
*Francisco Calheiros
Continuação…
São Gabriel
Sou natural de Iranduba, de onde saí aos nove anos de idade para morar com uma tia. Foi a minha primeira viagem a esta cidade. Minha velha mãe pensou em me levar para Manaus; para ela, entretanto, não seria correto jogar um jovem do interior dentro de uma capital sem a devida estrutura. Precisava livrar-me do serviço quase escravo das olarias, que lembram os canaviais do Nordeste. Ali meu pai trabalhou por mais de vinte anos, tendo sido assassinado por reivindicar seus direitos trabalhistas. Por infelicidade não me levaram para Manaus. Foi a primeira e única viagem. A distância via a área do comércio com seus prédios, suas ilusões e suas prostitutas. Seria eu mais uma vítima daquele modelo de desenvolvimento econômico implantado pela ditadura militar? É incrível como o homem somente depois de cometê-los consegue avaliar seus erros. Vinte anos passaram-se, e minhas viagens sempre se limitaram entre Iranduba e esta cidade. Mas agora estava indo a bem longe. Estava indo à fronteira. Sempre ouvi falar de São Gabriel da Cachoeira. Aliás, já conhecia alguma coisa de leituras. Localizado no Alto Rio Negro, é um município estratégico para a segurança nacional, uma vez que é uma área de fronteira ocupada por tropas do Exército brasileiro e alguns agentes da Polícia Federal, que combatem o narcotráfico na região.
Ernandes deu-me as devidas orientações. Chegaria à sede do município às 18 horas daquele sábado. Minha ida ao aeroclube foi feita numa tarde chuvosa, o que não é nenhuma novidade na região. Ir ou não ir. Eis a questão. E fui. Quase três horas de voo num pequeno avião que mais parecia um corcel setenta e três, aquele de um homem e sua metamorfose. Nunca tinha viajado de avião, aliás, não conhecia nem mesmo um de perto. Provoquei durante a viagem dentro de um saco plástico. Fui na verdade visto com indiferença por parte dos outros três passageiros. Uma viagem de barco levaria sete dias. Seriam quase quinze longe da Vila. E o colégio na segunda? Voltaria no domingo à tarde.
Passaríamos por Manaus sem que, no entanto, pudéssemos parar. Meu sonho era também conhecer aquela que foi o grande símbolo do período áureo da borracha. Ouvia falar de poetas e escritores que criaram um clube literário em uma praça pública. Nada de miséria, invasões de terra, migrações sem controle e um permanente estado de sítio. Sempre tive Manaus como a grande antítese desta cidade.
Aquela paisagem já me era conhecida de leituras e de reportagens de televisão. Se para Gagarin a Terra é azul, para mim a Amazônia é cinza. Saíam, da floresta alagada, daquele labirinto hidrográfico estimado em quatro milhões de quilômetros quadrados, espessas nuvens de fumaça que se estendiam por quilômetros. Áreas e áreas de terras de- vastadas, segundo o piloto, para a pecuária; segundo o outro comparsa, para a extração ilegal de madeira a ser vendida para o exterior a preço de ouro. Não cabem aqui mais descrições ou proposições sobre o que já chamaram de questão amazônica. Minhas causas, pelo menos por enquanto, eram outras. O destino do professor Lucas fez-me mudar de opinião. Seria desonra demais aposentar-se pela rede pública de ensino e voltar àquela instituição como vendedor de pipoca.
Não aterrissamos no aeroporto de São Gabriel da Cachoeira. Seria um erro capital. Um extenso terreno, também chamado de campo de aterrissagem, era o berço dos peque- nos bimotores usados no transporte de cocaína para a Vila. Não se tratava de profissionalismo. Era uma questão de bom senso. Certa vez fui ao quartel da Polícia Militar no bairro de Petrópolis visitar um amigo preso. O professor-policial transformou o seu fusquinha em cocaína e, na viagem de volta, o idiota resolveu desembarcar no Joãozinho, área de embarque e desembarque anexa ao Aeroporto Internacional Antônio Gonçalves Dias. Mal desceu do avião já foi sendo apedrejado para uma viatura da polícia. Encontrei-o tempos depois como agricultor num ramal do Rio Preto da Eva. A grande barba escondia o passado e também a vergonha. Mas o problema é que o pequeno campo em que aterrissamos ficava a duas horas da sede do município. Passamos por trilhas, igarapés e por diversos acidentes geográficos que constituem o relevo amazônico. Uma velha brasília já nos aguardava num determinado trecho com sacos de farinha, frutas e galinhas. Em princípio não entendi nada. Mas explico: tinhamos de entrar na pequena cidade como agricultores. Parecia coisa de filme. As roupas que tivemos de usar eram mais modestas. Isso tudo poderia ter inúmeras justificativas. Para mim, entretanto, não passava de uma grande bobagem. Numa cidadezinha do interior, todos se conhecem. Estava ali, pois, para cumprir ordens e não me assistia o direito de questionar absolutamente nada.
A sede do município lembrou-me aqueles filmes norte-americanos sobre o Camboja. Uma intensa movimentação de tropas do Exército brasileiro pelas ruas tomadas pela lama. Uma coisa também chamou minha atenção: os quase vinte e cinco mil habitantes formavam a população predominantemente indigena e já acostumada à presença dos militares. Conhecia alguma coisa acerca daquela cultura. O abuso sexual cometido por militares veio-me logo cabeça. Sabia também que São Gabriel da Cachoeira era uma das rotas da cocaína vinda da Colômbia, a exemplo de outras cidades como Tabatinga e Benjamin Constant. A verdade é que a Amazônia brasileira ainda está muito longe de ser protegida. Suas fronteiras são imensas, e o tal projeto Calha Norte desapareceu como mais uma das boas intenções do governo brasileiro, que continua tratando a Amazônia como um arraial. Os jornais anunciavam a implantação de um sistema de vigilância para a região. Discussões à parte, aquela cidadezinha era retrato de um País pobre sem um projeto nacional.
O bairro ficava afastado. Uma pequena barbearia servia de fachada. Passamos por uma extensa ponte de madeira que nos levou a um terreno baldio. Atravessada a ponte, chegamos a uma casa de alvenaria com um grande muro e muitas plantações. Um grande portão de ferro foi aberto no ritual da chegada. Ofereceram-me um pequeno sofá logo à entrada da sala de visitas. Jonas, o piloto, foi chamado a um outro cômodo da casa. E eu ali fiquei. Cinco minutos depois Jonas sai com uma bolsa e pede que o acompanhe. Passamos a noite num pequeno hotel na área central da cidade. Jantamos jaraqui frito com baião de dois. Acomodei-me num quarto que dava de frente para uma igreja. Jonas escolheu o dos fundos. Quase que não durmo à noite, pois intensos eram os gritos de uma mulher vindos justamente do quarto do meu comparsa. Ali, naquela cidadezinha da fronteira, também havia prostituição. As caboclas atendiam as exigências não somente dos militares mas também dos visitantes. E, enquanto o piloto saciava sua sede com a ticuna, eu me lembrava da minha ex-colega da faculdade. Foram quatro anos de platonismo. No dia em que decidi confessar o meu amor, ela me convida para o seu casamento na igrejinha do Conjunto Dom Pedro. E hoje, sem ter mesmo com que entre- ter o tempo, resta-me recordar algumas passagens da minha vida acadêmica. Ceide não passou de uma grande utopia. As matas do campus universitário nunca receberam a nossa visita. Dizia-se que casais mantinham relações sexuais nas inúmeras trilhas da área pertencente à universidade. Uma vez quase me masturbo no banheiro do bloco L ao vê-la chegar de saia e blusa de decote. Na verdade nunca houve nada entre mim e a filha daquele açougueiro do Bairro das Pedreiras. Mas o mundo dá muitas voltas. Um dia ainda sentirei o sabor daquele corpo. Se ficar aqui confinado durante vinte anos, ainda terei quarenta e cinco, o suficiente para um homem atualizar todo um passado. Certa vez, num programa de rádio, um apaixonado ao extremo, morador do Bairro do Cristo Redentor, mandou um recado para uma moça Palmares, dizendo que, se Leonardo da Vinci, porque eles não podiam dar uma. Uma declaração meio de mau gosto, mas que podia muito bem se aplicar ao meu caso.
Às cinco horas da manhã, já estávamos de volta. Novamente a velha brasília. Não achei mais tão distante o percurso entre a cidade e o local em que tínhamos aterrissado. Só um grande temporal novamente me lembrou os filmes norte-americanos. Já passavam oito horas daquela manhã de domingo quando o pequeno avião levantou voo. Mais uma vez o labirinto hidrográfico, as grandes áreas de- vastadas, os questionamentos que continuam sem respostas. Ao meio-dia já podíamos avistar Manaus, a grande cidade do Norte do Brasil. De Manaus só tinha boas notícias, exceção feita à lixeira pública. Ninguém é perfeito. Posso até estar exagerando, mas seria possível sentir às alturas o cheiro insuportável da lixeira pública à beira da estrada AM-010. Aquela grande podridão só podia ser chamada de aterro sanitário na concepção de administradores irresponsáveis. Mas estava realmente por fora de todo o percurso. Pensei, pois, que fôssemos aterrissar no aeroclube. Uma pequena pista a cerca de cinco quilômetros da área do Tucumã serviu-nos de campo de aterrissagem. Um carro de cuja marca não me lembro no momento levou-nos para a cidade. Antes, porém, entramos num sítio nas proximidades da área da Portal da Cidade, construção monstruosa somente para dar dinheiro para as empreiteiras. E foi então que avistei o professor Ernandes, que se dirigiu ao carro, que parou à entrada da propriedade. A conversa não durou mais que cinco minutos. Jonas passou-lhe os exatos vinte quilos de cocaína pura. Ernandes, reportando-se a mim, disse:
– Seja bem-vindo!
Em seguida, passou-me um envelope que abri somente à noite, já de volta à velha casa. O mesmo carro me deixou na Avenida das Palmeiras, nas proximidades da feira coberta, no Bairro dos Laminados. Nos quase vinte minutos que levei até a Vila da Sopa, seguindo a pé pela São Pedro, fiz-me uma série de perguntas. É bom que se diga que o serviço foi fácil demais. Entretanto, por que o próprio Ernades não realizou? Também não entendi muito bem as palavras dele, dando-me boas-vindas. Estava felicitando-me pela chegada ou pela seriedade com que cumpri minhas atribuições? A conclusão a que somente agora chego é a de que Ernandes, pelo menos depois que aceitei fazer parte daquele jogo, não me depositava muita confiança. Para quem faz parte do tráfico ninguém é de confiança. Anos depois da morte daquele meu amigo pelos traficantes a que servimos tive a resposta. Tânia, a irmã dele, contou-me. Foi a forma que ele encontrou para ajudar-me. Tinha pena de mim. Aquele professor idealista, responsável, que declamava os poemas de Drummond e Fernando Pessoa, deixando a classe em estado de graça. Tânia havia-me dito a verdade. O envelope que Ernandes me passou tinha o pagamento do serviço. Era quase um ano do meu salário de magistério. Era dinheiro que não acabava mais. Troquei as velhas tábuas da cozinha. Comprei um fogão de quatro bocas. Fui a uma loja de eletrodomésticos e também paguei a vista uma moderna máquina de datilografia, que não pude trazer para este cárcere e usar para escrever estes relatos. Também pude, por meio de um primo, mandar quase um salário-mínimo para a minha velha mãe lá no município de Iranduba.
Não estava cansado da viagem. Só um pouco enjoado, afinal de conta aquele pequeno avião, consoante já disse, mais parecia um corcel setenta e três. Mas também não podia cair na cama como um morto. Tinha atividades do colégio para atualizar. Havia, sobre a pequena mesa de trabalho, mais de duzentas avaliações que deveriam ser entregues na segunda. A surpresa da noite foi, a distância, ver a casa com as luzes acesas. Quem poderia ser se apenas eu possuía a chave? Era a Carol, a filha da dona Candinha. Forçando as tábuas da cozinha, conseguiu entrar e me preparar uma recepção digna de uma pessoa importante. Vasos de flores sobre a mesa. Ainda encontrou no refrigerador um frango congelado e pôde preparar um prato requintado. No toca-disco movido a manivela colocou um vinil de Raul Seixas com a sua metamorfose ambulante. As razões que a levaram àquela invasão de domicílio foram as mais diversas possíveis. Os problemas familiares sobressaíam-se. No entanto, tinha aquela empregada doméstica um profundo desejo de manter comigo um relacionamento, um caso, um romance, algo desse tipo. O problema é que não tinha o menor interesse de manter um relacionamento com aquela
jovem. Não pelo fato de ser empregada doméstica. Ainda esperava por Ceide. Uma paixão crônica, doentia, até certo ponto descabida. Seria justo ela viver embaixo de outro homem, e eu naquela antiquíssima masturbação mental? Por que não assumir um compromisso sério com Carol. Às vezes o homem procura, procura e faz-se de cego. O jantar, por outro lado, foi maravilhoso. Depois nos conhecemos a noite inteira. Achei aquela moça mais experiente. A mulher puritana que conhecia transformou-se num verdadeiro vulcão. Implorava sexo oral. Exigia que eu ficasse de pé na cama; ela, de joelho. Já se disse que a mulher possui várias armas para conquistar um homem. O corpo é a maior de todas. Hoje Carol é a única pessoa que ainda me visita nesta prisão. As visitas já não são tão íntimas. Mas é a única pessoa. Ninguém está exatamente só. E não estou invocando a Deus. Há sempre alguém por perto disposto a nos dar a mão. E Carol me é essa pessoa. Continua trabalhando em casa de família e preparando-se para o exame vestibular a se realizar no mês de dezembro. Uma mulher de luta. Comprou um terreno numa área alagadiça conhecida por Jaraquizal. Pretende ali construir um pequeno barraco que, segundo ela, será nossa residência depois da minha saída deste infortúnio. Tem ainda acompanhado o meu caso de perto e lutado para conseguir um advogado.
Quase um ano de salário de magistério em apenas dois dias de trabalho. Quão generoso estava sendo o professor Ernandes! Ele próprio poderia ter realizado o serviço. Não obstante o ato de solidariedade, em conversa com outros presos, descobri que estava correndo o maior risco. O trans- porte mais seguro de cocaína vinda da rota do tráfico era por embarcações, apesar dos sete dias de retorno. E era exata- mente esse o roteiro de Ernandes. Enquanto eu transportava por bimotor cocaína de São Gabriel da Cachoeira, meros três quilos, ele, com toda a cúpula, descia o rio Solimões, saindo de Atalaia do Norte, fronteira com o Peru, e passava por Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo de Olivença, com parada em Codajás, onde, além da troca de mercadorias,
comia um guisado de tartaruga na casa de um pecuarista, que de criador de gado só tinha o passado. O seu negócio mesmo era agenciar garotas de programa para os garimpos clandestinos nos inúmeros subafluentes do Solimões. Muito rio, muita água e muita droga. O desembarque era feito nas proximidades da Praia do Tupé. Os cuidados chegavam aos extremos: postas de pirarucu, peixe salgado, melancia, o fundo falso da embarcação, tudo servia de esconderijo para o carregamento que variava de trinta a sessenta quilos. Havia os recém-admitidos no mundo do crime que já tinham uma certa experiência. Eu, ao contrário, era um neófito naquela atividade, aliás, um verdadeiro ignorante. Não sabia, por exemplo, que um quilo de cocaína pura poderia ser trans- formado em três ou até cinco quilos, adicionando-se giz, maisena, trigo e outras substâncias que não prejudicassem muito a qualidade do produto. Apenas sabia que o negócio envolvia rios de dinheiro. Para se ter uma noção, cada quilo de cocaína pura podia ser transformado no valor de dois carros populares zero quilômetro, apesar dos diversos intermediários, que iam do produtor, passando pelo atravessador, que era o meu caso, chegando ao fornecedor e indo desaguar no “avião”, que leva a droga ao usuário por meio do papel de pó, por meio da vidreta. Observando bem a hierarquia, no meu posto, eu era intermediário. O mesmo de Ernandes, de quem eu era uma espécie de empregado, que, por diversas vezes, me elogiou pelo trabalho sério que vinha desenvolvendo dentro da organização. Realizei mais de vinte viagens a São Gabriel da Cachoeira, outras cinco a Tabatinga, umas dez a Boca do Acre, e tudo ocorreu maravilhosamente bem. Tantos foram os envelopes que ele me entregou.
Foi também Ernandes que me levou para conhecer as casas de programas desta cidade. Até que ponto chegamos: uma pacata cidade com casas de programas abertas à população e vizinhas das autoridades. A que mais chamou minha atenção foi uma localizada na Rua do Orquidário, no centro da cidade. Parecia coisa de cinema. Conhecia o swing como movimento rítmico, tipo de música e dança, o balan-
ceio propriamente dito. Mas naquela noite conheci o swing erótico. Uma dançarina no palco chamava um dos homens da plateia para manter relações com ela, ali, na frente de todos. Um verdadeiro filme pornô. Sentamo-nos a uma mesa, e outra dançarina se aproxima ensaiando a dança do ventre. Os seios de fora. O short entrando pela bunda. Bonita mulher. Talvez mãe solteira. Talvez casada. Porém prostituta. Uma profissional do sexo. Tive vontade de levar uma para o serviço de quarto que funcionava no local. Aliás, tive vontade de levar duas. Na mesa ao lado, uma, de joelhos, abocanhava o pênis de um figurão que se contorcia na cadeira. Reconheci Paula, uma aluna do segundo ano acadêmico, que abandonou o marido, que a espancava, para fazer programas na noite. Meses depois os jornais noticiaram a morte de uma garota, que tinha sido assassinada num luxuoso apartamento na Avenida Djalma Bragança. Tantas foram as nossas visitas àquelas casas noturnas, que nunca me saiu da cabeça o desejo de levar duas mulheres para a cama. Ainda frequentei a escola por todo o primeiro bimestre. Já não tinha mais problemas financeiros. A miséria, pelo menos por enquanto, tinha acabado. A velha casa passou por uma pequena reforma, comprei algumas estantes de ferro para organizar o acervo, enfim, fiz algumas melhorias naquele palacete.
– Um homem chamado trabalho – brincou Carol em uma de suas idas àquela residência. Trouxe frutas e alguma comida. Suas calças já mandei pra costureira.
Obrigado – disse sorrindo. Essas lembranças agora me vêm à cabeça. Foi nesse dia que a chamei de amor. Foi nesse dia que pensei em constituir uma família.
Continua na próxima edição…
*Francisco Soares Calheiros (1968-2020) foi um poeta e servidor público de Itacoatiara, Amazonas, conhecido por sua dedicação à educação e ao próximo. Nascido em uma família humilde, mudou-se para Manaus na adolescência, onde enfrentou dificuldades financeiras, chegando a dormir debaixo de uma ponte. Trabalhou em diversos “bicos” até conseguir ingressar na universidade. Inicialmente, sonhava em cursar Medicina, mas optou por Letras, influenciado pelo poeta Thiago de Mello. Calheiros foi um dos fundadores do Fecani-Festival da Canção de Itacoatiara e atuou como jurado no concurso de poesia do festival. Foi servidor público e dedicou-se a melhorar a educação, muitas vezes usando recursos próprios para reformas e compra de livros. Publicou três livros e deixou seis manuscritos prontos para publicação. Na área do Direito, destacou-se por conseguir o medicamento Zolgensma para pacientes com Atrofia Muscular Espinhal (AME) no Amazonas. Infelizmente, faleceu antes de ver a pequena Isadora, por quem lutou, receber o tratamento.
Fundou a Academia Itacoatiarense de Letras em 2009, Ele e sua esposa, Olívia, realizavam “viradões” de estudos para ajudar alunos de Itacoatiara a se prepararem para vestibulares, trabalho que ele fazia voluntariamente. Sua vida foi marcada por um profundo compromisso com a educação e a cultura, sempre buscando ajudar os mais necessitados e contribuir para o desenvolvimento de sua comunidade.
Views: 1