*Nelson Azevedo
Proibir a conjugação do verbo assear na floresta, ir e vir por essa estrada emblemática, a conduzir negócios e oportunidades, sonhos e esperanças de todos nós, não dá para aceitar. Queremos trilhar todos os caminhos que levam a um Amazonas próspero, diversificado e sustentável.
Árvores removidas e replantadas
Havia nos anos 1990, 7 madeireiras no município de Itacoatiara que só poderiam operar se, para cada árvore removida, plantassem 10 mudas com certificado de plantação e cultivo. Elas forneciam chapas de compensados, lâminas de madeira nobre, módulos para produção de movelaria doméstica, entre outras artefatos de uma economia sustentável. Até que mudanças na política ambiental e a deficiência logística se encarregassem de esvaziar o desenvolvimento regional com sustentabilidade socioambiental.
Da pecuária ao reflorestamento
Curiosa foi a mudança de paradigma de novos investimentos que foram atraídos para o setor primário com o advento da Zona Franca de Manaus, em 1967. Empresários do Sudeste, com os incentivos federais e estaduais, foram convidados a implantar projetos de colonização pecuária. Entre eles, os Vergueiro, que descobriram os embaraços das ervas daninhas que dizimavam as linhagens bovinas da pecuária incipiente. Em dois tempos, eles tiveram que abandonar seus projetos e substituí-los por reflorestamento. Assim, aproveitando a obrigação de plantio e cultivo de espécies nobres, imposta pela legislação, foram recuperados os 4 mil hectares removidos para pecuária com a plantação de mais de 2 milhões de árvores, com ênfase nas castanheiras, produção de palmitos e frutos de pupunha, jatobá, cumaru, entre outras espécies de alto valor comercial.
Moysés Israel, pioneiro e profeta
Um de nossos maiores pioneiros, Moysés Israel, com sua lente visionária, repartia os dias de sua semana entre Manaus e Itacoatiara, onde fomentou a indústria mais importante para a Amazônia, a indústria do conhecimento. Líder empresarial, militante na Associação Comercial do Amazonas e fundador da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, ele tratou de ajudar/implantar/sustentar as unidades do SESI e do SENAI, doou os terrenos onde hoje funcionam campi da UFAM e UEA, universidade federal e estadual do Amazonas. Todos os anos, nas solenidades de início de cada exercício da gestão estadual, ele se encarregava de por na pauta a recuperação e necessidade de duplicação da Rodovia Torquato Tapajós, a AM-010, o engenheiro amazonense que idealizou sua construção.
O distrito bioagroindustrial
Faltou falar do Polo Graneleiro de Itacoatiara, que transporta e/ou beneficia a soja do Centro-Oeste, agregando US$30 de ganho, no frete, por ocasião de sua instalação nos anos 90. Mais recentemente, foi desenhado e já avançou substantivamente o Distrito Bioagroundustrial de Rio Preto da Eva, às margens da AM-010, juntando a Prefeitura, o Estado e a União, para os empreendimentos regionais de bioeconomia e agroindústria, que servirá de paradigma para outras regiões do Estado. Sem a estrada duplicada a iniciativa vai a lugar algum.
O Distrito Bioagroundustrial de Rio Preto da Eva – FOTO:DIVULGAÇÃO/ALEAM
Bonecas, cantigas e canções
O Polo de Vestuário, empinado pelas lendárias costureiras do município, já vestiu todas as bonecas da Estrela, uma indústria instalada em Manaus que optou por trabalhar no Paraguai porque aqui o proibicionismo é mais importante que o empreendedorismo. O Polo de Cantigas e Canções, exaltado por Francisco Gomes em sua página da web, que se configura há décadas num festival de refinada musicalidade, seria atrativo mundial único e sedutor para divulgar os acordes melodiosos da Amazônia, de nossa floresta e sua gente. Proibir a conjugação do verbo assear na floresta, ir e vir por essa estrada emblemática, a conduzir negócios e oportunidades, sonhos e esperanças de todos nós, não dá para aceitar. Queremos trilhar todos os caminhos que levam a um Amazonas próspero, diversificado e sustentável. Não faz sentido por o pé na estrada, se ela está destruída pelo descaso. Como embrenhar-se nas oportunidades deste pedaço de Amazônia se nos usurpado o direito de conhecer, aproveitar e proteger seus acessos e suas vertentes? Recuperar a AM-010, por tudo isso, nunca oi tão urgente!!!
*Economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.
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