O presente texto foi elaborado por postulação da senhorita Elane Cristina Pereira, originária da cidade de Santarém/PA, presentemente cursando Serviço Social na Universidade Nilton Lins, em Manaus. Procurando desesperadamente fundamentar trabalho sobre o tema, encomendado pelo corpo docente da Uniniltonlins, esbarrou na escassez bibliográfica.
Ao visitar este blog teve notícia da existência do livro de minha autoria, ”Centenário de São José do Amatari”, editado em 1979, infelizmente já esgotado. Contatou comigo e foi prontamente atendida. Essa é nossa missão: interagir com os estudantes e pesquisadores; servir, e servir bem, aos estudiosos, àqueles que amam a Amazônia. Gratifica-nos alardear o que ocorreu logo depois: a universitária retornou informando que o trabalho de sua turma, pautado no presente texto, “encantou” seus professores e traduziu-se em nota máxima.
Antiga aldeia de Matari, a atual vila de São José está situada à margem esquerda do Rio Amazonas, e inserida na região que se comunica com o baixo Rio Urubu e Rio Preto da Eva, próximo da atual vila do Engenho, distante cerca de 100 quilômetros da cidade de Itacoatiara, no Município do mesmo nome. Seus habitantes vivem da pesca e da extração de produtos florestais.
A comunidade foi a primeira a ser visitada pelos jesuítas Francisco Veloso (1619-1679) e Manuel Pires (1637-1678), em meados do século 17, ao inaugurarem a expansão portuguesa para o interior da Amazônia. Na expressão do historiador Serafim Leite, isso ocorreu no início da colonização, exploração e catequização do atual Estado do Amazonas. Realmente, os padres Veloso e Manuel Pires lá estiveram em agosto de 1657, celebraram missa e contataram com seus primitivos habitantes, os índios Aroaqui, do grupo linguístico Arwak. Prosseguindo viagem, os missionários penetraram no Rio Negro e passaram ao afluente Tarumã – nas cercanias da atual cidade de Manaus.
Também lá esteve, anos depois, o padre João Maria Gorzoni (1627-1711), da mesma Ordem da Companhia de Jesus. Em 1692 Amatari foi residência do missionário Aluízio Conrado Portel (1638-1701). À escusa desse jesuíta em 1694 o lugar passou à direção dos padres mercedários. Por determinação do rei de Portugal dom João V (1689-1750), os mercedários se retiraram da povoação em 1723. No final do século 18, ela foi deslocada para um lugar mais abaixo, porém na mesma margem do Amazonas e quase em frente à boca do Rio Madeira. É a atual vila de São José do Amatari.
“Matari” é um termo de origem tupi-guarani, mais tarde adaptado para o português “Amatari”. O prenome “São José” foi dado ao lugar no século 19. A povoação dista um pouco da Ilha do Amatari, área de várzea com cerca de 10 quilômetros quadrados, circundada pelo Rio Amazonas; é o Paraná do Matari confrontando inteiramente com o Paraná do Jacaré; logo abaixo fica a Ilha do Jacaré. Favorável aos passeios e à pesca amadora, a região é repleta de belezas naturais, apropriada à indústria turística.
A antiga aldeia Aroaqui, mais tarde passou a ser local de habitação de índios Mura – grupo de cultura isolada. Antes da dominação do lugar por esses silvícolas, no final do século 18 para início do século 19, foi habitação dos índios Periquito e Sapopé (ou Sapupé), do grupo tupi.
No final do século 19, Amatari sediou a colônia agrícola “Pedro Borges” – que recebeu um grande estoque populacional de cearenses, vítimas da seca inclemente que assolou o Nordeste brasileiro nos idos de 1870. Em decorrência disso, floresceu a produção agrícola e a região se destacou como polo de exportação no setor (especialmente frutas e produtos da mandioca). Atualmente, sufocada pelo crescimento das vizinhas vilas do Engenho e Novo Remanso, a população do lugar diminuiu e sua produção agrícola e pesqueira foi reduzida. Hoje, a situação de penúria do lugar nada lembra a antiga e florescente povoação, terra de gente ilustre, que foi sede de Município no início da década de 1960.
3 respostas
caro professor,muito obrigada por tudo(desde de seu blog,passando por seu maravilhoso livro,ate essa singela homenagem) grata,eu e minha equipe…elane pereira
Gostaria de saber mais sobre a ilha de são jose do amatari pois meus avos eram de lá Manuel anveres de Mendonça e minha avo celeussa Pereira de Mendonça
Caro professor obrigado por conta a história da minha singela Comunidade São José do Amatari a qual tenho muito orgulho de ter nascido nesse lugar sou neta de Mercedes Alves Moraes a moradora mas velha da nossa comunidade é a nossa Matriarca me sinto honrada meu muito obrigado.