Comemorar a Semana da Pátria e do Amazonas sempre foi uma honra para os jovens do meu tempo de estudante do Instituto de Educação…
… tradição que vinha de longe e, segundo me contavam os antigos, desde os anos 1930 com Getúlio Vargas que essas práticas passaram a ser cultivadas. Com tais festejos vivi momentos de grande emoção, de fortalecimento vigoroso do sentimento de amor à Pátria e um motivo a mais para procurar entender as lutas pela autonomia política amazonense.
Na minha casa dava-se uma euforia geral. Todos os irmãos quase ao mesmo tempo em preparativos para os desfiles oficiais. O público corria para assistir, desde cedinho da manhã, fosse na Avenida Eduardo Ribeiro, na Praça General Osório, na Rua José Clemente ou na Avenida Getúlio Vargas, mas tais mudanças em nada influíam na nossa alegria e entusiasmo. Nas galerias ou bem junto aos cordões de isolamento, felizes e apaixonados pelos filhos lá estavam Lourenço e Sebastiana Braga explodindo de encantamento, todos os anos.
O traje de gala vestia os mais velhos, sempre postos em posição de destaque nos primeiros pelotões do Colégio Estadual, do Instituto de Educação, do Colégio Dom Bosco. Fardas engomadas a ferro pesado e alimentados à carvão, saíam das mãos hábeis de nossa mestra e mãe querida, irretocáveis. As espadas de oficial do Exército eram emprestadas, dentre outros, pelo professor Aristóteles Alencar e por Evandro Carreira, as quais, depois de bem polidas rivalizavam com as fivelas dos cintos, (e haja limão, pasta de dentes e kaol), as polainas bem armadas, os sapatos brilhantes e as gravatas e galões que completavam a farda solene com o quepe ou a boina, elegância que, por certo, custava dinheiro muito suado a nossos pais, mas dava-lhes orgulho preparar cidadãos honrados para a vida futura.
As meninas – Ana Maria que agora é anjo nos céus de amor – e Maria Justina, sempre muito bem aplicadas nas provas, alunas dedicadas e moças bonitas e elegantes, mereciam tratamento especial com suas fardas de norma lista, e quase sempre apontavam na frente de todos os grupamentos, pouco depois das balizas que faziam as suas demonstrações com charme e beleza, muito bem preparadas pelos nossos professores, entre ele so Gadelha e a Arthemis.
Os mais velhos – João, José e Lourenço estivessem no Dom Bosco ou no Colégio Estadual, davam o que falar. Usar o “castelo”, que era o emblema do Ginásio Amazonense (Colégio Pedro II) e desfilar após o cão mascote que formava com a tropa juvenil, aumentava o orgulho de qualquer um. Trajes brancos, espadins, quepes, polainas e botões dourados, faziam daqueles meninos crescidos verdadeiros heróis imbuídos de grande amor pelo Brasil e, ao mesmo tempo, encantados pela missão que lhes cumpria executar com garbo.
Vivi essas alegrias por mim, por eles, e, mais especialmente, por meus pais que tudo faziam para oferecernos momentos tão especiais quando nos destacávamos dentre tantos outros também felizes e orgulhosos estudantes amazonenses.
Emoção maior foi quando me tornei integrante e líder da banda marcial do Instituto de Educação, como caixinha, ao lado de Octávio Monteiro dentre outros fraternos amigos, seguindo os passos do Lourenço que me precedera nessa importante função. Tufava o peito como se fosse herói de guerra, completamente apaixonado e transbordando civismo, a tal ponto que, depois de virar acadêmico do curso de Direito algumas vezes voltei ao IEA para ajudar a banda a definir sua formação e a marcar o ritmo certo que permitisse a boa cadência para os desfiles.
E, como se não bastasse, anos mais tarde foi a banda do Colégio Estadual que marcou o ritmo do meu coração apaixonado e animou minhas tardes de amor.
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