“A Amazônia não pode continuar sendo tratado como exceção ou passivo. Ao contrário: a floresta em pé, a ciência aplicada, a industrialização limpa e o conhecimento dos povos amazônicos devem ser reconhecidos como ativos centrais do novo ciclo de desenvolvimento nacional.”
O seminário que realizamos em Manaus sobre Qualidade do Gasto Público e Melhoria do Ambiente de Negócios não é apenas mais um evento – é um sinal e uma tomada de consciência. Um gesto político e técnico de que o Brasil precisa, com urgência, avaliar com clareza e objetividade sua virada de chave em relação à Amazônia. A hora é agora. E este evento tem os elementos necessários para um encaminhamento de brasilidade e mudança.
O setor produtivo industrial será representado pelo titular do Conselho do CIEAM, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas, empresário Luiz Augusto Rocha. O CIEAM realiza, há mais de seis anos, os Diálogos Amazônicos, com suporte da Fundação Getúlio Vargas e os atores estratégicos do desenvolvimento regional/nacional sustentável, liderando uma interlocução persistente com o propósito de integração produtiva e efetiva.
Amazônia não pode continuar sendo tratado como exceção ou passivo. Ao contrário: a floresta em pé, a ciência aplicada, a industrialização limpa e o conhecimento dos povos amazônicos devem ser reconhecidos como ativos centrais do novo ciclo de desenvolvimento nacional. Mas isso exige planejamento real integrado, gasto público inteligente e, sobretudo, infraestrutura estratégica.
Durante o ciclo da borracha – quando a região contribuiu com 45% do PIB, Manaus foi centro global de exportação e inovação. Hoje, o Polo Industrial de Manaus (PIM), base econômica da região, enfrenta desafios logísticos que limitam sua competitividade e sua contribuição plena à consolidação da bioeconomia e à transição energética global. A boa notícia é que o cenário internacional mudou.
Ciclo da borracha/ coleta do látex – Foto divulgação
A disputa EUA x China está reconfigurando as cadeias produtivas globais, o acordo Mercosul–União Europeia abre novas janelas de oportunidade e a demanda por produtos sustentáveis com rastreabilidade ambiental cresce exponencialmente. A pergunta é: o Brasil está pronto para incluir a Amazônia neste jogo?
Se estivermos falando sério sobre o futuro, precisamos de logística integrada que conecte rios, portos, corredores bioceânicos e dados. O Amazonas – responsável por 30% do PIB de toda a região Norte – deve deixar de ser visto como ponto final e tornar-se um hub verde de exportação e inovação, servindo a cadeias globais que valorizam clima, biodiversidade e tecnologia limpa.
Essa infraestrutura – rodo fluvial, digital, energética e institucional – será a base da diversificação, adensamento e internacionalização da economia sustentável da região. E não se trata apenas de logística econômica. É também logística de soberania, de cidadania e de pertencimento nacional.
Se queremos um país mais equilibrado, justo e preparado para o século XXI, precisamos olhar para o Norte com responsabilidade e estratégia. O CIEAM seguirá contribuindo para esse debate, defendendo soluções concretas, baseadas em evidências e na potência real da Amazônia para o Brasil e para o mundo.
Views: 2