Manaus, 19 de junho de 2025

Vencer na vida

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“Essa conhecida expressão popular não se resume apenas a um conceito do povo, de modo geral, mas alcança ser uma aspiração pessoal de todos os homens… 

… especialmente aqueles que, de origem humilde, precisam superar todo o tipo de dificuldades para conseguir letrear-se, constituir família, preparar os filhos, construir o futuro para si e para os seus. Há muitos exemplos que podem ser utilizados, e a cada vez que pesquiso sobre a vida de algum amazonense, sempre me deparo com personalidades dignas desse destaque.

É o caso de Francisco Severiano Nunes, nascido em 1853, filho de Maria do Carmo Souza Pacca. Como era comum entre as famílias mais pobres da cidade naqueles anos em que havia poucas escolas, foi aluno do Estabelecimento dos Educandos e Artificies, casa de ensino na qual além das primeiras letras recebiam formação profissional de alfaiate, marceneiro, sapateiro e ferreiro, atividades mais requisitadas, e deve ter participado da banda musical da escola.

Sua boa formação e certa projeção social que conseguiu anos mais tarde ensejaram registros elogiosos da imprensa quando de seu falecimento por volta de 47.anos de idade: “ele, como bom amazonense que era, soube elevar-se a custa dos seus próprios merecimentos e viver nessa sociedade sempre respeitado ‘estimado pelos seus coestaduanos,” também porque mantinha escola primária na própria residência, para crianças pobres.

Em 1878 era eleitor, com 25 anos, com a profissão de artista, na Rua dos Barés, iniciando o envolvimento com a política partidária que o levou a participar dos partidos Federalista, no império, e Nacional, criada em 1890, ao lado de Jonathas Pedrosa, Agesilau Pereira da Silva, Henrique Ferreira Penna, Sérgio Rodrigues Pessoa, Raymundo Monteiro Tapajós e Francisco Pinheiro, logo após a proclamação da República. Em 1891 foi candidato ao Congresso de Representantes e um ano depois se posicionou contra as eleições para escolha de novo Congresso de Representantes e governador, convocadas por Eduardo Ribeiro, após a derrocada de Thaumaturgo de Azevedo. 

Francisco era dono e o mestre da Marcenaria “Cosmopolita”, uma das mais chiques da época, na Rua Sete de Dezembro, para todo tipo de móveis de qualidade como guarda roupa, guarda louça, cama, mesa, lavatório, bidê, mesa de sala de jantar, estante para partitura, mesa elástica, bastidor, bengala, régua, banco, cabide e baú, fornecendo as clássicas mobílias das escolas, do Palácio e do Museu Botânico.

Teve todos os destaques, seja no Júri Popular, na irmandade do Santíssimo Sacramento, na política partidária, na Imperial Sociedade Artística, membro da Santa Casa de Misericórdia, posições que eram de destaque social e religioso católico, aspirada por muitas pessoas, o que lhe permitia, também boas relações sociais e familiares, e comerciais, em uma cidade ainda acanhada.

Ao falecer era Capitão da Guarda Nacional, no dia, 9 de novembro de 1900, por certo afirmando aos seus pósteros que soube vencer na vida pelo trabalho e honradez, destacando-se na sociedade.

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