Manaus, 9 de dezembro de 2023

ZFM, momento de reagir – II

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As dificuldades vividas pelo Polo Industrial de Manaus (PIM) acentuaram-se a partir da  crise mundial de 2008. Desde então o governo brasileiro vem adotando medidas paliativas visando manter aquecido o mercado interno e, por conseguinte, o PIM, na qualidade de maior produtor brasileiro de duas rodas, bens de informática, termoplásticos e eletroeletrônicos. Os dados conjunturais da Suframa e da Sefaz indicam forte tendência de queda da produção local. Novembro deste ano foi o terceiro mês consecutivo em que a arrecadação tributária do estado foi menor que em 2013. Atingiu em setembro (2013: R$ 765 milhões; 2014: R$ 718 milhões); outubro (2013: R$ 771 milhões; 2014: R$ 664 milhões); novembro (2013: R$ 832 milhões; 2014: R$ 819 milhões). Isso em valores nominais, ou seja, sem correção da inflação.

Segundo o economista José Alberto Machado, professor da Ufam, analisando-se mês a mês se constatará que as receitas tributárias de 2014 estão com clara tendência de queda. Em maio registrou R$ 739 milhões, em junho R$ 689 milhões, em julho R$ 636 milhões, em agosto R$: 691 milhões, em setembro R$ 718 milhões e em outubro R$ 664 milhões. Em novembro (R$ 819 milhões) aumentou em relação a outubro, mas, além de ser normal esse pequena subida sazonal, não foi na proporção do ano passado. Não ocorrendo reversão das expectativas, os próximos meses talvez venham a ser piores.

Machado acrescenta que, “sem superintendente no exercício  pleno, os poderes se renovando no planalto e na planície, os líderes políticos locais rachados entre si e os daqui com o planalto, isso tudo indica que a ZFM e Suframa ficarão à deriva e a economia do Estado deverá entrar numa crise séria. Talvez lá para abril ou maio de 2015, quando já tivermos um novo superintendente, as bancadas federais do Amazonas já estiverem atuando, as forças políticas realinhadas, voltemos a tratar da pauta da ZFM e Suframa. Até lá, penso que não faltará noticia ruim. Inclusive para os municípios, já que dependem de FPM (em decréscimo pelo ritmo da economia nacional) e do repasse do ICMS (em contínuo declínio, pois depende da arrecadação tributária do estado)”.

O quadro torna-se ainda mais complexo para o Amazonas devido a circunstâncias macroeconômicas particularmente desfavoráveis. Como a arrecadação tributária do Estado é altamente dependente dos negócios gerados no PIM, em que o PIB (Produto Interno Bruto) de Manaus representa cerca de 82% do estadua, a economia amazonense, sem o Distrito Industrial, praticamente inexiste, situação muito próxima ao panorama econômico vigente no período anterior a 1967. Nesses 47 anos de operações da ZFM praticamente nada foi feito pela União, Estado e Municípios com vistas a reverter o cenário de derrocada herdado da pulverização da economia da borracha a partir de 1912.

José Alberto Machado avança em sua análise ao afirmar: “penso que estamos prestes a viver  a ‘hora mais escura da nossa ZFM’. Embora tenha discutido o assunto com muitos atores importantes e alguns jornalistas e articulistas, parece, contudo, acentua Machado, não se acreditar nessa possibilidade. Portanto, “quando nossas lideranças acordarem já haverá um grande passivo a ser vencido. Rogo aos céus que tal não ocorra e espero que as forças espirituais que protegem nosso amado Amazonas movimentem seus mecanismo providenciais”, concluiu.  O Brasil vive extrema crise de desindustrialização em que muitas empresas cerram portas de fábricas  no País para produzir na China, tornando-se distribuidor no mercado interno de seus próprios produtos. A exploração industrial da biodiversidade, do turismo ecológico, incluindo o do ramo esportivo, e da implantação de alguns polos regionais, como o da construção naval e da industrialização de peixes e frutas tropicais pode se tornar importantes alternativas de médio e longo prazo para fugir a esse cruel determinismo. Feliz Natal a todos.

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