas e mexer nelas altera tudo e com consequências impensáveis”, explica Nelson.

Foi na Costa do Tabocal, por exemplo, que no ano passado encalhou por 23 dias o navio-petroleiro Minerva-Rita, que trazia uma carga de nafta para a Refinaria da Amazônia (Ream).

*Gerson Severo Oliveira Dantas é amazonense, licenciado em Filosofia e bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com habilitação em Relações Públicas e Jornalismo. É Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, pelo programa de mesmo nome do antigo Instituto de Ciências Humanas e Letras da Ufam. Atua no Jornalismo profissional desde 1995, com trabalhos voltados para a Amazônia, suas potencialidades, projetos e problemas. Foi durante 20 anos professor do magistério superior em escolas de comunicação da Ufam, Faculdade Boas Novas e Martha Falcão. Atualmente é estudante de graduação em Gastronomia pela Faculdade de Tecnologia do Senac-AM.

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