Manaus, 22 de novembro de 2024

Zona Franca de Manaus, os passos e descompassos da segurança jurídica

Compartilhe nas redes:

O debate da segurança jurídica tem apontado aquilo de que precisamos para manter, adensar, diversificar e interiorizar o desenvolvimento e resguardar investimentos. São detalhes e nuances compartilhados permanentemente com os parlamentares do Estado e os da Câmara Federal, diretamente empenhados na distinção de descaminhos e descaminhos que possam tomar o debate da reforma tributária no Congresso Nacional.

As indústrias instaladas em Manaus foram manchete no noticiário nacional GloboNews nesta terça-feira. É difícil para o jornalista – enfiado até o pescoço nas pautas mais fragmentadas do cotidiano- transmitir em poucos minutos a razão pela qual a ZFM, Zona Franca de Manaus, mais uma vez, está às voltas com sua segurança jurídica.

A despeito das garantias constitucionais, a economia do Amazonas e da Amazônia Ocidental, e suas contribuições históricas ao país, desde o Ciclo da Borracha, passando pelos serviços ambientais gratuitos, a todo instante precisa lembrar sua política de Estado para os atores e gestores da política fiscal do Brasil. E ainda se faz necessário dizer o que fazemos com uma fatia tão discreta do bolo fiscal de incentivos, mesmo que os demais usuários de incentivos não o façam. E isso parece não ter fim.

No mesmo noticiário, aparecem contradições – não apenas de quem não presta contas ao TCU, Tribunal de Contas da União – de empresas muito robustas que não declaram lucro, porque o transformaram artificialmente em JCP, juros sob capital próprio. Foi citada pelo ministério da Economia, à guisa de exemplo, uma empresa que tem um auto de infração da Receita de R$ 14 bilhões por essa prática. São empresas que não pagam como pessoa jurídica, nem como pessoa física. O assunto já foi judicializado desde governos passados, e se encontra sob avaliação na Suprema Corte.

Vamos torcer para que a justiça desmonte essa armação predatória e que os tais recursos possam sair do calabouço dourado para amparar o novo arcabouço fiscal. E mais, que os responsáveis pela reforma fiscal possam ir adiante na investigação para descobrir o GPS do rombo fiscal que, certamente, não passa pela ilharga da linha do Equador.

E qual o papel das entidades de classe da indústria na Amazônia diante dessa paisagem desconectada entre Brasília e Brasil? Certamente não está nos estatutos, mas faz parte do comprometimento ético, demonstrar, por exemplo e claramente, a diferença entre quem alarga o rombo das contas públicas e quem aplica recursos privados para gerar emprego, renda e oportunidades? Como se dá o processo que aplica e rentabiliza a política fiscal da ZFM como impulsão do desenvolvimento regional?

zona franca de manaus zfm amazonas indústria segurança jurídica

Como alertar a opinião pública para as sequelas deste abismo que separa as regiões do Brasil e no interior delas a precária partilha de recursos gerados por quem investe e produz?

As entidades de classe da Zona Franca de Manaus, com efeito, se tornam mais organizadas, qualificadas e combativas. Ou seja, aptas a resguardar o amparo jurídico de todos os direitos e responsabilidades de seus representados e alertar, com firmeza e diplomacia, a necessidade da segurança jurídica. Algumas exigências, portanto, no exercício da rotina diária das entidades são fundamentais, sobretudo aquelas já incorporadas pela governança das próprias empresas, com resultados robustos e processos demonstrativos testados e aprovados.

Quando, porém, iremos contemplar uma experiência de gestão pública participativa nos processos vitais de planejamento e decisão? Os benefícios dessa prática costumam ser maiores que a insegurança de quem se recusa a assimilar a mudança. A adoção participativa ensina, entre outras reflexões, porque te os uma estrutura de fala e duas de audição. É preciso, portanto, ouvir o outro. O que gera a riqueza e o que a administra.

Por que não adotar um formato que, sem descartar a liderança executiva, prioriza a confiança e o exercício da colaboração em clima pleno de liberdade? Todos têm sempre e muito com que colaborar. Daí a ideia dos conselhos deliberativos que trazem suas bagagens corporativas para respaldar encaminhamentos. E para uma entidade que se preza esta é uma cláusula pétrea.

Em tempos de reforma tributária, as empresas precisam adotar o propósito comum de debater e assegurar as condições e exigências de todos os envolvidos com a economia da Zona Franca de Manaus, suas necessidades e direitos. E este propósito remete à própria existência de uma entidade de classe e seu compromisso com o tecido socioeconômico e ambiental está inserida. Ou seja, efetivamente atenta e responsável pelos destinos da região e do país. Por isso, a ela é vetado o direito à procrastinação. A ela, quando antenada e comprometida, cabe saber a hora e nunca esperar acontecer.

O debate da segurança jurídica tem apontado aquilo de que precisamos para manter, adensar, diversificar e interiorizar o desenvolvimento e resguardar investimentos. São detalhes e nuances compartilhados permanentemente com os parlamentares do Estado e os da Câmara Federal, diretamente empenhados na distinção de descaminhos e descaminhos que possam tomar o debate da reforma tributária no Congresso Nacional. Somos poucos, porém articulados. Entretanto, seremos suficientemente fortes se soubermos somar talentos, compartilhar sugestões, soluções e conquistas que, certamente, daí vão surgir.

II

Gasônia, o padrão Benchimol na fabricação de botijões na Amazônia

Os Benchimol vieram apostar no ciclo da borracha, o período econômico mais pujante da memória amazônica a partir de seu acervo natural. A inauguração da fábrica vem atenuar e consolidar o elo decisivo da cadeia produtiva de geração e distribuição do gás liquefeito de petróleo, produzido pela Fogás, que e vai atender, diretamente, a demanda de energia de todos, especialmente dos lares da região que dependem desta fonte essencial de energia para produção de alimentos.

Forma

Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

Inaugurada neste 1º de Maio, Gasônia, a primeira fábrica de botijões de gás da região, sinaliza mais um feito extraordinário da saga Benchimol (*), presente na Amazônia desde que seu patriarca, Israel Benchimol e sua esposa Nina Siqueira vieram para a região, no início do Século XX, e considerada por muitos a nova Terra Prometida.

Os Benchimol vieram apostar no ciclo da borracha, o período econômico mais pujante da memória amazônica a partir de seu acervo natural. A inauguração da fábrica vem atenuar e consolidar o elo decisivo da cadeia produtiva de geração e distribuição do gás liquefeito de petróleo, produzido pela Fogás, que e vai atender, diretamente, a demanda de energia de todos, especialmente dos lares da região que dependem desta fonte essencial de energia para produção de alimentos.

O empresário Jaime Benchimol, presidente da Fogás, e anfitrião do evento, em seu pronunciamento, destacou a importância da iniciativa, sem deixar de comentar as dificuldades burocráticas de quem tem que enfrentar o formalismo do poder público. Um modo estéril de gestão pública que emperra, desde sempre, o empreendedorismo na Amazônia.

Gasônia, o padrão Benchimol na fabricação de botijões na Amazônia

Jaime Benchimol é economista e Presidente de Fogás

Ele agradeceu o apoio das entidades, de alguns órgãos de governo, de fornecedores e apoiadores de mais este sinal de defesa e compromisso com o desenvolvimento regional. Jaime tem percorrido os fóruns que debatem o futuro da região e os embaraços impostos ao crescimento e diversificação econômica. E tem alertado sobre nossas dificuldades de priorizar os interesses da região que precisa de autonomia para assumir o protagonismo da mudança, tomando as rédeas das decisões em favor do Amazonas e da região.

O evento de inauguração da Gasônia homenageou a figura de Saul Benchimol, o último dos três filhos empresários de Israel Benchimol. Os outros dois, Samuel e Israel, nos deixaram há mais tempo. Jaime sublinhou o papel preponderante da figura de seu tio, Saul Benchimol, seu apoio e entusiasmo, falecido no ano passado, sua obstinação por esse empreendimento.

Seu filho, Jonathan Saul Benchimol, teve dificuldades de proferir seu depoimento tal a emoção que tomou conta de suas palavras. Ambos, juntamente com José Benzecry Benchimol, são os artífices dessa empreitada tão determinante para famílias e empresas que atuam na região. E por falar em José Benchimol, que será o presidente da Gasônia, seu papel foi exaltado pelo presidente da Fogás. “Ele foi o idealizador e executor desse projeto”.

A Gasônia, hoje inaugurada, consumiu R$60 milhões e terá seu funcionamento está a cargo de 37 profissionais que vão responder pela produção de 420 mil botijões por turno anualmente. Uma novidade importantíssimo do processo produtivo é que o peso da botija de 13 quilos sofreu uma redução de 32% de seu peso. Gasônia já é, pois, um nome emblemático que deve ser traduzido como gás para mover a Amazônia, no sentido metafórico desta conjugação. A empresa já se gabaritou como referência na fabricação de cilindros, tanques, reservatórios metálicos e caldeiras para aquecimento.

Desde o professor Samuel, pai de Jaime e irmão de Saul Benchimol, autor de 116 títulos sobre a Amazônia, o conceito de sustentabilidade, na conjugação do verbo empreender, foi influenciador no modo de produção referencial para a região. Professor e empresário, Samuel Benchimol é considerado uma das maiores autoridades em desenvolvimento regional da Amazônia. E para ele, “… todo empreendimento precisa ser economicamente viável, socialmente justo, politicamente correto e ambientalmente sustentável”.

Gasônia se referendou, pois, neste princípio da sustentabilidade no desenho e na materialização de seu projeto. E aí se insere o conceito de segurança dos usuários e no transporte e manuseio doméstico, com a redução do peso nas botijas. A novidade nada mais é que um fator de proteção e resguardo do cidadão. Na Fogás, alem disso, os botijões, por segurança, devem ser testados a cada periodicidade estabelecida pelo fabricante.

E agora, o fabricante é um fornecedor reconhecido e qualificado de botijões a gás junto à população. Mais do que nunca, a questão de segurança no transporte e manuseio doméstico de botijões será submetido ao padrão Benchimol de compromisso e responsabilidade com a Amazônia.

(*) Um pouco da história dos Benchimol pode ser conhecido através do livro do historiador Abrahim Baze, ‘Saul Benchimol, a saga de um judeu na Amazônia’. Saul, era o caçula dos sete filhos do casal Isaac Israel e Nina Siqueira, que deu início ao clã dos Benchimol nos primeiros anos do século passado. Outra fonte histórica é a obra Amazônia, Pioneiros e Utopias, de Alfredo Lopes.

Colaboração e fotos de Fabíola Abess CIEAM

Views: 78

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques