Manaus, 21 de junho de 2025

Teatros do Amazonas

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O teatro sempre esteve presente no Amazonas. t mesmo um teatro o símbolo principal o estado. Quando a opulenta sociedade dos barões do látex decidiu construir uma espécie de monumento ao seu poder econômico, erigiu uni teatro de óperas como outrora outros povos tinham construídos catedrais. Muitas outras civilizações lograram menos. Sabemos do trabalho teatral de Tenreiro Aranha, o primeiro artista expressivo do Amazonas.

O amazonense foi ao lado de Antônio José, o Judeu, um dos dramaturgos brasileiros do século XVIII, com a vantagem de ter exercido o seu ofício teatral no Brasil, na cidade de Belém, precisamente durante a crise final do colonialismo português. Com o ciclo da borracha o teatro no Amazonas saltará, sem qualquer preparo, do arraial de igreja para o profissionalismo burguês. Sairá do “Drama da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo” para “Mulheres em Penca”. E como a atriz que interpretava a Virgem no drama da Paixão certamente não poderia interpretar uma zarzuela picante, importaram o elenco ideal para os novos tempos. O teatro que imperaria nas temporadas de Manaus, entre 1890e 1918, será um teatro profissional, inscrito nas avançadas relações de mercado. Poucas cidades brasileiras experimentarão este fenômeno. O teatro feito por amadores desaparecerá quase que completamente. Manaus receberá um contingente de músicos, atores, atrizes, cantores líricos e bailarinos, oriundos dos mais diversos quadrantes de terra, que se Instalarão e formarão uma classe teatral. Além desses fixados, centenas de companhias acionais e estrangeiras farão temporada em Manaus. Tanto essas companhias, quanto as produções locais, contarão com uma verba de incentivo retirada os cofres públicos, mas o risco correrá por conta do empresário. Durante quase trinta anos os palcos de Manaus serão territórios exclusivos dessas trupes compostas por artistas aventureiros decididos a enfrentar os rigores dos trópicos.

Foi uma época que se permitiu deixar muitos monumentos arquitetônicos e poucos exemplos de peças teatrais. Alérnde Thaumaturgo Vaz, que escreveu muitas revistas musicais satíricas encenadas anualmente, os anos loucos da borracha conheceram alguns dramaturgos de boa qualidade, sendo o mais expressivo desses Coriolano Durand (1878-1937), autor de um curioso vaudeville simbolista intitulado “Vende-se”, de 1908, da alta comédia “A Chama”,de 1910. Foi também Coriolano Durand o autor do espetáculo teatral mais popular da época, a opereta “A Marquesinha” com músicos originais do maestro Sobreira Lima.Um outro autor, Benjamin Lima (1885-1948), exerceu considerável influência à época. Era crítico de teatro e cinema militante, homem de grande cultura e convicções políticas progressistas, sempre lutou por um teatro menos superficial e irresponsável como o que se produzia em Manaus. Escreveu um texto que se tomou célebre, “O Homem que Marcha”, agudamente crítico e por isto mesmo interditado pela censura da época. Benjamim Lima preocupava-se com a qualidade das encenações, detestava o improviso, as interpretações estereotipadas e inconsequentes, a mania do ponto que fazia dos atores e atrizes meros repetidores de frases que não sentiam e nem compreendiam.

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