Manaus, 16 de setembro de 2024

Festival folclórico do amazonas

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Surgiu uma praça ampla denominada de Francisco Pereira da Silva, mas chamada de Bola da Suframa, e foi nesse recanto que resolvi instalar o festival pelos anos 1970.

Há muitos anos passados havia grande tradição de folguedos folclóricos e festejos populares pelas bandas do bairro da Cachoeirinha, principalmente centrado no Arraial do Pobre Diabo, movimento que mobilizava a comunidade local e acabava por reunir muita gente das circunvizinhanças.

João Nogueira da Matta, misto de político, cronista e historiador amazonense, descreve muito bem a agitação que se passava quando do mês de junho, contando sobre a arrumação das casas, os desfiles e apresentações de brincadeiras, as fogueiras e as adivinhações que animavam parte da pequena cidade de Manaus.

Foi aproveitando esse clima festeiro que Mário Ypiranga Monteiro, lá pelos anos 1940, no século passado, resolveu organizar uma demonstração conjunta de vários desses grupos folclóricos, sobre os quais se debruçava em pesquisa social havia muito tempo. Deram-se então, os festivais que ao mesmo tempo serviam para apoiar outras ações comunitárias em derredor de Santo Antônio e da capela a ele oferecida como ex-voto.

Anos mais tarde, reconhecendo a importância e o potencial para promoção de imprensa, a empresa Archer Pinto passou a organização o Festival, dessa feita no Estádio General Osório, com apoio do governo do Estado e da Prefeitura de Manaus, dando-lhe o título de Festão do Povo. Eis então que surge um novo organizador, o jornalista Bianor Garcia e foi iniciada a disputa por premiação que contribui para a descaracterização dos folguedos.

Foi essa iniciativa que conferiu maior dimensão e amplo conhecimento pela cidade as essas brincadeiras juninas, valorizou as famílias e grupos interessados em danças folclóricas como diversão e lazer, e outros poucos empenhados em pesquisa como expressão cultural. Foi assim que, por longo tempo, o atual estádio do Colégio Militar de Manaus se transformou em palco de belos espetáculos, acirradas disputas e ponto de encontro das famílias, jovens e estudantes, e praça de guloseimas típicas da época.

Quando perdeu o patrocínio desse órgão de imprensa, em razão da crise econômico-financeira que se abateu sobre a empresa e seus proprietários, coube ao governo assumir a sua realização, e, apesar de algum interesse no tema, o festival andou perambulando, sem eira nem beira, por vários locais. Ampliada a malha viária da cidade surgiu uma praça ampla denominada de Francisco Pereira da Silva, mas chamada de Bola da Suframa, e foi nesse recanto que resolvi instalar o festival pelos anos 1970, com apresentações em imenso tablado de madeira, dando-lhe a casa definitiva. Depois, no mesmo lugar, foi implantado o Centro Cultural dos Povos da Amazonia após as celebrações religiosas como Papa João Paulo II.

E neste centro muito especial que tenho orgulho de haver criado que vem se realizando a 64’edição do Festival Folclórico do Amazonas, sob nova dimensão, estrutura e distribuição de grupos e sem a raiz original, mas isso não diminui a sua importância como manifestação típica da nossa gente, evento que é da maior relevância e tem o prestígio popular. Sei desse valor e dessa importância porque dele participei e o organizei por longos anos, convivendo com dirigentes, brincantes e jurados.

Por certo serão noites agradáveis e felizes não só para os participantes de boi bumba, quadrilhas, pássaros, danças regionais e nacionais e cangaços, por exemplo, mas, também, para os que tiverem a ventura de acompanhar, aplaudir e perceber do que somos capazes em arte, folclore e cultura popular.

Vida longa ao Festival Folclórico do Amazonas.

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