Manaus, 22 de novembro de 2024

Um poema de natal

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Para Lili

Esta história aconteceu há muito tempo.
Os mateiros andavam pela floresta e viram ali alguma coisa diferente.
Viram um jovem senhor e uma senhora muito jovem
encurvados como se protegessem um tesouro.

Chegaram pescadores que viram nos igapós uma luz diferente,
caçadores acordados com a luz da Estrela d’Alva
e viram aquilo e não sabiam o que era,
pois a noite era escura e ameaçava chuva.

Mas ali estava claro como se estivesse iluminado por uma lâmpada,
dava para ver tudo muito bem,
eram o pai e a mãe de uma criança
que agitava os braços num berço de bambu.

A criança se protegia do frio da madrugada
entre plumas de sumaúma,
num tapiri construído de caibros de madeira
e coberto com palhas de inajá.

Espantados, os pescadores e os caçadores perguntaram-se:
– O que é isso, jamais vimos nada assim no meio da floresta.
Já vimos o fogo fátuo gerado por animais mortos
e o clarão da cobra-grande nadando sobre o rio.

Aí chegou um velho mateiro chamado Simeão e disse:
– Vocês se esqueceram de que hoje é noite de Natal,
noite que inunda o mundo inteiro de alegria,
noite do nascimento de um menino divinal?

E concluiu o velho mateiro Simeão:
– Graças a Deus que os meus olhos viram o seu filho,
agora eu posso virar pó e sei que o mundo vai mudar
em paz, liberdade, fraternidade e amor.

Natal de 2019

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