Manaus, 21 de junho de 2025

As palmeiras da praça de Rosário e outros poemas da vida

Compartilhe nas redes:


*Manoel Domingos

Continuação…

DUAS VIDAS NA HISTÓRIA DE TEFÉ

Poema ao ilustre tefeense Edilson Queiroz

Ele assiste ao tempo e ao grande lago,
Da proa do “civil”, esculpe, mirante jeito;
Ela, amiga das sinas de Santa Tereza,
Acolhe a cor de Tefé que traz no peito.

Entre D. Hebe e Seo Edilson e tantas bertholetias,
Vidas, em que houve mais que sincronia de afagos,
Ela, velha mestra, educada e prestativa,
Ele, Saae, Cosama e Santo Eduardo, e lagos.

Desde o olhar urbano ao arrebol,
Viviam juntos na Ega, terra das castanhas,
Onde a Taipé se arrumava ao Solimões,
Navegando na elegância e nas suas canções,

Eles são História da cidade de antigas certezas,
Dos salões, e do futebol do campo do juquitaia,
De quando ainda eram branquinhas as praias
Das festas poçantes e alegres nos Humaitás,
Dos rigores, exigências, mas de amizades e belezas…
Assim, a Tefé de seo Edilson… tempos atrás.

Hoje inclino olhar ao Norte e ao Sul,
Tefé destaca seus outros dotes,
Outras vozes chegam nos malotes,
Nas brigadas dos pampas prudentes,
Que rogam a certeza de toda gente.

Há grandes docentes na velha Ega,
Há grandes famílias nesta estação, Santa Tereza e as peregrinações,
Não me insinuo maduro em sabê-la,
Mas sempre foi um espaço de maturação
E quero sempre em minha pauta, tê-la.

Não é tarde para açoitar-se de ti,
Não basta Fé…E preciso Ser e Estar,
Este não é um povo qualquer,
Há, sem dúvida, amigos para se cantar,
Como seo Edilson de boa Fé,
Que é parte da Bertholethia, símbolo do lugar,
Parte da rica História de Tefé.

 

SANTÍSSIMA TEREZA

Agnus dei,
Santa de terra e ar,
Desde janeiro se conota, Prova e sentimento,
Para em outubro encaminhar
Luz e discernimento,
Sem o que não sei
Se seria paz ou lamento…

Abençoa o que está sentado
Abranda o que está em pé
Jovens e comunidade,
E a cidade de Tefé.

Sem paz… não há canto
Sem luz não há enquanto
Ela, sim, filtra certeza,
Falo-te certamente dela
Nossa Santíssima Tereza.

 

OS “FOLHAS”

Na Olavo Bilac ou na Tupinambá,
Chegou a moçada que agita,
Nos fevereiros da alegria,
Coloridos batuqueiros,
Calças brancas, blusas-bolas
Estampadas de muito samba.

No Carnaval de folias,
Pés descalços fazem bolhas
Vale a vida de noite ou de dia
Esse era o bloco dos “Folhas”
Que traduziu muita alegria.

 

BLOCO DA LAZINHA

Encarnada lá na ponta,
Uma turma se agrupou
Para fazer-se fantasia,
Do Rei Momo que chegou.

Então vestiu-se de canções,
De alegria e batucada.
Amigos e vizinhanças
Teceram filas animadas,
Saíram às ruas de Tefé.

Apesar das incertezas,
Somaram-se de alegria
Animando todas as pracinhas…
Essa foi turma da Olaria
Era o Bloco da Lazinha.

 

A CASTANHA-BERTHOLETIA

Caás, arvores sombreiras,
Acima das nuvens e dos cantos,
Solitária, às vezes, no campo,
Testa o ar com a flor amarelada,
Assim nasce o ouriço em alto cacho
Num tom de cabelos de festa,
Há muito quero te louvar
Arvore, vela esse tempo que te resta…

Bem que te quis e quer a Ciência,
Em sombras e sentinelas,
Rente aos meus ínfimos desejos
Tateando a orla dos lagos,
Houve tempo, hanerá sentidos e afagos…
Orfanadas sejam as más intenções
Livrando-te dos cortes e derrubadas
Em suma, eis tua voz em mim,
Tentando preservar-te em tua festa
Inúmeros serão os meses de junho,
Ave, majestosa bertholetia!

 

A ROSA QUASE UMA ODE

Sem luxúria és fina flor,
Coincidência se observa
Na rosa vermelha… rosa-amor!
Te enalteço, e alguém te vela,
Tens o ar da barca bela,
De Garret, o rimador.

Ó lira do meu jardim,
Mais bela que este carmim!

No teu galho a balançar,
Cai já, quietinha, no chão,
Mas permaneço a te adorar…
Vai-se vento! vai-se aurora!
Não me levem nesta hora,
A rosa do meu coração.

Ó lira do meu jardim,
Mais bela que este carmim!

Se vens em minha janela
Emprestar o teu perfume,
Teu esporádico lume,
Rosa-menina, me inspira,
Deixe eu ser tua sentinela.
Ó lira do meu jardim,
Mais bela que este carmim!

No teu campo natural
Ser também cravo-menino
Que esse poema me revela,
Me delira…e te donzela…

Ó lira do meu jardim,
Mais bela que este carmim!

Continua na próxima edição…

*Natural de Itacoatiara/Am. Poeta, professor e escritor. Membro da Associação dos Escritores do Amazonas, da Academia de Letras e Cultura da Amazônia, da Associação Brasileira de Escritores e Poetas Pan-amazônicos e do Movimento Internacional da Lusofonia. Professor efetivo da UEA. Mestre e doutorando em Letras pela UTAD (Portugal). Fundador da Sociedade dos Poetas Porunguitás.

Views: 0

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques