“Foi neste pedaço de chão bem manauense que em 9 de novembro de 1823 a população da Barra do Rio Negro se reuniu para promover, festivamente, a adesão da localidade à Independência do Brasil.
Não haverá melhor oportunidade e razão, com certeza, para que o poder público municipal em parceria com o Estado e a comunidade, se entender necessário, como assinala a Constituição da República, promova a recuperação de parte do antigo “Largo da Trincheira” no qual se estabeleceu, anos bem mais tarde, a Praça Nove de Novembro.
Sigo logo esclarecendo ao leitor menos avisado e aos mais jovens, principalmente, que o Largo foi de fundamental importância no início da ocupação da localidade da Barra do Rio Negro, atual cidade de Manaus, e, muito mais, quando um pequeno trecho que sobrou da invasão urbana se transformou em Praça que, acertadamente, recebeu o nome de importante fato e marco histórico.
A área da Praça está localizada diante da antiga usina de energia do porto flutuante de Manaus, depois Museu do Porto, aquele que instalamos com outros idealistas há alguns anos passados e que se encontra abandonado, e fica ali no caminho do cais, pela Travessa Vivaldo Lima e Rua Monteiro de Souza. Para ser mais preciso, nos fundos do IAPETEC e da antiga sede da Câmara Municipal.
Foi neste pedaço de chão bem manauense que em 9 de novembro de 1823 a população da Barra do Rio Negro se reuniu para promover, festivamente, a adesão da localidade à Independência do Brasil. Isso mesmo, mais de um ano e dois meses depois do feito de dom Pedro e José Bonifácio, que foi a 7 de setembro de 1822.
E foi neste mesmo lugar, em 1973, que, mobilizados pelo governador João Walter de Andrade e pelo senador José Lindoso, em grande evento popular, cívico e militar, com a presença e desfiles militares, estudantes, professores, médicos, cientistas etc, nos reunimos (eu estava lá presente e ao lado de André Araújo, Rodolpho Valle, Mário Jorge Couto Lopes, Junot Carlos Frederico, Antônio Braga Teixeira), quando do sesquicentenário da mesma independência.
Que tal se a Prefeitura mandasse fazer um concurso público entre urbanistas, arquitetos e artistas, com base em boa pesquisa histórica e iconográfica e conseguisse reedificar condignamente esse ambiente urbano e tradicional de nossa cidade, preparando-o para os festejos do próximo ano quando estaremos comemorando os 200 anos da nossa adesão que, apesar de toda a relevância na ocasião, não serviu para alcançarmos a autonomia política que desejávamos em relação ao Grão-Pará, e, mais uma vez, ficamos a ver navios – como diz o ditado popular – , quanto ao nosso direito de libertação administrativa e elevação de “status”.
Ainda que não estivéssemos próximos de ocasião tão significativa, a atual situação desse trecho da cidade vem reclamando, de há muito, uma boa e bem pensada intervenção que qualifique o espaço, possibilite seu uso e amplie as áreas de conforto, contemplação e usufruto para a população citadina, notadamente nessa parte mais antiga da cidade que vem sendo intensamente mutilada.
Essa medida, de certo modo, combina muito bem com a intenção marcante que vem sendo adotada de revitalizar e recuperar áreas tradicionais da capital amazonense, conforme a intenção e a ação da municipalidade que, neste aspecto, está centrada na Praça Dom Pedro II, o berço da capital, mas, antes e acima de tudo, o ponto de referência mais importante a ser respeitado e muito bem cuidado em nome de nossa ancestralidade indígena.
O que se pretende, tão só, é gerar um alerta com bom tempo para que as providências possam ser tomadas, se forem do agrado e do interesse dos administradores, pois desse modo pode produzir a reconstrução de uma praça ao mesmo tempo como referencial histórico e lugar de comemorações cívicas de que andamos carentes.
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