Nas famílias atingidas por crise econômica grave ou desintegração em decorrência de separação dos pais ou morte, filhos jovens são obrigados a assumir as responsabilidades que anteriormente eram dos adultos. Viúvas, mesmo a despeito do machismo ancestral da sociedade, quando os maridos perderam a vida ou retornaram sequelados das grandes guerras, assumiram os lugares de provedoras e foram à luta pela sobrevivência da família e recuperação econômica de seus países.
Entre nós, no Brasil, em estado de guerra interna declarada, com muita miséria e desigualdade social, é comum ver crianças esmolando; outras tantas, que escapam das balas perdidas, das “batidas ilegais e indevidas nas periferias das cidades” aceitam o subemprego, a exploração pura e simples de sua força de trabalho infantil para garantir a sobrevivência, deixando para trás a escola e as possibilidades de vida melhor. Todos os dias, assistimos perplexos notícias de abuso de vulneráveis por padrastos, vizinhos criminosos ou parentes próximos; notícias de infanticídio por pais que maltratam os filhos até a morte, porque estes se tornaram um estorvo em suas vidas. Outros, alugando os filhos ou filhas para a prostituição.
E o que dizer dos que se recusam a exercer a paternidade responsável? Como aceitar que servidores públicos pratiquem discriminação de crianças e adolescentes por serem pobres, negros ou portadores de deficiência nas escolas, nas casas de saúde, com consciência de causa? Não se pode aceitar que “Falsos Pastores” mercadejem a peso de ouro os recursos do Fundo Nacional de Educação (FNDE), dinheiro do povo destinado à construção de creches, ao transporte escolar, à merenda; destinado, ainda, para a compra de equipamentos de informática e livros; além da construção de novas escolas, e de quadras poliesportivas, que beneficiariam jovens atletas.
E o que dizer de governantes que sonegaram, até onde é possível, o dinheiro para custear um programa de absorventes para as adolescentes das escolas? Que criaram obstáculos para que a vacinação das crianças e adolescentes chegasse mais cedo e, assim, eles não ficassem sem o convívio social e o aprendizado dentro das escolas? E dos Ministros malucos, acompanhados de seus asseclas ideológicos, querendo a todo custo prejudicar os estudantes que vão prestar exames do ENEM; que proíbem educação sexual nas escolas; inventam a “escola sem partido” para impedir o processo de educação para a cidadania; que militarizam os inocentes em “escolas” que doutrinam crianças para que entendam que a “disciplina” é a da obediência cega ao autoritarismo; que querem disseminar a cultura das armas publicando livros, fazendo filmes, eventos diversos, tendo como alvo os jovens, tudo com dinheiro público da Lei Rouanet, para que aprendam a se defender contra o Estado? Cadê os programas decentes de primeiro emprego para jovens?
Assim como as famílias abaladas por problemas a que nos referimos no início, o Brasil está correndo perigo. Parte dos seus adultos foi para a “guerra cultural” com o fito de destruir o que conseguimos no processo civilizatório; outra parte, sequelada de outros embates, parece que perdeu o bom senso; no meio, um grupo relativamente grande, locupleta-se com a monetização das suas maldades. Enfim, todos batendo cabeça, e não conseguem elaborar um projeto de país melhor. Ainda temos o resto, rico, pagando pouco imposto, que não está nem aí para o que será o amanhã.
Os jovens, maiores de 16 anos, precisam votar! Eles têm sido as maiores vítimas e deles é o futuro. Seus votos influirão no processo de escolha dos novos governantes. Se não acertarem agora, repararão o erro, quando possível. Se votarem, seja qual for o resultado, começarão a nos livrar de uma catástrofe anunciada.
Views: 16