Sempre me pareceste, Tiradentes,
a figura de Cristo.
Aquela barba e os cabelos longos,
aquele olhar profundo e penetrante,
um olhar que vê longe.
Semelhante, porém, não só fisicamente.
Como a Cristo,
moveu-te um ideal:
libertares teu povo.
E, assim, como Cristo,
assumiste, sozinho, a sentença de morte:
“O culpado sou eu. Deixai sair os outros”.
Como Cristo entendeste, herói grandioso,
que o grão de trigo tinha de morrer,
para um dia dar fruto.
Subiste ao cadafalso
como quem sobe o Monte do Cal vário.
E de cima da cruz – que era tua forca -,
pudeste vislumbrar
o triunfo do Sete de Setembro,
a glória de uma Pátria livre e forte.
Foi a Glória da Páscoa que tu olhaste!
Ressurgiste na Pátria que desejavas liberta –
grão de trigo que morre e assim dá fruto.
No momento supremo tu miraste
o exemplo do Cristo,
e tu ressuscitaste!
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