Manaus, 21 de novembro de 2024

Que verdade é essa?

Compartilhe nas redes:

J. R. López*

Hoje eles podem nos prender, Podem até nos matar.

Mas amanhã nós voltaremos, E aí seremos milhões…

Honestino Guimarães.


Muito se tem falado e escrito a respeito da Comissão Nacional da Verdade  criada por decreto presidencial no dia 18 de novembro de 2011 e instalada em 16 de maio de 2012 com 7 membros, nomeados para um mandato de dois anos, com a finalidade de identificar as atrocidades cometidas pelos agentes do Estado e preparar um relatório público para saldar uma dívida com a sociedade democrática brasileira.

Gilney Viana está fazendo palestras em todas as universidades brasileiras, onde, geralmente, encontram-se presentes lideranças, intelectuais e entidades da sociedade civil organizada, cujo alvo é instalar um comitê em cada cidade com o objetivo de investigar em cada Estado as violações dos direitos humanos para passar a limpo nossa história, apurando as ações cometidas entre l946 a 1988, período que inclui as décadas da destruição, que fez nascer em nosso país, a geração do silêncio e, mais, a Comissão da Anistia (1995) e a Comissão de Mortos e Desaparecidos, de 2002.

Em primeiro lugar, os meios de comunicação falam, aqui, em Thomás Meirelles (Parintins), mas somente com o grito do indigenista Egídio Schwade é que veio à tona, o massacre sobre os Waimiri-Atroari, um verdadeiro etnocídio cometido em nome do Estado, em nossa região.

Omissos não são somente aqueles que calam e consentem, mas, também os que deixam, articulam ou permitem o “trem” passar pelos Trilhos da História, sem resgatar a memória brasileira. Ainda não me deram espaço para falar na agremiação sindical a qual sou filiado, pois a pauta que domina a agenda, além de outros temas, são estes dois.

Menino humilde de família numerosa, mas inteligente e corajoso, ele deixa sua terra natal, sob o choro de seus pais e dos irmãos, para estudar na capital e ser alguém na vida. Conhecido pela organização das lutas, logo arranja um emprego e é reconhecido como um líder valoroso, por representar a unificação dos pleitos em congressos brasileiros, sendo eleito presidente de sua entidade sindical no estado de origem.

Pela ação colaborativa de seu mister, e entre seus companheiros, é guindado a tesoureiro, bem representando a Amazônia no cenário nacional de sua categoria profissional, no Rio de Janeiro, sede das manifestações populares contra o regime de exceção. Os estudantes, operários e intelectuais saiam às ruas para dar uma resposta organizada da unidade na luta de todas as classes sociais, contra o poder.

Amigo  pessoal de João Goulart – primeiro presidente com ideias socialistas do Brasil -, residia em num arranha-céu, em Botafogo, onde à noite, após as deliberações de sua classe, deleitava-se com aquela enseada límpida da Cidade Maravilhosa do Cristo, aquele mesmo que está com os braços abertos pedindo paz, o redentor de todas as misérias humanas, inclusive a da inexistência das liberdades democráticas perpetradas pela ditadura.

Morreu há oito dias da instalação do regime de repressão, em nosso país.

Sua morte é considerada misteriosa. As circunstâncias em que o fato ocorreu nunca foram esclarecidas. O regime tenta fazer crer que foi um suicídio e ele tenha se jogado do alto do prédio do Iapetec. Segundo o historiador, escritor e acadêmico Silva, talvez ele tenha sido uma das primeiras vítimas do Golpe de 64.

Recebeu homenagens simples, como é a destinada aos homens de fibra do interior, mas significativas e de alto valor para a preservação da memória da nossa gente as quais estão encravadas em solo brasileiro.

Sua categoria profissional, para lembrar a luta desse operário dos portos, cravou seu nome em prata, numa placa de fundo preto, visível à primeira vista de quem entra na entidade sindical a qual presidiu. A confederação da categoria a qual tanto defendeu, escreveu seu nome na porta da biblioteca no Rio e, Manaus, elegeu sua exemplar história de vida, para dar nome a uma escola estadual.

Todas as vezes que teu nome for pronunciado, teu povo vai responder:

– Presente!

Amanhã quando a população eleger um estadista para administrar o município onde nasceu, sem dúvida, será construído o Panteão da História, em que ocuparás um lugar de destaque.

Antogildo Paschoal Viana, Itacoatiara até hoje chora tua morte.

 

*É Professor Ministrante do componente curricular de História,

no Centro de Mídias. Nasci em Itacoatiara.

Views: 20

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques