Manaus, 19 de junho de 2025

Polo Moveleiro de Itacoatiara: sonho e prédio abandonado

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*Gerson Severo Dantas

Passados 25 anos da inauguração do complexo, construído com verbas da Suframa, o prédio está completamente abandonado e tomado pelo mato e o enorme terreno doado por Moysés Israel foi invadido e hoje são dominados por facções criminosas.

Realtime1 Play conheceu a situação do imóvel e a história do Polo Moveleiro e Madeireiro de Itacoatiara ao passar pelo município nos dias 13, 14 e 15 para a realização da série Eleições 2024 nos municípios da Região Metropolitana de Manaus.

A implantação do polo era um sonho antigo em Itacoatiara. O ex-presidente da Associação das Movelarias de Itacoatiara (Asmovita), Raimundo Nonato Rodrigues de Oliveira, costumava lembrar que o projeto começou em 1998, com início da construção de um complexo para produção e exposição de móveis.

Lembrava também dos lotes que seriam entregues de graça aos empresários no terreno de Moysés Israel para a instalação das oficinas e fábricas.

Após a conclusão da obra, 1998, uma disputa pela “paternidade” do polo envolveu Miron e o ex-governador Amazonino Mendes, além de Mauro Ricardo da Suframa. Tudo ficou parado até que em 2003, no governo de Eduardo Braga, o programa Zona Franca Verde voltou a pensar no complexo.

Em 2005, por exemplo, os empresários do Polo Moveleiro receberam um aporte de R$1 milhão da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) para a compra de maquinário, com a garantia de que a Secretaria de Educação compraria até 10 mil carteiras escolares produzidas no local.

“Com a iniciativa da oficina escola e todos os parceiros que estão envolvidos no projeto, estamos vislumbrando um novo horizonte. Se tivermos infra-estrutura e financiamento, o resto nós sabemos fazer”, dizia Raimundo Nonato em uma reportagem da época, lembrando que o prédio seria reformado e transformado numa oficina escola.

De 2005 até 2018 nada aconteceu com o complexo, que ficou abandonado até no mundo das ideias administrativas. Mas na gestão do superintendente Appio Tolentino surgiu a possibilidade de estender os incentivos da Zona Franca de Manaus para municípios cujos territórios estão no perímetro da Suframa.

Dos aproximadamente 10 mil quilômetros quadrados que abrangem regime especial do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), 1.250 quilômetros quadrados estão situados no município de Itacoatiara, o que estenderia a potenciais empreendimentos instalados naquele perímetro os mesmos benefícios fiscais da ZFM.

Basicamente este território abrange os distritos de Novo Remando e Engenho, as maiores produtoras de abacaxi do Estado e com grande atividade pecuária. Neste aspecto, a ideia seria usar o complexo novamente para exposições de produtos e espaço de formação profissional

Novo Remanso e Engenho seriam a base para o Distrito Agroindustrial de Itacoatiara-Oeste (DAIO), outro projeto de desenvolvimento que fracassou por conta dos problemas de regularização fundiária, o que inviabilizava o acesso aos incentivos fiscais da Suframa.

Para resumir a trajetória deste complexo, vale a pena rever o posicionamento do advogado e procurador aposentado do Estado, Francisco Gomes, que é natural de Itacoatiara:

“Quanto ao Polo Moveleiro de Itacoatiara: um projeto de cunho desenvolvimentista compatível às necessidades municipais, desenhado para empregar centenas de peritos na arte de fabricar móveis e peças afins, capaz de suprir os mercados interno e externo – não suportando as crises existenciais a que foi submetido, pelo descaso e pela inoperância, foi praticamente descartado; hoje, suas instalações estão em ruínas e seu maquinário abandonado, corroído pelo tempo”

*Gerson Severo Oliveira Dantas é amazonense, licenciado em Filosofia e bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com habilitação em Relações Públicas e Jornalismo. É Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, pelo programa de mesmo nome do antigo Instituto de Ciências Humanas e Letras da Ufam. Atua no Jornalismo profissional desde 1995, com trabalhos voltados para a Amazônia, suas potencialidades, projetos e problemas. Foi durante 20 anos professor do magistério superior em escolas de comunicação da Ufam, Faculdade Boas Novas e Martha Falcão. Atualmente é estudante de graduação em Gastronomia pela Faculdade de Tecnologia do Senac-AM.

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