Manaus, 28 de novembro de 2023

Sempre aos domingos

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Desde meus tempos de menino tenho fascinação por rádio. Quando era muito pequeno, no Principado de Itacoatiara, ouvia uma caixa que falava lá de Londres, de uma tal de BBC contando coisas da guerra. Eu não entendia nada, mas vez em quando tocava uma música forte que eu gostava muito. Quando mudamos para Manaus meu pai adquiriu um rádio Philips, a válvulas, que era pequeno, mas muito eficiente na captação dos sinais das duas rádios que existiam aqui, a Baré (PRF-6) e a Difusora (ZYS-8).

Ainda guardo na memória alguns programas como o que era comandado por Jaime Rebelo, que morava perto de casa na Leonardo Malcher e era transmitido pela Rádio Baré. Também me lembro do programa do Rômulo Gomes e da crônica do jornalista Josué Claudio de Sousa, na Difusora, no meio do dia.

NOVOS TEMPOS.

O tempo passou, novas emissoras foram surgindo em ondas curtas, médias e longas e, por último em frequência modulada, com uma qualidade de som muito melhor. Continuei como ouvinte assíduo e, quando fui estudar no Rio de Janeiro vi, pela primeira vez, uma televisão com imagens em preto e branco. A pensão ficava na Rua São Salvador, entre o Catete e Laranjeiras, perto da praia do Flamengo onde, pela primeira vez vi e o mar e entrei em suas águas em tempos livres da poluição que hoje assola a Baía de Guanabara. O problema é que os hóspedes não podiam assistir a televisão de dona Jocasta (a dona) e quando apareceu no Brasil o rádio transistorizado, comprei um da marca Spica onde ouvia música, noticiário e os jogos do Flamengo.

DE VOLTA PARA MANAUS.

Quando retornei para Manaus, na casa de minha mãe tinha uma televisão pequena onde ela assistia todos os programas da TV Ajuricaba, com essa modernidade tendo acabado com o “bate papo” noturno na calçada com a família e vizinhas.

O RÁDIO HOJE.

Hoje continuo muito ligado em rádios principalmente a noite quando, depois do jantar, dou uma bordejada pela Avenida do Turismo, pela ponte ou vou até a Ponta Negra, locais que me permitem abrir o vidro do carro e respirar ar puro. Na verdade, são poucos os programas que valem a pena, pois os apresentadores, de um modo geral são inimigos da língua portuguesa, da cultura e do bom senso, porem aqui e ali sempre se acha um espaço com boa informação e música de qualidade.

Aos domingos, frequentemente, vou almoçar em algum restaurante nas estradas que saem de Manaus e sintonizo o rádio no Programa “Sempre aos domingos”, na 94,3 – FM do Povo – que é produzido, dirigido e apresentado pela minha amiga de muitas luas (como ela me tipifica) Ana Rita Antony.

O programa é muito agradável não apenas por tocar sempre as melhores de canções nacionais e internacionais, antigas e atuais, interpretadas por vozes memoráveis, mas também pela forte participação da apresentadora. Uma característica que indica a qualidade é o fato da voz de Frank Sinatra abrir e fechar esse programa de qualidade rara no rádio amazonense. Durante mais ou menos uma hora e meia Ana Rita presenteia os ouvintes com músicas e mensagens de qualidade, recebendo cumprimentos de seus ouvintes desconhecidos e de amigos.

A Ana é de uma tradicional família amazonense, cujo patriarca foi Aristophano Antony foi um intelectual de destaque como jornalista, membro da Academia Amazonense de Letras, proprietário do jornal A Tarde, presidente da Associação Amazonense de Imprensa e presidente o Atlético Rio Negro Clube em cujas festas Ana Rita era figura de destaque. Educada e bonita, Ana era “figurinha carimbada” do “high society” sendo importante destacar que, além disso, tudo, ela era uma exímia dançarina muito requisitada pelos jovens que dançavam bem como o Gilberto Monteiro e o Paulo Barateiro. Esse lado de sua vida está na raiz de ela, durante o programa, estar sempre convidando seus ouvintes a dançar, com um par ou com uma vassoura, pois como ela diz e sugere, dançar faz bem para a mente e para o coração.

Só perco o programa “Sempre aos Domingos” quando algum compromisso me impede, pois sei que esses momentos estão entre os poucos em que as rádios de Manaus oferecem música de qualidade com uma apresentadora que tem cultura, história e tradição amazônica.

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Uma resposta

  1. Tenho uma marcenaria, e quase “sempre aos domingos ” vou até lá para fazer algum trabalho e principalmente ouvir esse programa maravilhoso. O trabalho fica mais prazeroso. Gosto muito dessa bela voz e resolvi procurar a dona dela aqui. Que O Eterno lhe de muita saúde pra vc continuar nos alegrando com esse programa que nos faz viajar ao tempo em que realmente se faziam belas canções, um grande abraço.

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