Manaus, 21 de novembro de 2024

Rio que jorra ouro

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A Educação é tão importante para os orientais que o único profissional para o qual o Imperador Hirohito, do Japão, faz reverência de respeito é para o professor. O poeta Thiago de Mello a convite de Agostinho Neto (1922-1979) participou de uma festa nos jardins do palácio na década de 70 e vira-se para o presidente angolano querendo saber para onde teria enviado as crianças e os professores, na guerra civil angolana que arrasou o país. – Eu os enviei para o interior da floresta, protegendo e livrando-os dos guerrilheiros, objetivando formar uma consciência nacional.

Entretanto no Brasil as três esferas governamentais violentam a categoria em sua dignidade e a sociedade os espanca, através de desembargadores quando negam seus direitos e até os ameaçam prender, mesmo sabendo que vivemos um estado democrático de direito. A insensibilidade é tanta que até conselho tutelar emite nota pública contra os mestres, a profissão que pedagogicamente formou tais sujeitos.  Mas é José Bernardino Lindoso (1920-1993), ilustre filho de Manicoré, quem é considerado o melhor governador para a classe magisterial do Amazonas. Era um democrata…

A partir da ação transformadora do laboratório coariense em case de sucesso, com uma carga elevada do padrão de excelência, houve uma determinada melhora da recepção, compreensão e qualidade de ensino ministrada aos professores que, famintos de saber, enfrentaram uma jornada diária de 10h dedicadas pedagogicamente ao aprendizado das metodologias e conteúdos informativos. Após a conclusão, adaptaram da melhor maneira para formar estudantes em cidadãos nos diversos municípios dos quais representavam na Licenciatura Plena em Pedagogia. A sala era o centro de debates, um fórum dos intelectuais que faziam reflexões a respeito contribuindo e colocando a teoria na práxis.

O doutor Marcus Luiz Barroso Barros (1989-1993) foi o 2º reitor eleito democraticamente, responsável para colocar em prática o projeto de interiorização da Universidade. Os itacoatiarenses formaram uma comissão de implantação que colheu mais de 15 mil assinaturas para honrar a luta dos garotos, verdadeiras lideranças estudantis, considerados revolucionários pela imprensa manauara que foram a capital e fizeram discursos e shows, transformando algumas praças e vias da cidade em um CPC – Centro Popular de Cultura, na década de 60. Os comícios eram estratégicos, geralmente em frente aos palácios.

Esse barulho foi tão grande reivindicando o ensino superior para o interior do Estado que o Presidente da República com urgência urgentíssima enviou Jarbas Passarinho, Ministro da Educação, para uma reunião com aqueles gênios atormentados de Serpa, intermediada pela professora Josephina de Mello, diretora da Escola de Enfermagem de Manaus. Daí talvez o adágio popular que diz que toda universidade em Itacoatiara, tende a ser vermelha…

O erro das lideranças da turma de Pedagogia, em Coari, ocorreu, sem dúvidas, em função das circunstâncias de cada grupo de docentes ansiar pela instalação de polos universitários próximos aos seus municípios, quando o certo seria lutar por um Mestrado e o Doutorado em seguida. Entretanto o rio que jorra ouro mostra o Mapa do Caminho outra vez aos sonhadores que foram os atores sociais principais na História da Educação no interior da Amazônia.

No dia 2 de agosto Coari, o rio que jorra ouro, completou 87 anos de foros de cidade registrados pela historiografia brasileira. Todos os munícipes amazonenses se congratulam com esse povo acolhedor, solidário, hospitaleiro e cosmopolita que recebe a todos de braços abertos. Que Nossa Senhora de Sant’Ana, padroeira do lugar e o Cristo Redentor, ilumine e abençoe a todos nós. Amém.

Parabéns Coari você pulsa eternamente em nossos corações!!!

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