Manaus, 21 de novembro de 2024

História da navegação na Amazônia

Compartilhe nas redes:

A Amazônia é uma região que necessita, para o seu desenvolvimento econômico, de um sistema de navegação adequado às suas longas distâncias internas, algumas intercontinentais, eqüivalendo a mais do que uma travessia do Oceano Atlântico, como as de: Belém – Sena Madureira – 5160 milhas ou 7740km Belém – Xapuri – 5550 milhas ou 8325km Belém – Cruzeiro do Sul – 5720 milhas ou 8580km Apesar disto os nossos governantes esqueceram-se deste fato e a região está hoje sujeita aos caríssimos fretes rodoviários, verdadeiros impostos sobre as populações do Norte; às estradas onerosas, necessitando de constantes manutenções, pela grande ação erosiva do nosso clima equatorial, e a um sistema de navegação inadequado, constituído de pequenos barcos de madeira, que dificultam a sobrevivência das nossas populações interioranas, além de numerosas balsas poluidoras dos rios.

A magnitude das distâncias explicam as dificuldades da exploração e do povoamento da região, tanto por parte da população paleo-brasileira, os índios, como pelos neo-brasileiros, a população mestiça, com as canoas a remo ou à vela levando dezenas, senão centenas de dias de viagem, para subirem as calhas do Amazonas e dos seus principais afluentes. Os índios cruzaram a região em suas migrações a pé e depois nas ubás. Uma dessas viagens foi registrada em um belo mito dos habitantes do alto rio Negro, o da Canoa das Transformações, ao mesmo tempo uma cobra grande navegando com os imigrantes, no seu interior, pelo plano abaixo do mundo dos vivos, em um percurso que teria durado mais de quarenta anos, dos Andes até a cachoeira do Ipanoré, onde desembarcaram os últimos passageiros, uma verdadeira pacarina amazônica.

Os viajantes da Canoa das Transformações muito adequadamente autodenominaram-se depahmelin maçã, significando, na língua tucano, o povo imigrado.

As primeiras viagens dos europeus, pelo rio Amazonas foram feitas pelos espanhóis, no sentido das nascentes à sua foz. Começaram com a de Francisco D´Orellana, em um bergantim equipado com 50 homens, na sua descida pelo rio Napo, a partir de 2 de fevereiro de 1542, até alcançar o Marañon, passando pelas bocas dos rios Negro, Madeira e Nhamundá, respectivamente a 3, 10 e 23 de junho. Foi próximo à foz do último desses rios, que se deu o fantástico combate com as aguerridas mulheres, origem do nome Amazonas para o imenso caudal, talvez índios da tribo dos tapajós, que usavam longos cabelos e onde as mulheres lutavam ao lado de seus maridos.

Atingindo o Atlântico, pelo canal do Norte, o seu navio foi ter à ilha de Margarita, daí seguindo para a Espanha, onde Orellana recebeu o título de adelantado, bem como as terras descobertas da Nova Andaluzia, o primeiro nome da Amazonia.

Ele voltaria, no ano seguinte, para colonizá-la, com uma frota de três navios e quinhentos homens, dizimados pela peste, durante uma escala pelas ilhas Canárias, chegando ao Amapá, a 20 de dezembro de 1543, onde Orellana faleceu, indo os remanescentes dessa expedição povoar a ilha Margarita.

Seguiu-se, em 1558, a expedição de Pedro de Ursua e Lopo de Aguirre, descendo pelo rio Huallaga. As suas dissensões internas redundaram em uma rebelião, com a morte de Ursua e a proclamação de Fernando de Gusmão, rei das possessões espanholas, nas Américas, depois assassinado. Lopo de Aguirre assumiu então o comando dos rebeldes e atacou Margarita, mas foi preso e enforcado.

Ele teria sido o primeiro homem a tentar a independência de uma possessão, no Novo Mundo. As viagens espanholas nada produziram para a Amazônia, que começou a ser povoada pelos portugueses, cem anos após, no Maranhão e no Pará, conquistados aos franceses, embora sob a soberania espanhola, pois Felipe II unificara os dois países ibéricos.

Views: 165

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques