Manaus, 22 de novembro de 2024

Uma aposta na paz

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O mundo assiste a uma crise humanitária sem precedentes, perpetradas por ditadores em inúmeros países que forçam a população a migrar, enfrentando logística difícil para chegar a Europa e sonhar ser recebido em países diferentes, deixando tudo para trás, arriscando a vida da família para conquistar um lugar em que possa ter os direitos inalienáveis ao ser humano assegurado. Muitos países do “primeiro mundo” são corresponsáveis por essa tragédia…

Além disso, um fato importantíssimo ocorreu  nesse continente entre nações que, por diferenças ideológicas, romperam relações há mais de meio século, colocando em lados opostos, governos de nossa América. O clero brasileiro esboçou um projeto e o Estado do Vaticano, através do Papa Francisco, furou  o bloqueio nas relações entre os EUA e Cuba, iniciada ainda no período da Guerra Fria – que vai de 1945 até 1991 -,  com a desintegração da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em que tais populações é que pagaram caro pelo orgulho de seus governantes.

Com as conversas bilaterais mantidas em sigilo por, aproximadamente 10 meses, Francisco conseguiu de maneira  brilhante, silenciosa e pragmática, como convém a humildade de um jesuíta maior,  a missão de articular as conversações de paz entre os dois estados americanos. Discursos e votações na Organização das Nações Unidas já tinham sido derrotadas pela soberba, desgastando ainda mais as relações internacionais,  sem uma solução aparente que pusesse  fim o embargo a ilha. Mas, graças a Deus, esse capítulo terminou sem guerra emnuestra América.

Sempre com um gesto simples e atitudes corajosas, onde quer que chegue é saudado pelas pessoas como um amigo solidário que está a serviço da Humanidade. Após ser eleito e aclamado substituiu o crucifixo  de ouro, assim como o anel e os sapatos vermelhos que ostentava Bento XVI que, apesar de ter  oito doutorados, criou polêmicas com o Islamismo e outras religiões, criticando-as, colocando em risco a união inter-religiosa.  Num dia desses entrou em uma ótica em Roma para comprar óculos, trocando apenas as lentes, mas reaproveitando a mesma armação.

Teria que vir do “fim do mundo” mesmo  o bispo para governar a diocese de Roma e do mundo que rompeu com toda a tradição de esconder os males por trás de uma Igreja doente. Teve coragem de criar mecanismos para investigar desde o Banco do Vaticano até os casos de pedofilia, com punição severa.  No mês passado acolheu duas famílias de refugiados e exortou que todas as paróquias façam o mesmo. Às vezes visita favelas e sai de madrugada para tomar sopa com os desabrigados, assustando a guarda suíça, responsável pela segurança. No mês passado, em um congresso de jovens, até brincou com uma brasileira sobre futebol… Esse papa só dá dentro! Por isso ele é pop, afirma o jornalista e ateu convicto Ricardo Boechat.

Ontem, 20 de setembro, após oficiar a primeira missa em território cubano, imediatamente recebeu apelo de representantes das FARC’s – Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colômbia (Ejército del Pueblo) e de representantes do governo colombiano para intermediar esse conflito que já dura  50 anos e que provocou centenas de milhares de mortes da população civil, de guerrilheiros e militares que colocaram em colapso a economia dessa nação sul-americana.

Os vaticanistas estão de olho nos discursos que fará na catedral do capitalismo, mas especialmente o que proferirá na Assembleia das Nações Unidas,  parlamento no qual o diplomata Oswaldo  Aranha(1894-1960) criou a tradição de  o Brasil abrir, anualmente, a sessão daquele foro internacional  por ter no bolso do paletó o discurso escrito, em 1947.

Por força da prática sua Eclésia não se restringe somente ao catolicismo, mas angariou simpatias em todas as religiões e, inclusive, no mundo ateu. Um exemplo foi a elaboração de uma encíclica intitulada de Laudato si’ – Louvado sejas -, na qual discorre “Sobre o Cuidado da Casa Comum”, chamando a atenção para a Criação da natureza, baseando seu discurso na existência de São Francisco, trazendo para nossos dias os ensinamentos daquele que é considerado um santo universal, do qual adotou o nome para marcar seu  pontificado.

Ao contrário de Joseph Aloisius Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé que induziu João Paulo II a assinar a excomunhão do clero  que faziam parte da Teologia da Libertação, o atual Francisco os quer de volta para o trabalho por sua Igreja. Porém o que chama mesmo a atenção é essa bula pontifícia que faz uma crítica direta ao consumismo.

O diálogo inter-religioso lembra as ações  de todos os bispos da Teologia da Libertação na Amazônia , principalmente as lembranças sobre o trabalho pastoral de Dom Jorge Marskel, bispo da Prelazia de Itacoatiara, nas Assembleias que realizava com outras religiões, na década de 80, buscando bases para o que ele denominava de ecumenismo. Mas o que inúmeros milhares de pessoas desejam mesmo  é que o Papa Francisco consiga a paz no Oriente Médio, especialmente articulando um estado palestino.

Tomara que Deus continue abençoando todos os sonhadores!

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