Fugindo da fome, do desemprego e da escassez de medicamentos, a cada dia, 1,2 mil venezuelanos entram em Roraima e dormem em praças ou à margem das rodovias, em busca de melhores condições de vida.
É importante considerar as entradas clandestinas, através de trilhas e vicinais, que permitem acesso de imigrantes que respondem processos na Justiça. Daí justificar-se o desencontro entre os dados da Polícia Federal e da Prefeitura Municipal. Para o município entram 1,5 mil imigrantes por dia.
Sem dinheiro para o ônibus, alguns seguem a pé de Pacaraima a Boa Vista, enfrentando a distância de 215 km. O número de refugiados supera em muito a capacidade de atendimento da prefeitura e do governo roraimense, que têm dificuldades para atendê-los, ao brigarem por comida e espaço em barracas improvisadas, sendo as crianças as maiores vítimas.
A Colômbia adotou impedimentos à entrada de novos estrangeiros. Para o presidente Juan Santos “os novos controles migratórios serão mais restritos” e só permitirá o acesso com passaporte ou um cartão de imigração.
Dados de Bogotá informam que cerca de 600 mil venezuelanos cruzaram o país, sem incluir as centenas de passagens ilegais ao longo de mais de 2.200 quilômetros de fronteira terrestre entre as nações. Colombianos sustentam que não há como o país lidar sozinho com o fluxo irrefreável de venezuelanos.
Aliás, a Venezuela não será convidada a participar da Cúpula das Américas em abril, em Lima, Peru, pois a presença do seu presidente não será bem-vinda. Preocupa uma possível reação xenofóbica dos roraimenses, pela ocupação das praças e logradouros públicos em Boa Vista e cidades próximas, e de uma eventual não proteção ao emprego de brasileiros.
Há 40 mil venezuelanos na cidade, número que corresponde a 12% da população do Estado. Para enfrentar o problema, o Ministério da Justiça criou uma coordenação por oito ministérios para tentar promover o bem-estar do roraimense.
Dentre os egressos existem engenheiros, professores, médicos e economistas em busca de trabalho, podendo o governo federal garantir a revalidação dos diplomas.
Medida Provisória deverá autorizar o repasse de recursos federais e a atuação das forças armadas para coordenar as ações humanitárias, que compreendem assistência emergencial aos que se evadiram do país de origem.
A população roraimense deve ser protegida, mas que também apoie aqueles que buscam refúgio e autorização temporária de residência no Brasil. É recomendável a acolhida humanitária, mas as dificuldades de Roraima são grandes, sendo necessário controlar o fluxo migratório, não devendo ser negado o acesso e o apoio do Brasil.
Anuncia-se que o controle da fronteira será ampliado e a vigilância reforçada, para assegurar a necessária triagem.
Foi correta a postura do governo brasileiro em aceitar a entrada de estrangeiros que tentam escapar do caos e da crise econômica do país vizinho. Não nos cabe proibir a entrada de venezuelanos refugiados no Brasil, embora a ajuda a Roraima tenha demorado bastante tempo.
Proibir o acesso contraria tratados internacionais de direitos humanos, dos quais o nosso país é signatário. Resta-nos a nós cumprir pactos firmados entre nações, que preveem proteção aos emigrados.
Lamenta-se que enquanto a democracia não retornar à Venezuela, o deslocamento de expatriados transfere a crise para os países vizinhos.
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