Fufuca é o codinome de Sua Excelência, o Deputado Federal André Luiz de Carvalho Ribeiro, Ministro dos Esportes da República Federativa do Brasil, substituindo a desportista Ana Moser. Não sabemos o significado do termo “fufuca”, mas a biografia do ministro também nada fala de suas relações e habilidades desportivas. Sabe-se, no entanto, que vem da elite maranhense, iniciou cedo na política, eleito Deputado Estadual, antes de terminar o curso de medicina. Elegeu-se, em seguida, Deputado Federal e tornou-se muito amigo do atual Presidente da Câmara dos Deputados, aquele que ameaçou recolher a bola de campo se o juiz não deixasse o Fufuca entrar no jogo. Fufuca é uma metáfora síntese do que pretendemos tratar, pode até vir a ser um bom ministro, não podemos afirmar ou negar, pelo menos, gritará para o país inteiro o que está fazendo com a bola que recebeu (coisa que sua antecessora deixou de fazer), agora turbinada com a renda da jogatina consentida, que movimenta bilhões e concorre com outros jogo de azar, legalizados ou não. O Brasil é assim mesmo, tem um bocado de coisas que ele finge que não sabe o que fazer com elas e o Desporto parece ser mais uma delas. Satisfazemo-nos em ser exportadores de talentos esportivos. A fabricação de craques guarda um certo resquício dos tempos do tráfico negreiro: arregimentam-se crianças pobres nas famosas escolinhas de futebol, submetem-nas a um regime de exaustivo treinamento, muitas vezes coadjuvada pelos pais sequiosos por um destino melhor para os filhos e, nelas identificando algum talento, negociam com grandes times do mundo o seu passe, onde, às vezes, prosperam, ganham prêmios; alguns enriquecem e aparecem portentosos; outros, ainda, perdem a dignidade em farras, ostentações e podem chegar até ao cometimento de crimes ambientais. Os mais talentosos, famosos ou articulados com os Cartolas, com as marcas da exaustão em seus corpos gastos em times estrangeiros e/ou vitimados pelo racismo nos mundos ricos, retornam, sazonalmente, em jogos da Seleção, gerando expectativas no povo sedento de euforia e, se alcançam algum resultado positivo, são usados pelos poderosos. Tem sido assim ultimamente, apesar das estrelas no peito de orgulhosos atletas que, assim mesmo, merecem respeito e compreensão. Afinal, a maioria foi arrancada da pobreza extrema, não teve tempo para ser criança de verdade, não concluiu os estudos e sua formação como sujeito nem sempre se completou, e vive do talento que Deus lhe deu. O Ministério dos Esportes deveria servir, dentre outras coisas, para corrigir essas distorções. Mas, como diz o dono da bola: “é preciso acabar com em essa conversa de tirar o pobre do Imposto de Renda e fazer os ricos pagarem impostos para se pensar na paz social!”
O caso “Fufuca”, como disse, é uma síntese dos procedimentos da política nacional: um governo de confronto entre o que deve ser feito com o que as elites não deixam fazer. Faz-se o possível, e nem sempre o melhor. Fufuca, neste momento, ganhou a bola; os Economistas de renome, ganharam antes. Todos que já passaram pelos cargos importantes de Governos anteriores e até do atual, sabem de todos os segredos de Estado e dos procedimentos. São eles os mesmos que operam no mercado os fundos financeiros dessas famosas três mil famílias mais ricas do Brasil e que não querem pagar com retidão os impostos sobre os seus ganhos. São os mesmos que vêm à mídia, todas as mídias, quando consultados, para defender as políticas que favorecem aos rentistas, pregando redução de gastos com os mais pobres e a diminuição do Estado, com o fito de diminuir as chances de qualquer tipo de fiscalização eficiente, decente e honesta.
Os brinquedos da elite pós-latifundiária, em “tempos de paz”, são: isenções fiscais, fatias generosas do orçamento da República por vários meios e artifícios; “rentismo”, lucros sobre recursos financeiros rolados a altos juros, sobre a dívida pública; redução de direitos das classes subalternas; entidades filantrópicas de fachada para sonegar impostos e ainda parecerem generosas; oportunidades fora dos critérios da meritocracia para seus filhos, colocando-os em postos-chave, com o objetivo de manter as rédeas da burocracia de Estado e perpetuar-se no poder.
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