Manaus, 19 de agosto de 2025

Recordações da “Jaqueira”

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Anuncia-se a realização do “2º Café da Manhã Sentimental” da “Jaqueira”, para o dia 18 de setembro, a partir das 7,30 horas, na Praça dos Remédios, com participação de ex-alunos e simpatizantes do movimento que articula esforços para restaurar o prédio da Faculdade de Direito do Amazonas.

O empreendimento é liderado pelo conceituado advogado Júlio Antônio Lopes com apoio da comunidade jurídica. É reconfortante a informação da UFAM de que medidas foram tomadas para reforma emergencial e elaboração de projeto restaurador.

Há informes de que a designação “Jaqueira” seria porque havia anteriormente uma árvore no local da faculdade. Não testemunhei a jaqueira, mas presenciei por longos anos o benjaminzeiro existente na calçada, e em sua sombra a banca de engraxate do Jatobá, que fazia papel de réu nas sessões de júris simulados.

Seu Salão Nobre realizou sessões inesquecíveis com palestras, debates de teses forenses, aulas memoráveis, concursos de oratória e reuniões culturais.

Confesso dever à Faculdade de Direito do Amazonas uma intensa atividade jurídica exercida: professor, advogado, promotor e procurador de Justiça do Ministério Público do Amazonas, além de juiz e desembargador do Tribunal de Justiça de Roraima.

Cada ex-aluno é testemunha do seu período do curso, podendo relatar fatos marcantes e a saudável convivência com seus colegas de turma. Sobre este tempo é que gostaria de rememorar.

Integramos a turma de 35 concludentes de 1968, num período de vestibulares rigorosos, e que éramos obrigados a conviver com os mesmos colegas durante os cinco anos do curso e na mesma sala, sendo os homens obrigados a assistir às aulas de paletós e com frequência obrigatória controlada.           O Professor de Direito Civil José Lindoso passava questionários no fim de semana para serem estudados e discutidos na aula da segunda-feira. Era outra época, tais exigências hoje não seriam admitidas.

Com desculpas pela omissão, relembro algumas figuras marcantes da turma: Começo com Mário Jorge Góis Lopes, uma das maiores expressões da nossa cultura jurídica, merecedor de elogios públicos do ex-ministro do STF Eros Roberto Grau; Roberto Gesta, um dos melhores alunos, mas sempre apaixonado pelo esporte tornou-se o maior colecionador de objetos esportivos do mundo, sendo proprietário de uma Galeria Olímpica e presidente da Confederação Sul-Americana de Atletismo; como nomes na magistratura, tivemos Ary Brandão, João Valente, Eduardo Penna Ribeiro, Francisco Assis Leite; como procuradores cito Benito D’Antona e Frânio Lima; na advocacia temos Sílvio Miranda Leão e Marita Monteiro, como reitor tivemos Roberto Vieira, e como conselheiro do TCE foi colega o Aluízio Cruz.

Fomos contemporâneos de uma sessão inesquecível de Júri Simulado, colocando em tribunas opostas os ainda estudantes Luís Augusto Machado e Felix Valois Coelho Júnior, com atuações fulgurantes de oratória e argumentação jurídica competente, deleitaram uma ávida plateia, em época em que júri era atração popular. Valois venceu com sua tese, para mim o maior tribuno da advocacia criminal, sem desmerecer outros grandes advogados.

Que as forças vivas da comunidade se aliem e sejam superadas as dificuldades e eventuais obstáculos para preservar a integridade de tão significativo imóvel público, e que lhe seja dada uma destinação social relevante, compatível com a sua história e seu simbolismo.

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