Manaus, 22 de novembro de 2024

Maués: Pisando na História

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Estive em Maués, neste inicio de junho para participar de um evento do Curso Presencial Mediado de Tecnologia de Gestão Pública da Universidade do Estado do Amazonas e essa viagem marcou, de forma densa, minha vida pessoal e profissional. A cidade e suas gentes, a eficiência dos alunos, a dedicação dos docentes e dirigentes do Núcleo da UEA, foram fatos relevantes para o sucesso da apresentação do encontre que revelou um diagnóstico do município nas áreas de: “Educação e cultura”, “Esporte e lazer”, “Agropecuária e agroindústria”, “Emprego e renda”, “Acesso à justiça e segurança pública”, “Orçamento público”, “Saúde e qualidade de vida” e “Saneamento básico e meio ambiente”. Esses temas foram objeto de trabalho teórico-prático de pesquisa, repassados aos alunos da disciplina Metodologia do Trabalho Cientifico que ministrei junto com o Prof. Dr. Walmir de Albuquerque Barbosa, para 25 (vinte e cinco) municípios do Amazonas. Pena ser impossível estar em todos ao mesmo tempo.

Confesso que durante minha vida profissional como pesquisador e professor de ensino médio e universitário em vários locais do país, principalmente São Paulo, Rio Grande do Sul, Roraima e Amazonas raramente vi tanto entusiasmo e dedicação como nesta bela cidade fortemente associada à etnia saterê-maué.

O evento

O coordenador geral do curso é o professor da UEA Aderli Vasconcelos Simões e, em Maués, o apoio eficiente e decisivo foi dado pela Gerente do Núcleo – Profa. Chrystianne Sales Teixeira e pela Profa. Assistente Glauciema Socorro Batista Moreira. Os resultados da pesquisa, apresentados em painéis visuais e sob a forma de comunicação oral, muito mais que evidenciar deficiências, sinalizaram rumos para corrigir os equívocos e erros do passado.

Parênteses

Um dos alunos – Reinaldo Silva dos Santos – é um saterê-maué e aproveitei para perguntar sobre o nome correto da etnia e ele me ensinou que o correto é saterê maué (é aberto) e não saterê-mauê (ê fechado). Ponto final na dúvida.

Pisando na história

Levados pelo Mauro Negreiros de Oliveira, eu e o prof. Aderli fomos até a margem oposta do rio Maués, visitar a Comunidade Vera Cruz, cuja marca visível de longe, é a torre de sua igreja dedicada à Nossa Senhora da Piedade cuja festa é realizada em dezembro, embora em setembro a devoção se direcione para N.S. das Dores.

Na comunidade vivem 89 famílias (cerca de 400 pessoas) que moram e andam sobre um solo atapetado por artefatos fabricados e usados por ancestrais povos dos ecossistemas. São fragmentos cerâmicos, peças talhadas em pedra dura e bordas de vasilhas de barro enterradas, tudo preservado e respeitado pelos comunitários (adultos e crianças), numa atitude que eleva aquele lugar para a categoria de relicário histórico.

A Escola local – Higina Bonilha Rolim – é coordenada pela professora Luciana Lopes que orientou nossa visita, deu explicações, distribuiu saberes e nos levou até sua casa onde, ao lado da cama de casal, sobressaindo do chão de terra (preta) batida, se pode ver as bordas de uma vasilha de barro circular, mantida ali como uma original e sacralizada peça decorativa herdada da história.

Para mim a viagem teve marcante significado tanto do ponto de vista profissional como pessoal. A organização do evento, a forma e o conteúdo dos trabalhos de pesquisa dos alunos, a beleza humana, os cenários naturais e construídos que vi e vivi me deram a certeza de que, no presente, o povo de Maués pode olhar o futuro pisando o tapete da história.

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