Não faz muito, dentre os vários artistas de valor que despontaram na arte cinematográfica em Manaus, em geração mais recente ao tempo ou pós “Amazonas Film Festival”, um, desde logo se destacou e, seguidamente, foi ampliando horizontes e realizando sonhos, seja quando assessor da Secretaria de Estado de Cultura dando-me o prazer de sua convivência diária, inteligente e sagaz, seja adiante quando ganhou asas e partiu para voos solo mundo afora.
Inquieto, competente, apaixonado pelo cinema, desenho, fotografia e música, foi dele a ideia dos salões de Humor que realizamos e ampliaram interesses e vocações de aficionados por essa arte muito particular da qual o País conhece verdadeiros gênios.
Nos últimos anos, são dele os mais importantes filmes em longa-metragem de criação amazonense, os quais estiveram em grandes festivas como os de Berlim e Brasília, além de ter criado e dirigido curtas e documentários muito bem recebidos pelo público e pela crítica especializada.
Resultado de seu trabalho, foram muito aplaudidos: “A Floresta de Jonathas”, “Antes o tempo não acabava” e “A terra negra dos Kawá”, sempre com sua marca de diretor, roteirista, produtor e até mesmo compositor como sucedeu no caso de “Kawá”, atuando com habilidade, esmero e entusiasmo de quem descobre o quanto de belo pode ser exposto nas telonas e telinhas na contação de histórias bem desenhadas e que emocionem o público, reunindo equipes bem escolhidas e igualmente apaixonadas.
Novo sucesso vai chegar às telas brasileiras com jeito e cara amazonense, desta feita com o filme “Iluminação”, neste 2025, aproveitando os referenciais e locações dos municípios de Presidente Figueredo, Iranduba e da região redescoberta de Paricatuba com suas ruínas que traduzem dor e sofrimento, prisão e angústias que não acabaram com o tempo, pois estão encrustadas nas colunas e paredes de pedra que permanecem como testemunho desse passado triste e não tão distante.
Fiel aos amigos e com amigos fiéis na mesma arte de bem criar o belo, Sérgio Andrade preparou tudo e, com Zeudi Souza e Flávia Abtibol à frente do set com mais de 50 outros profissionais que sabem muito bem como construir um trabalho de alto nível, vai realizar novo sucesso. Agora, essa equipe faz ressurgir o cenário de 1908, pois a trama se passa em pleno período de ouro da economia da borracha, dos esbanjamentos dos senhores dos seringais e depauperação de seringueiros nordestinos levados quase sempre ao tronco como escravos para a extração do látex nos rios distantes da capital que se alimentava de libras esterlinas.
No passado mais distante rendemos homenagens a Silvino Santos, depois a Djalma Limongi Batista, Márcio Souza, Roberto Kahane, Antônio Calmon, Aurélio Michiles, Luiz Maximino de Miranda Corrêa e muitos outros, como símbolos de uma geração dedicada ao cinema, e, na atualidade, entre tantos valores Sérgio Andrade se destaca sem constituir demérito a nenhum outro, mas carregando consigo a luz própria de seu talento valioso.
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