Manaus, 9 de outubro de 2025

Vultos da Medicina Amazonense

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*Aristóteles Comte de Alencar Filho

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Doutor Rayol era portador do Título de Especialista em Pediatria concedido pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Especialista em Higiene Mental e Psiquiatria Clínica, obtido em 1947 na cidade do Rio de Janeiro. Em 1933, foi nomeado Inspetor do Serviço de Profilaxia e Saneamento Rural do Amazonas. Médico psiquiatra e membro do Conselho de Assistência e Proteção aos Menores; (1938-1953). Chefe do Serviço Médico da antiga Colônia de Alienados “Eduardo Ribeiro”; (1947-1967). Nomeado Conselheiro do Conselho Penitenciário do Estado do Amazonas em 16 de agosto de 1965.

Doutor Rayol lecionou a disciplina de Psiquiatria, no curso de graduação de Enfermagem, Escola de Enfermagem de Manaus, no período de 1954 a 1967. Foi nomeado médico legista da Polícia Civil em 11 de março de 1936. Trabalhou nos hospitais: Santa Casa de Misericórdia, Casa da Criança e Hospital Dr. Fajardo. Foi médico pediatra do SESI e clínico geral na Petrobrás. Em 30 de dezembro de 1965, foi nomeado Diretor do Serviço de Doenças Mentais, da Secretaria de Assistência e Saúde, que era comandada pelo Doutor Alberto Carreira da Silva, no governo do Professor Arthur César Ferreira Reis. Empresta seu nome à Unidade Básica de Saúde Dr. José Rayol dos Santos, da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus.

Faleceu em Manaus, em 19 de março de 1986.7

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Doutor Luiz Monteiro exerceu a especialidade de Pediatria. Em 30 de dezembro de 1965, foi nomeado Diretor do Departamento do Departamento Estadual de Maternidade e Infância, da Secretaria de Assistência e Saúde, que era comandada pelo Doutor Alberto Carreira da Silva, no governo do Professor Arthur César Ferreira Reis. Em março de abril de 1966, participou como bolsista da Organização Mundial da Saúde, do Curso de Especialização sobre Nutrição, na Universidade de São Paulo.

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Doutor Moura Tapajós foi um dos médicos mais admirados pela sociedade amazonense. Recebeu inúmeras homenagens por seus serviços prestados, principalmente à comunidade carente.

Empresta seu nome ao Centro de Atenção Integral à Criança CAIC Dr. Moura Tapajós, que é uma unidade ambulatorial que faz parte do conjunto de unidades que compõe Assistência Especializada da Capital, e tem como objetivo garantir o atendimento à criança e ao

adolescente de 0 a 13 anos 11 meses e 29 dias, com ênfase no manuseio das doenças prevalentes da infância e nas ações de saúde preventiva em sua área de abrangência. Foi inaugurado em 31 de agosto de 2001.

O Doutor Raymundo Moura Tapajós nasceu em Manaus no dia 26 de dezembro de 1915, filho de Virgilio Tapajós e Theotonilia Moura Tapajós. Aos 8 anos de idade perdeu o pai e passou momentos difíceis na infância e adolescência, com a mãe e 4 irmãos. Estudou nos Grupos Escolares Ribeiro da Cunha e Barão do Rio Branco.

O segundo grau foi feito no Ginásio Amazonense Pedro II, onde aos 15 anos completou o curso. Por esse tempo já havia definido a sua vocação: queria ser médico. Ao terminar o segundo grau conseguiu uma passagem na terceira classe do Navio Almirante Jaceguay, fez o vestibular e ingressou na Faculdade de Medicina do Pará aos 17 anos, onde cursou os dois primeiros anos, transferindo-se para a Faculdade de Recife. Em 1938, aos 23 anos, concluiu o curso.

Fez a pós-graduação no Hospital Oswaldo Cruz, em Recife, especializando-se em tuberculose pela Fundação Otávio Freitas, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, onde fez o curso de radiologia no Hospital dos Acidentados da então capital federal. De volta à Manaus e auxiliado por uma equipe, realizou o sonho de fundar o Dispensário Cardoso Fontes, onde atuou como Diretor e Médico, de 1940 a 1964, como voluntário, sem receber qualquer tipo de pagamento. Trabalhou como médico do Serviço de Socorro de Urgência do Estado entre 1943 e 1962. Em 1950, sempre assessorado por sua equipe, fundou o Sanatório Adriano Jorge, hoje Hospital Adriano Jorge, onde foi chefe de clínica e médico durante dez anos.

Trabalhou como médico do Banco do Brasil e chefiou a Clínica da Sociedade Beneficente Portuguesa de 1951 a 1984. Foi médico também da Assembleia Legislativa do Estado, na década de 1970. Em 1982, foi agraciado com a Medalha da Ordem do Mérito do Governo do Estado do Amazonas e em 1997 recebeu a Medalha de Ouro do Mérito Rui Araújo, conferida pela Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas. Naquele mesmo ano recebeu outra honraria do Estado do Amazonas: o título de Vulto Estadual. Em março de 2001, foi empossado na Academia Amazonense de Medicina, como Membro Emérito. Aos 82 anos parou de exercer a profissão, fechando as portas do consultório que manteve durante 50 anos na Rua Lobo D’Almada.8

Doutor Moura Tapajós com sua neta, a médica Mariana Tapajós. Acervo da família.

Doutor Moura Tapajós, em 14.02.2003. Acervo do autor.

Doutor Moura Tapajós. À direita seu filho, o médico Sílvio Tapajós (19.12.1945-9.5.2015).
A sua esquerda seu neto, o médico Luciano Tapajós. Acervo da família.

Em entrevista à jornalista Ana Célia Ossame, para o Jornal do CREMAM, em dezembro de 1993, doutor Moura, que estava com 78 anos de idade e completava 56 anos de formado, contou detalhes de sua vida. Após sua formatura pela Faculdade de Medicina da Universidade do Recife, em 8 de dezembro de 1937, iniciou a profissão trabalhando com doenças do pulmão. Depois fez curso de especialização em Radiologia, e concluiu sua carreira atuando em Clínica Médica. Trabalhou 33 anos no Banco do Brasil onde se aposentou. Foi um dos fundadores do Dispensário Cardoso Fontes, onde trabalhou por mais de 17 anos, sendo que 15 anos de forma voluntária, sem receber salário. Trabalhou durante 17 anos no Pronto-Socorro da cidade de Manaus. Trabalhava em seu consultório de manhã e à tarde, atendendo crianças e adultos, às vezes com mais de 40 pacientes por dia. Relatou que algumas pessoas o criticavam, dizendo que estava ultrapassado, mas sempre realizou cursos de atualização, e seu consultório estava sempre cheio.

No final de década de 1930, a tuberculose era uma doença que matava muitas pessoas. Manaus possuía 120 mil habitantes e apresentava muitas vítimas dessa doença. Vendo aquela situação angustiante, as senhoras da sociedade manauara formaram a Sociedade Amazonense Contra a Tuberculose, que depois tornou-se a Liga Amazonense Contra a Tuberculose que prestava assistência gratuita aos doentes. Foi convidado a conhecer a Liga pelos doutores Kronge Perdigão, Carlos Melo e Djalma Batista que foi o primeiro Presidente dessa Liga. Foi uma grande luta contra essa terrível doença. Foram realizadas diversas campanhas públicas para a criação do Dispensário Cardoso Fontes, que teve o terreno doado pelo então Governador Ruy Araújo. Um fato interessante e histórico, contado por Doutor Moura nessa entrevista, é que nessa época não havia antibióticos e o tratamento da tuberculose consistia no colapso terapia ou pneumotorax. Eles injetavam ar nos pulmões e recomendavam repouso absoluto. “E aí era esperar para ver os resultados”. Embora morressem muitos pacientes, houve muitas curas e na data da entrevista, relatou que ainda conhecia muita gente que havia sido curada com essa técnica. Não havia luz elétrica regular naquela época, e para fazer as radiografias de tórax dos doentes, tinham que combinar com a empresa de energia inglesa, para executar os serviços nas primeiras horas da manhã. Trabalhavam a partir das 4 horas da madrugada para aproveitar a energia.

Falando sobre a dificuldade em ser médico na época de sua juventude, relatou que era de família modesta e com muito sacrifício conseguiu cursar Medicina. Naquela época, os ricos da cidade eram os bancários, comerciantes e militares.

Fazendo uma avaliação da saúde brasileira na década de 1990, afirmou que o povo estava doente porque faltava condições sanitárias, higiene, alimentação e moradia dignas. Não havia destinação de recursos públicos para a promoção da saúde.

Doutor Moura reclamou da comercialização da medicina, afirmando que os médicos estavam mais nos consultórios do que nos órgãos públicos por causa dos baixos salários e das péssimas condições para trabalhar. Esse fato se refletia na qualidade do serviço oferecido à população mais pobre, que não tinha condições de pagar serviço particular.

Perguntado pela jornalista Ana Célia qual era a receita para chegar aos 78 anos com aquela saúde e trabalhando naquele ritmo, respondeu:

“A receita é a honestidade. Ser profissional, exercer a profissão com sinceridade e praticar a medicina honestamente”. [10]

Raro exemplo de dignidade, profissionalismo e honradez. Doutor Moura Tapajós faleceu no dia 21 de abril de 2005.

Inaugurada em dezembro de 2005, a Maternidade Dr. Moura Tapajós é um serviço de urgência e emergência que presta assistência hospitalar à mulher no período da gravidez, parto e puerpério. É a única maternidade mantida pela Prefeitura Municipal de Manaus, sob coordenação e estrutura da Secretaria Municipal de Saúde, e estende suas atividades ao planejamento reprodutivo e ao atendimento às vítimas de violência sexual por meio do SAVVIS.9

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7 As informações biográficas sobre o Doutor Rayol, foram retiradas do livro: 125 Anos de História (1873 – 1998). Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Amazonas. Org. Abrahim Baze, Manaus: Valer, 1998.

8 Fonte: https://www.saude.am.gov.br/unidades-de-saude/caic-moura-tapajos/

9 Fonte: https://www.saude.am.gov.br/unidades-de-saude/caic-moura-tapajos/

Continua na próxima edição…

*Médico cardiologista formado na Universidade do Amazonas. Doutor em Cardiologia pela Fac. Medicina da UNESP/ Botucatu. Fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia. Membro da Academia Amazonense de Medicina e da Academia Amazonense de Letras, da qual é o atual presidente.

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