Manaus, 1 de dezembro de 2023

ZFM, vamos fazer diferente, novamente! 

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“Tecnologia da informação e comunicação, indústria e bioindústria 4.0, são produtos preciosos e consequências da economia da ZFM. Um caminho sem volta, queiram ou não queiram os paraquedistas ministeriais e seus vaticínios sinistros e ameaçadores. A melhor maneira de tratar com isso é fazer dessa cantilena uma novena de libertação e transpiração”. 

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Zona Franca de Manaus, a partir dos recursos gerados por seu Polo Industrial, e a despeito das restrições, embargos de gaveta da burocracia federal, soube aproveitar do próprio ambiente de negócios que ela oferece para fomentar trilhas de diversificação. O conjunto de demandas que as indústrias firmaram nos últimos 55 anos, serviram para apontar os rumos de adensamento fabril que vai assegurar sua perenidade, na medida em que demonstrarmos, de uma vez por todas, a relação harmônica entre economia e ecologia. Um desses rumos é a economia digital associada à robótica – duas realidades dos tempos modernos absolutamente irreversíveis – que, em princípio, eram encaradas como o fantasma do emprego no modelo clássico de produção industrial – e que hoje conseguiram demonstrar incontáveis argumentos e instrumentos para criar novas saídas. Tecnologia da informação e comunicação, indústria e bioindústria 4.0, são produtos preciosos e consequências da economia da ZFM. Um caminho sem volta, queiram ou não queiram os paraquedistas ministeriais e seus vaticínios sinistros e ameaçadores. A melhor maneira de tratar com isso é fazer dessa cantilena uma novena de libertação e transpiração.

Essas mudanças na economia sempre escondem oportunidades, já dizia o consultor da Indústria do Amazonas, José Marcio Mendonça, um genial jornalista que nos ajudou a segurar a peteca da oposição empresarial do Sudeste com inteligentes sacadas mineiras de seu vasto repertório. “O desafio é identificá-las e transformá-las com eficácia criativa”. O fantasma da tecnologia deve ser tratado com criatividade que transforma surtos de paranoia em novas brechas de empregabilidade e prosperidade. Enquanto uns choram outros fábricas colírios para disfarçar/desconstruir lamentação e fracasso. Foi assim no desespero causado pelas notícias da pandemia. De uma hora pra outra, a lamúria deu lugar ao combate da penúria e nossas habilidades se transformaram em providências de surpreendente inspiração e soluções.

O trabalho, o ensino, o comércio, entre outras atividades, passaram a ser feitos à distância em quase 100% daquilo que era feito no formato presencial até então. Ou seja, a tendência da civilização é o ócio, já dizia Jacques Cousteau, um naturalista francês do Século XX, que se apaixonou e casou com a Amazônia e sugeriu a Ritta Bernardino, um empresário amazonense do setor de hotelaria, a fazer um hotel de selva, o Ariaú Amazon Tower. O ócio ainda não é predominante nas economias globais mas a redução da carga de trabalho, pós-pandemia tem tudo para emplacar. E, nesse contexto, qual seria a base econômica de nossa economia, hoje dependente quase integralmente do Polo Industrial de Manaus? Nada que implique em substituí-lo e sim interiorizar suas expertises e benefícios.

Lago com árvores em volta

Descrição gerada automaticamente

O Ariaú Amazon Tower

Hoje a produção artística no universo digital de criação, provocação e reconstrução de utopias, revoluciona o próprio conceito da obra-de-arte como fator disruptivo da ordem convencional. O insight é uma ante-sala de uma fábrica virtual de soluções e aplicações em todas as direções e atividades da vida no planeta e fora dele. Por isso, também é preciso descobrir os ovos de Colombo da chamada economia criativa, que se espalham em profusão na Amazônia. Pense no desenvolvimento da biotecnologia, ou na tecnologia da informação e da comunicação, duas áreas em que nós podemos, devemos e precisamos avançar. No caso da Amazônia, com esse acervo monumental de floresta e genética, a busca de novos fármacos, da cosmética e da indústria nutracêutica, a partir da biodiversidade, ganha nuances inusitadas, inimagináveis no curto espaço de tempo que se passou. Aqui, quem prestar atenção, vai descobrir as trilhas de uma nova economia, sustentável e humanizada.

Basta ver, a partir da iniciativa do Polo Digital de Manaus, asssim como ocorreu com dezenas de outras cidades pelo país afora, o clima gratificante de vaidade civil com os eventos mobilizadas por múltiplasas tribos de naturalização de um espetaculoso e maravilhoso amanhã. Mais de 100 startups e surpreendentes tecnologias que, há bem pouco tempo, ninguém supunha poder emplacar e desenhar cenários de inovação. Graças, em grande parte, no nosso caso, ao clima de desafios e da necessidade de soluções para os gargalos diários do verbo fabricar, improvisar, avançar, diversificar.

“Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar, rir pra não chorar”, esses versos de Cartola, um negro lavador de carros, descoberto aos 50 anos de idade pela indústria fonográfica, chega chegando a nos dar um presta atenção. Na simplicidade de um dos poetas do povo mais lúcidos e proféticos da brasilidade, ele aponta alertas que nunca foram tão atuais para quem teima em empreender na floresta e aprender, ao mesmo tempo, a protegê-la. “Quero assistir ao sol nascer/Ver as águas dos rios correr/Ouvir os pássaros cantar/quero nascer/Quero viver”. Só não podemos nos dispersar e jogar fora a criança junto com a água de sua sobrevivência e evolução. Sua benção, Cartola, vamos em frente pra fazer tudo do melhor jeito, novamente!

II

ZFM: as novas matrizes e alternativas econômicas

ZFM: as novas matrizes e alternativas econômicas

A hora é de somar, conjugar o verbo construir na primeira do plural, priorizando atores, interesses e demandas locais, identificar os avanços ensaiados, valorizar o saber local, não apenas acadêmico, mas especialmente o saber tradicional, ponto de partida de investigação e ação focada no interesse social e no mercado que desembarca na prosperidade.

Oque são as novas matrizes econômicas de que falamos com mais frequência quando começam os ataques à economia do Amazonas? Poderíamos dizer que são quaisquer atividades complementares às matrizes fabris atuais e seus respectivos suprimentos no processo produtivo e demais serviços e produtos que atendem às demandas diretas e indiretas da dinâmica teimosa do Polo Industrial de Manaus. Uma coisa é verdadeira do nosso ponto de vista: quem entende a história, a necessidade e os direitos do programa Zona Franca de Manaus são aqueles que aqui labutam e definem a necessidade da diversificação produtiva através dos imensuráveis recursos naturais da região.

Em linhas gerais, estamos falando de Bioeconomia dos óleos vegetais, da bioativas e suas aplicações moleculares e nanobiotecnológicas em múltiplas atividades humanas, produção de alimentos com a piscicultura e fruticultura, turismo, precificação de serviços ambientais, comercio do carbono, e ainda incluindo os recursos hídricos, gestão e comercialização desses ativos. Tais recursos, abundantes e mal administrados culturalmente, se somam ao outros também volumosos em quantidade e qualidade no subsolo e demandados pela indústria de fertilizantes etc., etc. Sem falar dos produtos e serviços da indústria 4.0, tecnologia da informação e comunicação.

Pois bem. Em 2015, tivemos uma experiência rica de mapeamento de oportunidades sob o conceito de Nova Matriz Econômica Ambiental, onde assistimos um desfile gratificante de novos caminhos, alguns em andamento, muitos com possibilidade real de poder integrar-se à economia do Polo Industrial. Integrar-se com as políticas e públicas nacionais já é um outro departamento, pois inexiste integração, muito menos política pública que inclua a economia da ZFM. No recente episódio do IPI, em que o preconceito liberal revelou sua enorme disposição para implodir a ZFM, a mídia do Sudeste, porta-voz de desafetos de nossa economia, tratou de maldizer que somos contra redução de impostos.

Relutamos em reconhecer o óbvio: o Amazonas precisa assumir sua sina de Estado apartado. Iremos a lugar algum, porém, com essa má-vontade da União em fazer seu dever de prover a infraestrutura de que nossa região, Amazônia Ocidental, necessita. Um exemplo eloquente é boicote velado – similar ao que ocorre a embromação do PPB – à reconstrução da conexão rodoviária do Estado com o restante do país, a maldita falácia da BR 319. Chega de enrolação e hipocrisia, em nome de interesses inconfessos!

Chega de confisco das verbas aqui conquistadas e legalmente destinadas a diversificação do desenvolvimento, com inovação tecnológica e biotecnológica das cadeias setoriais. Muito mais poderia e deveria ser destinado para o AmazonasChega de boicote as alternativas energéticas, notadamente aquela que aproveita as vocações regionais de produção de energia limpa, como a alternativa solar. Há um acordo tácito da União em impedir a produção de placas e demais artefatos de energia solar. Chega de fogueira das vaidades que impediram nos últimos 22 anos o florescimento do polo de bioindústria com o fortalecimento institucional e funcional do Centro de Biotecnologia da Amazônia.

Se você observar a Portaria da “publicização”, a previsão do CNPJ se dará nos estertores de 2022. Aqui ficamos, qual São Thomé, querendo, torcendo, mas precisando ver para crer. A hora é de somar, conjugar o verbo construir na primeira do plural, priorizando atores, interesses e demandas locais, identificar os avanços ensaiados, valorizar o saber local, não apenas acadêmico, mas especialmente o saber tradicional, ponto de partida de investigação e ação focada no interesse social e no mercado que desembarca na prosperidade. E como preparar a a diversificação senão partilhando os trocados da penúria econômica com o capital promissor da disposição do fazer e do acontecer.

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