Manaus, 4 de dezembro de 2024

Zona Franca de Manaus, Oportunidades e Desafios no Novo Cenário Geopolítico Global

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*Nelson Azevedo

“Para investidores que buscam combinar retorno financeiro com impacto positivo, a Zona Franca de Manaus é uma escolha estratégica no contexto da reconfiguração geopolítica que se instala. O modelo ZFM oferece, além de vantagens competitivas, uma contribuição significativa para a proteção da Floresta Amazônica e o desenvolvimento sustentável da região.”

A Zona Franca de Manaus (ZFM), reconhecida na Reforma Fiscal com suas prerrogativas constitucionais, ganha segurança jurídica como um programa único de desenvolvimento regional que combina incentivos fiscais, proteção ambiental e integração econômica. Ou seja, este programa de redução das desigualdades regionais desponta como um protagonista estratégico no novo tabuleiro geopolítico global. A realização do G20 no Brasil, a renovação por mais 50 anos das relações comerciais com a China, o recente acordo comercial e industrial firmado com o gigante asiático e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos moldam um cenário de desafios e oportunidades para investidores que desejam se instalar na Amazônia.

Zona Franca, paradigma de resiliência industrial 

Durante a pandemia da COVID-19, a Zona Franca de Manaus demonstrou sua capacidade de resiliência ao suprir lacunas fabris deixadas pela interrupção da cadeia asiáticas de suprimentos. A flexibilidade e a diversidade do parque industrial de Manaus revelaram uma capacidade instalada que nos permitiria a produção de bens estratégicos, desde respiradores mecânicos até componentes eletrônicos e eletrodomésticos. Esse histórico reforça a credibilidade da ZFM como uma alternativa confiável e estratégica para indústrias globais em tempos de crises internacionais.

Criativa e mais competitiva 

Além disso, a pandemia destacou a vulnerabilidade das cadeias de suprimento globalizadas, aumentando o interesse por estratégias de regionalização e diversificação industrial. A ZFM, com sua infraestrutura criativa, que precisa ser mais competitiva, precisa utilizar sua localização privilegiada – neste momento em relação a nova rota da seda direcionada para a América do Sul. Ou seja, estamos bem-posicionados para atrair empresas que buscam fortalecer suas operações no Continente e minimizar riscos associados a dependências externas.

Uma imagem contendo no interior, mesa, caminhão, quarto

Descrição gerada automaticamente

Nova Indústria Brasil e a Amazônia

A política industrial anunciada pelo governo brasileiro em 2023 oferece estímulos adicionais para setores estratégicos como bioeconomia, tecnologia verde e economia digital, indústria da defesa, áreas nas quais a Amazônia e a ZFM têm vantagens competitivas naturais e constitucionais. Com incentivos fiscais satisfatórios, a possibilidade de parcerias com institutos de pesquisa, desenvolvimento e inovação locais e um ambiente favorável para inovações sustentáveis, a ZFM pode se tornar um hub global de produtos sustentáveis e biotecnologia.

Transferências de Tecnologia 

A relação renovada com a China traz ainda mais oportunidades. O acordo industrial firmado entre os dois países abre espaço para transferências tecnológicas e o fortalecimento da produção de componentes eletrônicos e eletrodomésticos, setores já consolidados no modelo ZFM. A crescente demanda global por bens sustentáveis, como cosméticos e alimentos à base de bioativos amazônicos, também aponta para novos mercados promissores. Sem falar na indústria farmacêutica de produtos genéricos.

Geopolítica e Comércio Internacional

Imagem meramente ilustrativa gerada por Inteligência Artificial

O G-20 no Brasil reposiciona o país no centro das discussões globais sobre transição energética e sustentabilidade. Nesse contexto, a ZFM tem um papel central na execução de projetos que unem desenvolvimento econômico e conservação ambiental. As indústrias instaladas na região podem se beneficiar de acordos bilaterais e multilaterais promovidos durante o evento, acessando mercados exigentes que buscam produtos alinhados às metas ambientais globais.

União Europeia e Ásia 

A eleição de Donald Trump, embora traga incertezas sobre políticas comerciais protecionistas dos Estados Unidos, também oferece uma oportunidade para o Brasil ampliar sua parceria com outros blocos, como a União Europeia e a Ásia. A ZFM pode se posicionar como uma plataforma de exportação estratégica, aproveitando os acordos comerciais vigentes e o acesso privilegiado aos mercados sul-americanos.

Por que investir na ZFM?

  • Incentivos Fiscais: Isenções e reduções tributárias competitivas para empresas que se instalam na região.
  • Infraestrutura Industrial: Um parque industrial diversificado, com expertise em eletroeletrônicos, informática, biotecnologia e outros setores.
  • Sustentabilidade e Inovação: Oportunidades no desenvolvimento de bioativos e tecnologias sustentáveis, alinhadas às metas globais de ESG (Ambiental, Social e Governança).
  • Proximidade com Mercados Estratégicos: Localização que permite o acesso facilitado aos mercados sul-americanos e ampliação da presença global.
  • Capacidade de Resiliência: Histórico de adaptação e resposta rápida a crises, como demonstrado durante a pandemia.

Escolha estratégica 

Para investidores que buscam combinar retorno financeiro com impacto positivo, a Zona Franca de Manaus é uma escolha estratégica no contexto da reconfiguração geopolítica que se instala. O modelo ZFM oferece, além de vantagens competitivas, uma contribuição significativa para a proteção da Floresta Amazônica e o desenvolvimento sustentável da região.

Bioeconomia e Defesa

Ao considerar as transformações geopolíticas em curso, as oportunidades proporcionadas pela nova política industrial do Brasil e a vocação única da Amazônia para liderar o mercado de bioeconomia e a indústria da defesa, podemos dizer: um novo tempo já começou. E, longe das insinuações do desconhecimento e mais confortáveis em segurança jurídica, a ZFM se reafirma como uma solução inteligente e sustentável para empresas comprometidas com o futuro.

*Economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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