No período de 10 a 21 de novembro de 2025, Belém, capital do Estado do Pará, sediará a COP30, 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Durante esse evento, a Amazônia se transformará na capital ecológica do planeta, um centro de debates e propostas para combater as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável, em todos os lugares e escalas temporais. Essa conferência assume importância singular, à medida que a mesma se realizará na região-planetária que melhor incorpora e legitima a noção de sustentabilidade.
Os 6 ensaios que publicarei nesse Blog, desde agosto a setembro de 2025, descreverão as relações entre a Amazônia, o Brasil, o Papa Francisco e a COP30, num contexto econômico e político que apresenta dificuldades para deter o processo de destruição cultural e ecológica dessa região e do planeta. O esclarecimento dessa questão exige intervenções e análises políticas, econômicas, científicas e teológicas numa nova geopolítica global que também incorpora o Estado do Amazonas, principal referência ecológica mundial em área contígua.
Por meio de uma abordagem sistêmica e integradora, os textos têm pretensão de construir vários cenários e tendências de um quadro político niilista e opressor que insiste em manter a Amazônia, em especial o Amazonas, refém de projetos e programas de preservação absoluta e, simultaneamente, de arranjos produtivos predatórios persistentes. Dois extremos pendulares que negam a possibilidade de se construir uma política de desenvolvimento sustentável municipalizada para a região, assentada em redes e plataformas científicas e tecnológicas. Os artigos evidenciam a perenização da pobreza e desigualdade social e econômica extrema na região, tipificada como uma das mais miseráveis do planeta. Mas, propõem alternativas para sua prosperidade e questionam os projetos governamentais e suas políticas públicas estaduais e municipais que continuam colaborando para sua morte contínua e anunciada.
Eles também desmitificam a hipocrisia do discurso oficial de seu desmatamento zero até 2030-35 e denunciam a sua apropriação política e mercantilista pelas ONGs e por setores da burocracia do governo federal perante os fóruns internacionais, em detrimento do aperfeiçoamento de suas políticas públicas. Mostram, devido a razões eleitoreiras, a omissão e a ausência institucional do governo do Estado do Amazonas na organização e promoção da COP30, resultando em prejuízos sociais e econômicos incalculáveis para os interesses legítimos de seus povos e populações.
Os ensaios esclarecem por que a Amazônia continua sendo uma região sem futuro, dependente de um programa de desenvolvimento que promova a sua prosperidade social e econômica, em bases sustentáveis, a partir de seus domínios territoriais. Explicam por que a ausência de uma sociedade organizada aliada aos interesses locais e regionais, próprios de um segmento de sua elite empresarial e de seus parlamentos políticos desalinhados da modernidade, contribuem para sua submissão política a instituições regionais ufanistas e a agentes internacionalistas descompromissados com seus povos. Conjuntura permeada por agentes públicos arrogantes e por uma imprensa e mídia acríticas, que se apresentam-se como vanguarda ‘esclarecida’ guiada por um discurso do tipo “Amazônia que queremos”, pactuada com os seus agentes opressores. Um horror! Muitos deles oriundos dos acampamentos nas bordas dos quartéis militares que clamavam pela volta da ditadura e pela abertura das porteiras da devastação ecológica, e outros defendendo a intervenção política e econômica dos Estados Unidos na soberania nacional brasileira. Quadro político alienado que se desenrola e parece não ter fim num estado da federação totalmente dependente de incentivos fiscais.
Portanto, a ausência do Estado do Amazonas na condição de estado-sede da COP30 põe-se como um fator impeditivo à participação de sua juventude, de suas instituições e de seus políticos nos debates e propostas críticas e qualificadas de promoção e operacionalização do desenvolvimento sustentável em seus próprios domínios territoriais. Oportunidade para esclarecer os seus parlamentos políticos e os seus agentes públicos e privados que persistentemente contribuem para sua destruição cultural e ecológica, pela omissão e ações que reforçam o uso e a ocupação humana inapropriada na região. A recente aprovação do Projeto de Lei (PL) no 2.159/2021, conhecido como “PL da devastação”, referendado pelos políticos amazonenses no parlamento federal brasileiro, ilustra o descaso desses agentes ‘públicos’ com o futuro cultural e ecológico da região. A realidade mostra que muitos inimigos da Amazônia se encontram em suas próprias instituições.
O isolamento do Estado do Amazonas na organização da COP30 terá desdobramentos perniciosos, de curta e longa duração, em sua base e tecido político e econômico. Situação que dificulta a melhoria imediata de suas políticas públicas e fragiliza a sua participação nos principais fóruns que discutem e decidem sobre a inserção da Amazônia no novo ordenamento geopolítico global.
Portanto, como explicar a realização da COP30 em Belém, capital de um dos estados mais depreciados da Amazônia, em detrimento de Manaus, capital da unidade federativa mais preservada e ecológica, em área contígua no planeta? Qual é a importância da COP30 para a Amazônia? Qual é a relação entre a COP30 e a ecologia integral do Papa Francisco? Que benefícios a COP30 gerará para a Amazônia? Estas questões relevantes, entre outras, serão analisadas e esclarecidas pelos futuros ensaios que se guiarão pelas seguintes temáticas: Amazônia, COP30 e o Futuro do Planeta; Amazônia, COP30 e Sustentabilidade; A Pan-Amazônia, seus Estados Federativos e a COP30; Papa Francisco e a COP30; Governo Brasileiro e a COP30; Amazônia, Brasil e a COP30; e, Belém, Francisco e a COP30.
Identificar os limites e o alcance do desempenho brasileiro na COP30 é um fator determinante para a defesa dos legítimos interesses dos povos amazônicos, que não podem permanecer reféns da transformação de suas culturas e domínios territoriais em um poço de carbono e em um mar de H₂O. Essa questão-guia movimentará o alcance heurístico dos futuros textos, que esclarecerão o alcance político das mudanças climáticas na Amazônia, em especial no estado do Amazonas.
É possível declamar os versos da redenção ou destruição da Amazônia num quadro de tendência de ruptura socioecológica do planeta, que reserva um lugar especial para “Era uma vez a Amazônia”. Os amazônidas precisam compreender essa responsabilidade histórica que lhes é reservada. Os futuros ensaios autorais têm pretensão de esclarecer os fundamentos desse sistema de referência civilizatória.
Manaus, 30 de agosto de 2025
Referencias:
Amazônia: Redenção ou Destruição, Marcílio de Freitas, Ed. Dialética, Julho de 2025.
Era uma vez, a Amazônia, Marcílio de Freitas, Ed. Dialética, SP, Maio de 2025.
Socioantropologia das Técnicas e Ambientes: Dos fundadores às novas orientações, Olivier Meunier e Marcílio de Freitas, Ed. Dialética, SP, Maio de 2025.
Amazônia e as Crianças da Sustentabilidade, Marcílio de Freitas, Ed Ipê das Letras, SP, 2025.
Link: https://www.livrariaipedasletras.com/poesia/amazonia-e-as-criancas-da-sustentabilidade
WHO WILL SAVE AMAZONIA? World heritage or full destruction, Marcílio de Freitas e Marilene Corrêa da Silva Freitas, Nova Science Publishers, NY, July 14, 2021.
Link: https://novapublishers.com/shop/who-will-save-amazonia-world-heritage-or-full-destruction/
THE FUTURE OF AMAZONIA IN BRAZIL: A worldwide tragedy, Marcílio de Freitas e Marilene Corrêa da Silva Freitas, Peter Lang Publishing, NY, April 2020.
Link: https://www.peterlang.com/view/title/72693
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2 respostas
Excelente artigo!
Demonstra a preocupação com a Amazônia e os amazônidas e o descaso das autoridades de hoje e de ontem.
Parabéns.