Manaus, 19 de junho de 2025

Uma visão conjuntural

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Com a apreciação da Câmara sobre a denúncia contra Temer, ocorreu uma das mais importantes votações do país, sem manifestações  nas ruas, insinuando um alheamento do eleitorado com a classe política.

A decisão não absolveu o presidente, será investigado após deixar o cargo e tentará provar a improcedência da acusação que, para alguns, é inepta. Embora a denúncia não fosse conclusiva, havia um razoável conteúdo de fundamentação, respaldado por coincidências comprometedoras.

A Justiça julgará a acusação contra o presidente, inclusive esclarecendo onde, quando e como Temer teria recebido R$ 500 mil. É possível que outras investigações ou delações esclareçam tais circunstâncias.

A definição trouxe certa estabilidade para continuar o quanto antes com as medidas necessárias ao equilíbrio da economia e evitou o risco de mudanças na boa equipe econômica. Para Nelson Jobim, o que foi votado não era se a denúncia estava certa ou errada, pois não cabe à Câmara tal decisão. A culpa de Temer não foi objeto do julgamento. Julgou-se apenas a conveniência ou não do seu afastamento.

Interessante constatação foi que no dia da rejeição da denúncia, o povo ficou em casa e não bateu panela, embora pesquisa do Datafolha indicasse 65% da população a favor da sua aceitação.

É verdade que o resultado atendeu dispendiosas negociações e conveniências ideológicas. O convencimento dos deputados teve um custo elevado, que será bancado por todos os brasileiros, pois contou com liberação de verbas parlamentares e vantagens tributárias à bancada ruralista.

Nos regimes democráticos as decisões por maioria devem ser respeitadas, goste-se ou não do decidido, senão o regime torna-se ditatorial.

Será relevante que os políticos acelerem as reformas necessárias e aprovem atualizações nos sistemas previdenciário, tributário e político, por ser difícil enfrentar gastos crescentes e sem controle, como o previdenciário, que comandam a elevação das despesas públicas.

Muitos compreendem que não convém trocar de presidente a 15 meses de nova eleição, e o atual acabou se salvando por não haver alternativa, visto que Rodrigo Maia (DEM-RJ) não entusiasmou muito como substituto. E não será fácil para ninguém governar um país com uma herança maldita de recessão e desemprego. Todavia em meio à instabilidade política, o país precisa ir em frente, ainda que em ritmo de lenta recuperação.

Já é tempo de se avaliar se o Estado não precisa diminuir o seu tamanho, ante o pesado custo que representa para o Erário.

Apesar de tudo a economia dá sinais de recuperação, a inflação tem caído mês a mês, a taxa de juros chegou a um dígito e até o desemprego de 13,5 milhões de pessoas começa a recuar.     Segundo dados do Banco Central, a poupança ficou no azul no terceiro mês consecutivo, em que os depósitos superaram os saques.

A verdade é que sem mudanças urgentes não tem como a União atender os benefícios como aposentadorias e outros à conta do INSS. Independente de quem estiver na presidência, as reformas serão indispensáveis e a da Previdência é a mais importante causa do descontrole dos gastos públicos.

A grave crise mostra a necessidade urgente das reformas, e adiá-las, será atrasar a saída da recessão.

O mais lamentável é que a carga de impostos é insustentável e onerosa e ainda querem aumentá-la, e o pior é que não há uma equivalente contrapartida em saúde, educação e segurança.

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