Manaus, 21 de novembro de 2024

Morte do contista Carlos Gomes

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O historiador Francisco Gomes da Silva, diretor deste Blog, entre surpreso e pesaroso, recebeu a notícia da morte do escritor Carlos Gomes (1936-2023), ocorrida em Manaus em meados da segunda semana de novembro corrente. Segundo a jornalista e escritora Leyla Leong, que, através de seu portal eletrônico trouxe a lume esse infausto acontecimento, o extinto “foi um dos mais sensíveis e talentosos escritores de sua geração. [Carlos Gomes] publicou pouco; praticamente só o seu livro de estreia em 1966, ‘Mundo mundo vasto mundo’, trazido novamente a público pela Coleção Resgate, da Editora Valer em 2001”.

Carlos Gomes, além de professor de língua portuguesa no Colégio Estadual Solon de Lucena, alto funcionário da sucursal do Banco do Brasil e docente da UFAM, exerceu o cargo de secretário municipal de Educação do município de Manaus. Pertenceu ao segundo grupo do Clube da Madrugada (1960-1967), onde ingressou em 1961, e à secção amazonense da União Brasileira de Escritores (UBE), que a presidiu em 1968/1969, sucedendo ao dirigente anterior – jornalista e poeta João Bosco Pantoja Evangelista, também de saudosa memória.

A propósito de UBE/Am, importa referir que essa instituição cultural nasceu graças ao empenho do poeta Elson Farias, auxiliado por alguns companheiros de geração envolvidos no processo de criação e difusão literárias em nível regional. Em meados de 1966 Elson esteve na capital paulista, para onde foi com o objetivo de lançar o livro “Ciclo das Águas”, de sua autoria. Dentre as várias personalidades que conheceu estava o presidente nacional da UBE, que o estimulou a liderar a luta pró-fundação da nova afiliada. De volta a Manaus, Elson Farias reuniu-se com vários intelectuais locais e, amadurecida a ideia, em julho do mesmo ano deu-se a fundação da UBE do Amazonas. Em setembro de 1966 Elson Farias foi proclamado seu primeiro presidente.

Instalada, provisoriamente, numa das salas da Associação Amazonense de Imprensa (AAI), na Avenida Eduardo Ribeiro canto com a rua 24 de Maio, a entidade cresceu e aos poucos foi se firmando no universo cultural amazonense. Meses depois, teve sua sede social transferida para os altos do antigo Palacete Miranda Corrêa, ainda na Eduardo Ribeiro, 938, esquina com a rua 10 de Julho, fazendo frente para o Ideal Clube. As reuniões ordinárias da UBE/Am realizavam aos sábados, impreterivelmente.

Em julho de 1967, ao aproximar-se o final da administração Elson Farias, feriram-se eleições para renovação do quadro diretivo, sendo eleito presidente o escritor João Bosco Evangelista, o qual, em 4 de setembro do mesmo ano (1967), recebeu a faixa presidencial das mãos do poeta itacoatiarense. Na sequência, ao aproximar-se o final da diretoria eleita para o período 1967-1968, o então presidente João Bosco Evangelista convocou os associados da UBE, secção do Amazonas, à terceira eleição da entidade, realizada em julho de 1968, da qual resultou a Diretoria composta dos intelectuais abaixo nominados, que foram empossados em 4 de setembro de 1968:

PRESIDENTE: Carlos Gomes; VICE-PRESIDENTE: Renan Freitas Pinto; SECRETÁRIO-GERAL: Anibal Beça; PRIMEIRO SECRETÁRIO: Aldemir Nascimento; TESOUREIRO: Harley Veras de Menezes; ADJUNTO DE TESOUREIRO: Alexandre Otto; BIBLIOTECÁRIO: Francisco Gomes da Silva.

Segundo noticiado pelo Jornal do Comércio, em 11 de julho de 1968: “A UBE do Amazonas continua oferecendo aos seus associados, dentro de uma programação elaborada pela presente gestão, serviços médicos, assistências odontológica e jurídica, abatimento de dez por cento nas livrarias Acadêmica, Escolar e da Fundação Cultural, e entrada franca aos espetáculos promovidos pela Fundação Cultural, no Teatro Amazonas”.

O historiador Francisco Gomes da Silva ingressou na União Brasileira de Escritores (UBE), secção do Amazonas em 13 de julho de 1968, conjuntamente com os escritores Cosme Ferreira Filho e Adrino Aragão de Freitas. O quadro associativo da instituição compunha-se de 60 membros. A Biblioteca denominava-se Mitridades Corrêa e contava cerca de 500 livros, inclusas 240 obras ofertadas pela família do patrono, falecido à época.

O Bibliotecário Francisco Gomes da Silva, apoiado integralmente por seus colegas de Diretoria, à frente o presidente Carlos Gomes, promoveu uma ampla campanha pró-aquisição de livros, envolvendo doadores de Manaus e de vários estados do Brasil, incluindo autore(a)s de renome, instituições públicas, universidades e demais entidades educativas e culturais. Era uma tentativa de unir arte e ciência, essencial para o saber. Um ano depois, o acervo da Biblioteca da UBE/Am contava mais de 3.000 livros.

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