Ao contrário do que se poderia pensar, compreensivelmente, em razão da semelhança ortográfica, as palavras Hipócrates e hipócrita, possuem origens e significados diferentes.
Ambas derivam do grego, mas Hipócrates, que significa “eu domino o cavalo”, acabou virando nome próprio, que ficou famoso com o “Pai da Medicina”, Hipócrates de Cós, nascido na cidade de Cós em 460 a.C, a quem, até hoje, os profissionais do ramo rendem honras. É o seu juramento que recitam durante a colação de grau nas universidades, prometendo segui-lo por toda a vida. Hipócrita, por seu turno, surgiu com o sentido de adjetivar aquele que, faz um papel numa peça de teatro e que “evoluiu” para designar aquele que finge ter virtudes, ideias e expressa sentimentos que, em verdade, não os possui, mas que exige que os outros adotem como parâmetros.
Um médico, portanto, herdeiro de Hipócrates, jamais se poderia conduzir com hipocrisia, com fingimento, com evasivas, haja vista que, lidando com a saúde humana, com a vida, nosso bem mais precioso, sua conduta se deve pautar pela verdade e pela transparência, inclusive naqueles casos em que não existe remédio e a finitude precisa ser decretada ao paciente e aos seus familiares, que até o momento derradeiro cultivam a esperança.
A nota lamentável, que devo registrar, a propósito, porque me deixou indignado, é a de um famoso médico que, estando no comando das ações contra o coronavírus na maior capital do país, exercendo, portanto função pública e, acometido da enfermidade, nega-se a dizer se usou determinado remédio para curar-se, embora tal medicação fosse prescrita pela sua clínica…
A maioria absoluta dos médicos e também dos demais profissionais de saúde, graças a Deus, seguem rigidamente as boas normas ditadas pelo grande Hipócrates, muitas das vezes colocando em risco a própria vida, para salvar aquela outra, que está aos seus cuidados, como podemos ver, agora, na luta que travamos contra essa pandemia.
Eu sugiro, até, que vencida a praga, as Casas Legislativas (ALE-AM e Câmaras Municipais) promovam uma grande solenidade, a fim de entregar a cada um desses combatentes, inclusive in memoriam, pois alguns já sucumbiram em plena batalha, um dourado Diploma de Honra ao Mérito, que expresse o reconhecimento, a gratidão e os aplausos da sociedade. No mesmo sentido, sugiro que os Executivos (Governo do Estado e Prefeituras) olhem para o setor com maior cuidado, remunerando melhor e pagando em dia essa gente de fibra e de fé, que está de prontidão quando mais precisamos; ampliando também a capacidade dos hospitais e dotando-os de equipamentos suficientes para atender grandes demandas; e, por fim, por ser de justiça, indenize as famílias daqueles agentes públicos que se contaminaram e que tombaram durante a refrega. A eles, toda honra e toda glória será devida!
E aqui, igualmente, quero exaltar a postura do Conselho Regional de Medicina (CRM-AM), cujo presidente é o doutor José Bernardes Sobrinho, que editou a Resolução 101/2020, a qual recomenda o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes acometidos de COVID-19, desde o início, em graus leves e moderados , pois se têm revelado eficazes, a fim de evitar a evolução da patologia para sua forma mais grave, que necessite de UTI, pois os hospitais de Manaus não têm leitos e nem respiradores suficientes, sendo o risco de usar o medicamento infinitamente menor do que a morte certa por ausência dos equipamentos. A isso se chama sensatez.