Manaus, 18 de maio de 2024

Ode a Bruno de Menezes

Compartilhe nas redes:

O velho Bruno foi-se embora
no timbre dos tambores dos terreiros,
incorporado aos sons das ruas
no cântico dos ritmos negreiros.

Os subúrbios de Belém floresceram
na voz do velho Bruno,
seus pés eram bordados de renda
desenhando um novo ritmo.

Era a poesia do milagre
no bailado lunar, na fantasia
das formas transfiguradas
por sua rumorosa alegria.

Vingava no invisível a floral coreografia,
no peito a infância
companheira de sua grande vida,
no coro dos anjos na garganta.

Sabia amar o velho Bruno,
tanto que num dia de sol da Amazônia
deixou que se despetalassem
as flores do seu peito.

***

BRUNO DE MENEZES

(Belém, Pará, 1893 – Manaus, Amazonas, 1963)

Foi um grande poeta brasileiro. Tive a ventura de conviver com ele em seus últimos anos de vida em Belém e em Manaus. Toda a sua obra é muito significativa da sensibilidade e do conhecimento da vida do povo paraense, nos gêneros da poesia, da prosa de ficção e da pesquisa folclórica. Seu livro de poemas Batuque é um clássico da poesia negreira no Brasil, muito popular em Belém, objeto de inúmeras edições desde 1931 quando foi publicado. O velho Bruno o sabia de cor e o declamava com beleza e arte, com a voz grave e cheia de sentimento. Destaco ainda nesta nota o livro também de poesia Onze Sonetos, de 1960 e o notável ensaio de folclore intitulado Boi Bumbá: auto popular, de 1958. Teve descendência ilustre, o Cônego Geraldo, o Desembargador Stélio, a pianista Lenora, a professora Maria de Belém e a Freira Marília de Menezes, também poeta e escritora.

Visits: 22

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques