
*Manoel Domingos
Continuação ….
O rosto chupado
Sinal de preocupação,
Ele perdeu o barco…
Cambio na TV,
Sobe, sobe, some o trigo,
Pão p’ra que te quero…
O barco cortou
O caminho da gaivota:
E o peixe boiou…
Trovoadas rugem,
No céu cinzento a piscar:
Vai enrolando calça!
Barco recreio,
Engorda de passageiros…
Só te digo vai!
Veto engole o barco,
Na Costa do Cumaru,
Temporal de abril…
No inverno ou verão,
Flor e vento se entristecem:
Plásticos no chão.
As barcas passeiam
No outro lado do rio,
Sol, águas e cios…
O livro é um Alfa
Sem Fim ou destino ou Cais:
Ler é buscar a paz.
Besouro magister,
Zumbe até com ele mesmo…
Que será do outro?
Aécio e Marquinho,
Mailon, Bruno e “seo” Evandro
Rua três pintando.
Raízes caboclas
Sustenindo no Fecani.
Cifras de araris.
O maracanã
Invadiu a goiabeira…
O que foi com a mata?
A flor sem espinho
Assusta por sua beleza,
O néscio discorda.
Fiz poema na Bica,
Entre Serpa e Portugal:
Incenso vital. (1998)
Os Hai Kais são fotos,
Imagens, cores, poesias:
Nossas sintonias.
Na flor do ingazeiro,
Um colibri se esquivou:
Só beijou e beijou…
Guaraná Xexuá
Morreu na testa do rio,
Velhos desafios.
Quem virava porca
Pra lá da baixa da égua?
História sem tréguas…
A grande estiagem
Reduzindo água e peixe:
Futuro de enfeites.
Da ilha do risco
Irriga-se a cor do rio
Que desce macio.
Itacoatiara,
Flores, espinhos: roseira
Nossa terra fagueira.
Presente e passado
Nas sintonias da gente,
Só o cupim que sente…
Aqui chega ao fim…
Mas sinergético e são:
Sou inverno e verão!
“Só quem conhece os cantos, encantos e desencantos de Itacoatiara, como o nosso Manoel Domingos, é capaz de escrever esse livro de Hai Kais, que são verdadeiras centelhas a iluminar o céu, as vezes tão escuros, de Itacoatiara. Encher de sentimentos e beleza as coisas mais simples da nossa gente, como bem diz o autor:
Os Hai Kais são fotos,
Imagens, cores poesias:
Nossa sintonia”
Silvia Aranha
Escritora
*Natural de Itacoatiara/Am. Poeta, professor e escritor. Membro da Associação dos Escritores do Amazonas, da Academia de Letras e Cultura da Amazônia, da Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan-amazônicos e do Movimento Internacional da Lusofonia. Professor efetivo da UEA. Mestre e doutorando em Letras pela UTAD (Portugal). Fundador da Sociedade dos Poetas Porunguitás.
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