Manaus, 21 de novembro de 2024

A rica arqueologia Amazonense

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Todo dia, era dia de índio…
Mas agora ele só tem o dia 19 de abril.

Jorge Benjor.

É no Estado do Piauí que começa a pré-história brasileira, no qual foram encontrados vestígios dos primeiros homens das Américas, no Parque Nacional da Serra da Capivara,  datado entre 12 e 13 mil anos atrás. Quem deu visibilidade ao rico achado, no Município de São Raimundo Nonato (PI), foi Niède Guidon, arqueóloga e incansável pesquisadora brasileira, formada em História Natural pela USP – Universidade de São Paulo que, em 1963,  se deslocou até o Nordeste  para passar uma parte de sua vida dedicando-se ao estudo das sociedades pré-históricas. Atualmente o sítio está muito depredado.

Segundo o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1988 estavam catalogados no Brasil 19 mil sítios arqueológicos. No entanto, essa riqueza tão grande do nosso país deixa-se de ser identificada, “para conservação, exploração e restauro”, em virtude da insipiente política pública para a área, a grande extensão territorial e a falta de mais arqueólogos em nosso país.

Na Amazônia  não é diferente, pois, aqui,  além da distância,  existe a dificuldade de acesso e o problema da umidade que é enorme, por  nossa região estar localizada  no trópico, ou seja,  ela é quente e a incidência de muita chuva forma enormes enxurradas que escavam o solo, destruindo os frágeis vestígios de nossas ricas sociedades pré-históricas. Os sucessivos governos são conscientes, mas ainda insensíveis aos apelos dos cientistas em elaborar uma política pública estadual que contemple recursos para a continuidade dos estudos.

No Amazonas existem centenas de sítios arqueológicos, em inumerosos  casos  saqueados, mas desde 1961 o governo brasileiro se esforça para adotar uma legislação específica de proteção a esse patrimônio da nação, no qual o mercado negro de peças  da pré-história brasileira está mais controlado, especialmente nos portos e aeroportos. No entanto os contrabandistas estrangeiros continuam, por diversas formas, saqueando o patrimônio amazonense.

Alguns estudiosos consideram que a capital da Amazônia é uma área de grande riqueza cultural dos povos indígenas da região. Como exemplo disto podemos citar:  em 2004, trabalhadores ao reformar a Praça D. Pedro II,  encontraram cerâmicas de nossos  antepassados.  Outra ocorrência se deu na época da construção do Bairro Nova Cidade, na Zona Norte, onde as obras foram paralisadas por determinação da Justiça, em função da grande quantidade de material lítico ali encontrado.

A UFAM – Universidade Federal do Amazonas, primeira universidade brasileira é uma instituição centenária que mantêm o Museu Amazônico, mas faz muito pouco diante de tantos desafios para  catalogar e estudar a  grande quantidade de riquezas em nosso Estado.  Só recentemente implantou o Programa de Pos-Graduação em Antropologia Social (Mestrado e Doutorado) e uma divisão de Arqueologia. Menos mal, pois éramos obrigados a recorrer ao Museu Goeldi, em Belém, com informações, também, insuficientes.

Em relação a informações sobre a Província das Caretas e o Sítio Arqueológico de Miracanguera, no Baixo Rio Urubu (Itacoatiara), nossa instituição não tem nada a respeito, embora não sejamos impedidos de fazer o exercício do livre-pensar. Supomos que as sociedades pre-históricas ali residentes, conforme relato dos moradores, nos levam a crer que formavam uma confederação de povos que iniciava em Silves e seguia em um arco até aquela região, como resistência aos portugueses, pela quantidade de cemitérios indígenas encontrados e que foram saqueados. Em Miracanguera – acima da cidade de Itacoatiara – por exemplo, os indígenas formavam uma sociedade de artistas, cultores do artesanato de fino acabamento.

É muito importante estudarmos a ciência arqueológica e desejamos que uma IFES – Instituição Federal de Ensino Superior de nossa região, tome a dianteira, visto que é através dela que marcamos encontro com o passado – e, em diversas vezes ela encontra-se disponível em nosso quintal -, fazendo uma relação com o presente, estudando para preservar parte de nossa história e, deste modo, valorizando nossa identidade regional. Por isso apelo a Magnífica Reitora da Universidade Federal do Amazonas, que é neta do saudoso prefeito itacoatiarense Raimundo Perales e filha do falecido deputado estadual e ex-diretor do SESP de nossa cidade, Dr. José Mendes – que valorize o cohecimento da Arqueologia amazonense, estreitando parcerias, fazendo movimento e reivindicando recursos dos Governos e organizações nacionais e internacionais para evitar que o Estado perca o bonde da história.

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