“O compromisso e a dedicação de Rogério Amato à indústria do Amazonas durante seu mandato na presidência do Conselho deixaram um legado duradouro e referencial de resistência e liderança em movimento, daí a homenagem, um sinal de nossa gratidão por seus esforços incansáveis”, disse Luiz Augusto Rocha, presidente do Conselho do CIEAM.
Impossível compreender a hora presente se não formos capazes de mergulhar no passado, com seus registros de conflitos, confrontos e comunhão nas relações sociais e peculiaridades dos sujeitos e propósitos de cada transição relevante. A iniciativa do CIEAM em homenagear seus dirigentes no mesmo espaço do trabalho cotidiano incluiu essa premissa memorial. A Galeria dos Presidentes, sob múltiplos pontos de vista, resume a jornada da entidade na busca diária de assegurar a segurança jurídica de seus associados, condição sagrada da sobrevivência, vitalidade e cumprimento de suas responsabilidades e objetivos.
Considerando que cada líder se destaca pelas ações que traduzem sua escolha e os avanços do respectivo grupo que o escolheu, com uma entidade de classe representativa dos investidores do Polo Industrial de Manaus não poderia ser diferente. É nesse contexto que revisitamos a liderança de Rogério Pinto Coelho Amato, que dirigiu o Conselho Superior do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), no período de 1997 a 2002, e deixou marcas de sua presença na trincheira de luta e na plataforma de conquistas da ZFM: o maior acerto de política fiscal da história da República na redução das desigualdades regionais.
Na celebração de seus 44 anos, quando a Galeria dos Presidentes foi inaugurada, numa reunião vibrante, que descreveu nos retrovisores do CIEAM cenas de “sangue, suor e lágrimas”. A metáfora é forte mas sua tradução é absolutamente fiel aos fatos recuperados nos relatos marcantes e emocionantes da celebração da entidade da indústria do Amazonas. O sangue representa a vitalidade da jornada e a oferta de cada um que deu o melhor de si na construção do programa Zona Franca de Manaus.
Galeria dos Presidentes do CIEAM
O suor foi a circunstância de todos os dias. Se assim não fosse nada teria prosperado e se tornado este monumento de conquistas econômicas, sociais e consequente proteção florestal. E as lágrimas não precisam de maiores detalhes da emoção diária de empreender na Amazônia, a dor e o amor de compartilhar as pressões, incompreensões e a resistência que desembarcou nos avanços irreversíveis da transformação regional.
Pois bem. Rogério Amato, na última hora de mais um embarque para reencontrar amigos e memórias, teve uma intercorrência de saúde que o impediu. Foi por isso, que dois emissários da entidade, o conselheiro Jeanete Portela e o presidente Luiz Augusto Rocha, no último dia de Agosto, na primeira oportunidade, fizeram a entrega da placa comemorativa dos 44 anos e de homenagem a Rogério Amato, liderança empresarial e resistência institucional em movimento. Um reconhecimento simbólico e extremamente significativo para celebrar a contribuição robusta desta importante liderança empresarial brasileira para o desenvolvimento da indústria no Amazonas.
A viagem a São Paulo proporcionou a oportunidade perfeita para a entrega de uma placa em homenagem ao presidente Rogério Amato, que integra a Galeria de Presidentes inaugurada neste mês de agosto no CIEAM. Essa galeria serve como um tributo aos líderes que desempenharam um papel crucial na promoção do crescimento econômico e industrial da região.
“O compromisso e a dedicação de Amato à indústria do Amazonas durante seu mandato na presidência do Conselho deixaram um legado duradouro e referencial de resistência e liderança em movimento, daí a homenagem, um sinal de nossa gratidão por seus esforços incansáveis”
disse Luiz Augusto Rocha, presidente do conselho do CIEAM.
Para ele, o encontro também serviu como um fórum para a troca de ideias e experiências valiosas. O Brasil e a Amazônia passam por mudanças significativas e a partilha das manifestações sobre perspectivas, desafios e as oportunidades com que a indústria pode contar, é sempre preciosa e esclarecedora.
Para o conselheiro Maurício Loureiro, “… a importância do trabalho do Rogério Amato é extremamente significativa e não se restringiu ao CIEAM, mas deu início a uma nova fase de investimentos que foram realizados pela grife Amato, empreendedora em diversos setores e múltiplas parcerias empresariais.” Foi assim que atuação do Rogério Amato à frente do Conselho do CIEAM se deu por sua visão empresarial alargada. Isso repercutiu no modo do Sudeste empresarial e o próprio núcleo de poder do Planalto, passassem a enxergar a ZFM, seu histórico, conquistas e perspectivas como um projeto de grandes acertos. Logo, deixá-lo perecer, como queriam alguns concorrentes de peso, seria um erro.
Neste momento, prossegue Loureiro, na virada do Século, houve um movimento lúcido e claro, de que, deveríamos lutar e enfrentar as adversidades, fossem técnicas e políticas, ou de segurança jurídica, que sombreavam a Zona Franca de Manaus. Nesse tempo, o Rogério Amato liderou com desenvoltura projetos que foram prontamente apoiados por outros empresários da ZFM, que entenderam, claramente, que agir era a melhor opção. E não era hora de chorar fosse grande a quantidade de leite das oportunidades
obstruídas.
A partir daí, executamos um plano de reconhecimento das ações e importância da ZFM, não apenas para o Amazonas, mas para o Brasil. Isso se chama de exercício de liderança, a chave que funciona quando há coesão de propósitos, dedicação e, acima de tudo, a confiança em maioria de propósitos e determinação. O CIEAM acolheu o plano estratégico que se mostrou necessário por parte dos associados, identificados com os caminhos apontados a serem executados sob a liderança do Rogério Amato, concluiu Maurício Loureiro.
foto: Marcio Gandra/Flickr
Testemunha viva desse momento, o conselheiro Lúcio Flávio Moraes de Oliveira destacou o fato da facilidade com que Amaro mobilizava os empresários, especialmente, os presidentes das empresas que participavam com frequência dos momentos delicados de decisão política. Neste momento, os CEOs da Sharp, Gradiente, Semp Toshiba, Sony, Philips, Philco, entre outras grandes marcas, eram vistas na reunião do Conselho de Administração da Suframa. Isso dava peso e voz às entidades de classe da indústria e facilitava o conflito Davi e Golias que representaram o frequente atrito entre Amazonas e São Paulo, por exemplo, na definição da Lei de Informática.
Mas o papel de Rogério Amato, também, se evidenciava, segundo Oliveira, no enfrentamento dos ataques desferidos pelas penas de aluguel da mídia especializada. Mapear esses atores e driblar seus expedientes sempre ajudou a Zona Franca de Manaus a separar alhos de bugalhos na batalha de sobrevivência. Amato, decididamente, é uma referência de liderança e resistência em movimento.
II
As emissões da indústria do Amazonas e a descarbonização do Brasil
A preservação da cobertura florestal no Amazonas ajuda a capturar e armazenar grandes quantidades de carbono atmosférico, contribuindo para a redução das emissões líquidas do estado. No entanto, as emissões da indústria e da população de Manaus ainda são substanciais e precisam de estudos adicionais demonstrativos para aferir se as emissões totais são completamente neutralizadas pela conservação florestal.
China, Estados Unidos, Índia e União Europeia são os maiores emissores dos gases do efeito estufa, entretanto, EUA e Rússia são os campeões nas emissões per capita. Índia é o último e o Brasil o penúltimo na quantidade de emissões de seus cidadãos na escala dos 10 países que mais poluem a atmosfera. E o que é que o Amazonas e sua indústria tem a ver com isso?
Em 2019, o Brasil experimentou um ano de destaque em sua economia, com um PIB total de R$108.180.000.000. É importante, nesse contexto, comparar o faturamento do setor de Agropecuária com o setor de Indústria antes de analisar as emissões de carbono per capita do Brasil e do Amazonas, e destacar a preservação da cobertura vegetal no Amazonas. Além disso, é fundamental comparar as emissões da indústria e da população de Manaus com a área preservada no estado.
foto: Bruno Kerry/WRI Brasil
No quesito faturamento do agronegócio vs. desempenho da indústria, naquele ano o faturamento da agropecuária alcançou R$4.976.280.000, enquanto a Indústria registrou R$32.994.900.000. Isso demonstra que a Indústria teve um faturamento aproximadamente 7 vezes maior do que a agropecuária. E mais: embora o setor industrial tenha se destacado como um dos pilares da economia brasileira, quem tem obtido destaque são os avanços das commodities do agronegócio. É muito importante analisar os dados como eles se impõem e como eles repercutem na economia brasileira.
O mesmo se aplica à questão vital da descarbonização. Emissões de carbono precisam sempre ser analisadas à luz do perfil demográfico posto que caberá um trabalho ousado de caráter educacional para orientar o papel da população nas obrigações nacionais relativas ao compromisso climático à luz dos desastres crescentes que tem açoitado o planeta.
As emissões desses gases de efeito estufa é uma preocupação global mas tanto os países como as pessoas estão demorando a tomar medidas mais radicais. Em 2019, o Brasil emitiu 6,88 toneladas de CO2 per capita, enquanto o Amazonas, um estado com grande parte de sua cobertura vegetal preservada, contribuiu com o total de 15.270.710 toneladas de CO2 equivalente em emissões. O Amazonas merece destaque pela preservação de 143.400 hectares de sua cobertura vegetal, contribuindo fortemente para a redução das emissões. Com uma alta densidade de estoque de carbono (159,8 toneladas por hectare), o estado desempenha um papel fundamental na mitigação da mudança climática.
Mesmo concentrando sua economia na capital, o Amazonas consegue, facilmente, demonstrar que sua contabilidade ambiental é responsável pela descarbonização do Estado, fator de neutralização das emissões da indústria. Ou seja, a capital do Amazonas, ao contribuir com 15.270.710 toneladas de CO2 equivalente em emissões, dos quais a indústria foi responsável por 4.657.567 toneladas, em 2019, evidenciando o papel determinante de descarbonização local com efetiva participação nacional.
A preservação da cobertura florestal no Amazonas ajuda a capturar e armazenar grandes quantidades de carbono atmosférico, contribuindo para a redução das emissões líquidas do estado. No entanto, as emissões da população de Manaus e da indústria ainda são substanciais e precisam de estudos adicionais demonstrativos para aferir se as emissões totais são completamente neutralizadas pela conservação florestal.
Comissão de ESG do CIEAM, presidia por Régia Moreira Leite, debate com o cientista Niro Higuchi descarbonização do Polo Industrial de Manaus
Esses estudos podem orientar no processo de conquista da neutralização completa, onde o Amazonas teria que garantir que suas emissões totais, incluindo as da indústria e da população, fossem zero ou que qualquer emissão restante fosse compensada por atividades de captura de carbono, como reflorestamento ou investimento em projetos de compensação de carbono. Esta é a pauta da Comissão ESG – Descarbonização, Indústria e Sociedade desta sexta-feira, 15 de Setembro de 2023.
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