Manaus, 21 de novembro de 2024

Tiradentes, outro Cristo

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Sempre me pareceste, Tiradentes,
a figura de Cristo.

Aquela barba e os cabelos longos,
aquele olhar profundo e penetrante,
um olhar que vê longe.

 

Semelhante, porém, não só fisicamente.
Como a Cristo,

moveu-te um ideal:

libertares teu povo.

E, assim, como Cristo,

assumiste, sozinho, a sentença de morte:

“O culpado sou eu. Deixai sair os outros”.

 

Como Cristo entendeste, herói grandioso,
que o grão de trigo tinha de morrer,

para um dia dar fruto.

 

Subiste ao cadafalso

como quem sobe o Monte do Cal vário.

E de cima da cruz – que era tua forca -,
pudeste vislumbrar

o triunfo do Sete de Setembro,

a glória de uma Pátria livre e forte.
Foi a Glória da Páscoa que tu olhaste!

 

Ressurgiste na Pátria que desejavas liberta –
grão de trigo que morre e assim dá fruto.
No momento supremo tu miraste

o exemplo do Cristo,

e tu ressuscitaste!

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