O Reino da Mentira é datado e tem o seu marco na Ditadura Militar de 1964 e por quê? Porque o espírito dessa ditadura era de caráter nazifascista, ela não visava apenas o poder político no Estado. Valeu-se de artifícios outros para camuflar como nos combates militares o seu caráter nazifascista, que vem a ser a Verdade da sua Mentira, mesmo num momento em que se acreditava ter vencido e controlado essas forças malignas na política e na sociedade. Até mesmo a Guerra Fria, embate entre EUA e URSS, tinha reservas contra a sua caracterização como tal do ponto de vista ideológico, pois tinha como propósitos: hegemonia geopolítica, domínio econômico, defesa da democracia aos moldes americanos em oposição à ditadura do proletariado soviética. A ditadura brasileira foi além, elegeu o comunismo e os comunistas como inimigos internos; caracterizou como tal, indiscriminadamente, todos os opositores dos donos do poder e adversários dos grupos civis ou mesmo inimigos pessoais dos que a apoiaram como indesejáveis; mascarou o funcionamento dos poderes, mantendo o Congresso e o Supremo Tribunal de Justiça (antiga nominação do STF) garroteados, prestando serviços ao poder autoritário; e, para apresentar-se ao contingente conservador da nação brasileira, retomou o lema fascista de “Deus, Pátria e Família”.
A Ditadura findou sob o manto da “Anistia Ampla, Geral e Irrestrita”, garantindo aos ex-ocupantes de poder e a seus asseclas que todas as suas mentiras e atrocidades jamais seriam contestadas. Tudo, portanto, que lhe fosse imputado de negativo seria tido como Mentira. Seus acólitos, defensores e atores viraram saudosistas e os demais, resignados ou indiferentes. Uma parcela dos brasileiros resistiu e continuou perseguindo o Direito à Verdade, ainda de todo não alcançada. A mentira no poder, que antes da ditadura existia como artifício da política em geral, torna-se um método de apoderação, posse e controle de poder, não só pela classe governante, mas por todos os segmentos que atuam na seara da política, da economia e do controle social via educação, mídias e sistema repressivo do Estado. Até porque eram os mesmos, reciclados, e que vão apresentar-se como arautos da Direita Liberal e Democrática via Partidos Políticos, Organizações da Sociedade Civil, da Mídia e do Sistema Econômico. Como disfarce, se autodenominam como o “Centro Equilibrado entre os dois extremos”, com uma linguagem que serve ao entendimento de poder como terreno propício à mentira: direita e extrema-direita guardam um gradiente muito tênue entre si, apenas divergem em algumas situações e conveniências. A distorção da verdade pela supressão de contextos compõe a linguagem dos guardiões das liberdades civis encobrindo as iniquidades e a indisposição no combate às desigualdades sociais, aos preconceitos, ao radicalismo nos costumes quando estes se veem confrontados pelo feminismo, pelos identitarismos e outros avanços sociais que exigem olhar diferenciado das leis e das práticas sociais. É esse núcleo coeso, ora mais expandido, ora mais reduzido que vira o Centrão da sociedade e da política: vira corrente de “opinião pública conservadora majoritária”, que, quando pode, é contra o aborto, mas a favor da pena de morte e das execuções sumárias pela polícia etc., por entender que “bandido bom é bandido morto”, desde que não seja dos seus ou de “colarinho branco”; que é a favor do corte de gastos com educação e saúde para os mais pobres (gasto com pobre somente aqueles feitos por caridade e proselitismo na hora do voto – o populismo); defende que se mantenha a pobreza, que conforma uma reserva de mão de obra disponível para atender às necessidades do mercado, com salários baixos. Como precisa do voto, não se expressa com clareza e encobre sua verdadeira posição mandando seus ventríloquos exigirem “corte de gastos”’. Os que divergem desse pseudocentro são tidos como Esquerda ou Progressistas e, em parte, emergem do grupo dominante e encontram-se com os que “vem de baixo”, mas não podem fazer tudo, pois não têm apoio da maioria e precisam fazer concessões no jogo político. O progresso é lento, as crises constantes e a nação parece “polarizada”, o que não é verdade, ela é o que é: inculcação conservadora justificada pelas mentiras naturalizadas ao longo da história. Cessará somente com o fim da pobreza, com educação e consciência política, que incluirão os desiguais de hoje no mapa político da nação!
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