Manaus, 16 de setembro de 2024

Histórias esquecidas

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O leite de colônia

Poucos sabem que Manaus, a terra do já teve e do vai ter, agora já tendo, possuiu uma indústria farmacêutica importante, onde teve origem os dois conhecidos Leite de Colônia e Leite de Rosas, usados em todo o País. Hoje ambos são produzidos no Sul, uma tendência que só agora começamos a reverter, graças à Zona Franca.

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O fabricante do Leite de Colônia morava e trabalhava na mesma rua, farmácia e residência eram separadas por dois ou três quarteirões, mas tinha o costume de pegar todos os dias, no fim do expediente, de manhã e de tarde, o bonde Saudade ou o Circular-Avenida, por causa da cansativa subida da Avenida Eduardo Ribeiro.

Dizem que ele era fanho, isto é, tinha um defeito congênito de formação do lábio superior ou do palato, o lábio leporino, que lhe dava a voz roufenha característica.

Certo dia, no trajeto do bonde Saudade, foi interceptado pelo cobrador da Manaos Tramways, com a conhecida frase, em tom fanhoso:

– A passagem! Por favor!

Ao que retrucou roufenho…

– O senhor está me imitando?

– Não. Eu sou fanho desde criança.

– Que coincidência…

E a passagem foi paga.

De volta de uma viagem ao Rio, o farmacêutico ficou encantado com os versos do Rum Creosotado, nos bondes daquela cidade, e prometeu um prêmio para quem fizesse um parecido com aqueles, para o seu produto:

Olhe senhor passageiro,

O belo tipo faceiro

Que você tem ao seu lado

E, no entanto, acredite,

Quase morreu de bronquite,

Salvou-o o Rum Creosotado.

Logo um funcionário do London Bank, resolveu criar os versos especiais tão solicitados e saiu-se com esses:

Cafiaspirina cura dor,

E também cura insônia,

Mas pra catinga de suvaco,

Só o Leite de colônia.

Como seria de esperar, esses versos jamais foram publicados.

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