Manaus, 19 de junho de 2025

Sons da floresta

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“São daqueles que encantam os deuses do Olimpo e os espíritos de quantos se permitem a delícia de ouvi-los: são os sons da Orquestra Amazonas Filarmônica e do Coral do Amazonas.

Os sons das florestas do Amazonas proclamados mundo afora, faz séculos, pela ressonância dos cânticos dospássaros, do marulhar das águas, doroçar dos ventos nas folhas de suas palmeiras, das conversas do povo, e, de há muito, dos tilintares de libras esterlinas que encantaram a “belle époque” amazonense, não são mais os mesmos.

Faz pouco mais de vinte anos que os sons que ressoam nos ares da capital e invadem de esperança os rincões mais distantes de nossa terrasão outros, bem diferentes, mais harmoniosos e melódicos. São daqueles que encantam os deuses do Olimpo e os espíritos dê quantos se permitem a delícia de ouvi-los emanando de um dos palcos mais importantes do mundo, seja dedilhado por mãos hábeis e apaixonadas, seja emitidos porvozes cabocas que lampejam luz e alma: são os sons da Orquestra Amazonas Filarmônica e do Coral do Amazonas.

Há poucos dias foram completados vinte anos da criação e apresentação inaugural da Orquestra e do Çoral, fruto do sonho, da dedicação, do trabalho e, sobretudo, do ideal de muitos que construíram esse momento especial. Passado o centenário do Teatro Amazonas faltava-lhe a alma de que falava Áureo Nonato nas várias conversas que me ofertava em tom fraterno, exatamente porque os corpos estáveis do nosso templo não haviam sido constituídos. O desafio foi fazê-los existir, porém, muito mais desafiador foi edificá-los com a grandeza e a opulência artística que o Teatro reclamava, os artistas desejavam e a população merecia.

Depois de longa espera e de várias tentativas infrutíferas, quando quase tudo parecia perdido, em 1997 ergueu-se a vontade política do governador Amazonino Mendes e um plano estratégico foi traçado para que fossem estabelecidos não só os corpos artísticos do Estado, mas construída uma política pública de cultura que honrasse as melhores tradições de nossa gente, reconhecesse nossos valores e permitisse a todos o usufruto do belo na dimensão de suas expressões mais legítimas, desde as manifestações folclóricas, as de expressão afro-brasileira, as de naturalidade indígena semos conhecer, usufruir e exprimir, pela genialidade de nossos artistas que reclamavam vez, voze futuro. E tudo teve sequência pela visão dos novos governantes.

Nesse cenário, em que as óperas clássicas passaram a ocupar os palcos e a cena amazonense integradas à genialidade da ópera que exprime nossa identidade regional que é o boibumbá, todos juntos, da proa à popa das nossas canoas inundadas de amor pelas culturas e pelas artes, nesse cenário surgiram os grupos profissionais da Orquestra e do Coral, logo seguidos do Corpo de Dança e de muitos e muitos outrosdo mesmo quilate.

Mesclam-se nos dias que correm não só os ritmos, os acordes, a eloquência dos cantos, a erudição e o mais rico do nosso povo que se exprime no palco do Teatro, mas também os falares búlgaros, russos, bielorrussos, poloneses, norte-americanos e índios cabocos, daqui ede outras plagas brasileiras, todos e cada um lançando o remo nas águas da esperança e tocando e cantando em uníssono ou com solos em destaque, reconstruindo partituras perdidas no tempo, ressoando os grandes compositores do estrelato mundial e os que vivem recolhidos nos beiradões compondo toadas que nos engrandecem.

Por isso rompi o silêncio que caiu sobre essa data importante para as artes no Brasil-os vinte anos da Orquestra Amazonas Filarmônica e do Coral do Amazonas -, vencedores de desafios inimagináveis pela grandeza de todos que a eles se dedicaram e se dedicam no cotidiano de nossa cidade. De mim para comigo tenho a convicção de que, para tanto, a tudo dei o coração.

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