Manaus, 3 de dezembro de 2023

Olé, Francisco Gomes, marupiara e bom de bola.

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Peço licença ao amigo para me valer de suas palavras de agradecimento, durante a comemoração do seu septuagésimo aniversário, quando declarou que era “extremamente feliz” e que estava vivendo uma nova infância, “jogando bola com o netinho”.

Toda vez que alguém toca no assunto felicidade, lembro-me da Tia Maria que nos abençoava dizendo “Deus te faça feliz, meu filho”, em vez do comum “Deus, te abençoe”.  Era uma bênção direta à felicidade. Falava com tal brilho nos olhos que nos sentíamos marupiaras, mesmo sem saber o que significava marupiara naquela altura do campeonato.

Pois bem, juntando as palavras do homenageado com as lembranças familiares, ouso comparar a vida da gente com um jogo de bola. No início da vida, os nossos pais e professores jogam pela gente, ensinado como se faz a coisa correta. Levam-nos pela mão (literalmente) à escola; ensinam-nos a soletrar e a contar de um a cem; fazem a gente aprender o catecismo. São eles que fazem os primeiros gols pela gente, e fazem festas para as nossas primeiras vitórias. Eles são nossos melhores exemplos a serem seguidos. Dessa forma fazem papel de técnicos e de preparadores, capacitando-nos para as futuras pelejas da vida.

E elas, as pelejas da vida, chegarão mesmo!  E quando chegam, cabe, então, lembrar os ensinamentos recebidos. Pois, na hora de matar a bola no peito, dominá-la, formatar o drible e marcar o gol, é preciso unir a competência aprendida e talento individual. Durante o campeonato da vida, há momentos que você olha para um lado e para o outro e não aparece ninguém pra dar a mão. E a gente quer sempre conquistar, ouvir olé da platéia, marcar gols bonitos. Gol de letra ou de bicicleta, então, é para poucos e em raras ocasiões. E é nesse seleto grupo que se encontra o amigo homenageado.

Pelo seu riquíssimo histórico, foram muitos e muitos os gols marcados, alguns de letras, e outros de bicicleta. Mas não se pense que foram fáceis as vitórias.  Nada disso! Foram enfrentamentos pesados, sim, jogadas duras, adversários truculentos, carrinhos por trás, faltas desonestas. Muitas vezes até o próprio companheiro, ali ao lado, manda uma bola quadrada e você teve que se virar.

Mas tudo bem. Faz parte. E, agora, para embelezar mais ainda a sala de troféus, o amigo marca mais um gol, vencendo as intempéries do tempo, descerrando a placa dos setenta anos de idade, não como final, mas como início de novas pelejas, pois a vida continua.

E, ei-lo aí, atlético vigoroso, bailando com sua Fátima a encher de alegria o salão da festa, com a desenvoltura de um menino debutante, ávido por ritmos novos.

Eu, pessoalmente, fiquei impressionado com o dançarino relevado aos setenta minutos do segundo tempo, incitando a todos a irem à pista de dança. Para mim, fica a metáfora do incitamento, para que continuemos firmes, como ele, na longa pista da vida, tendo o otimismo como estilo de luta.

Olé, amigo Francisco Gomes, marupiara e bom de bola.

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