O padre espanhol José de Anchieta (1534-1597) pertencia a Cia. de Jesus e fez votos de castidade, pobreza e obediência. Era pragmático e poliglota falando muito bem o castelhano, dominando a Língua Portuguesa e, além, sabia Latim, Grego e Tupy. Escreveu Cartilha dos Nativos para praticar o ensino-aprendizagem com os indígenas e quando esteve em São Vicente (1532), após ser refém pelos Tamoios, admirando a espuma ao vento, escreveu nas areias da praia o Poema à Virgem com 5.786 versos em homenagem a Nossa Senhora de quem era devoto.
O Apóstolo do Brasil enquanto contemplava a beleza da natureza da orla brasileira, meditava a noite no convento, mas durante o dia ministrava aulas de catecismo, de fundamentos da Língua Portuguesa e de Latim para sua pequena Eclésia, visto que tinha receio do avanço dos brancos, dos huguenotes calvinistas e lideranças da Igreja Renovada francesa na capital. A missão jesuítica oficia a 1ª Missa e é fundada em 25 de janeiro de 1554, dia da celebração da conversão do apóstolo ao cristianismo, no Planalto de Piratininga, a cidade de São Paulo. Em seguida constrói a Igreja e o colégio.
Foi em uma viagem onírica que Anchieta escreveu na areia fina do litoral paulista entre Santos e Praia Grande o Evangelho da Educação. Descreveu em sonho que avistava um aérobus – meio de transporte que viaja entre cidades espirituais em uma velocidade ultrassônica – e exortava ao Padre Antônio Vieira (1608-1697): Ide e pregai a Pedagogia até o fim do mundo… Para auxiliar a expansão da fé e ocupar o norte do território tupiniquim. Além do carisma Anchieta fez centenas de milagres, pois era natural a premonição, a levitação e a bilocação dentre outros fenômenos.
Na segunda passagem do Evangelho previu que milhares de sociedades utópicas seriam cristianizadas, branqueadas, escravizadas e massacradas… Em certo momento teve uma antevisão sobre o Regulamento das Aldeias, o Sermão da Amazônia e o batismo do Rio Amazonas como Rio Babel, por causa de mil línguas diferentes faladas nas margens pelos 5 milhões de almas que habitavam a floresta e outros documentos da lavra de Vieira, em 1660. O jesuíta apontava, com seus dedos finos e compridos, uma linha serpenteando a cartografia o mapa do caminho a seguir.
– É para cá, dizia a Vieira apontando para um pontinho verde na linha tênue azul que marcava o pergaminho que em 8 de setembro de 1683, dia de Nª Sª da Luz que nascerá o marco histórico de uma cidade importante. Cuide de armar uma expedição de Belém a cargo de Jódoco Péres e solicite ao padre colocar em prática o protocolo jesuítico, oficiando a primeira missa e fundem logo uma missão no lugar, tratando bem o Tuxaua Mamorini, sua gente e o cacicado complexo que lidera naquela região do Rio Madeira.
Sobrevoando o dossel da floresta e avistando o Solimões, Anchieta vê surgir um povoamento significativo no Século XVIII que significa ‘rio que jorra ouro’ por onde escorre leite e mel dos deuses. Bem, ponderou, não podemos interferir nos projetos de outras missões, pois já temos problemas com os mercedários. Então vou deixar a missão para Samuel Fritz e que funde lá um sacerdócio. Coari inicia o processo de interiorização do ensino superior e o resto deixe que os filhos de Serpa se encarreguem de dividir o Estado em polos universitários. E assim foi feito conforme o Evangelho da Educação (JA 1: 2-10).
A COMVEST – Comissão Permanente de Concursos marcou o vestibular para o final do mês de junho em 1987 e no início em julho 50 estudantes de todas as microrregiões do Amazonas já estavam matriculados no curso de Licenciatura Plena em Pedagogia realizado no CRUTAC – Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária, no Campus de Coari em que encaravam uma jornada diária de 10h. Era o sonho tornando-se em realidade.
A seguir a lista dos aprovados: Melita Maddy Rossetti, Anamã; Maria de Fátima Cavalcante Barbosa, Careiro da Várzea; Adalberto Vieira da Costa, Alexei Chaves de Moura Costa, Ecionete Cavalcante Martins, Ignês Melo da Cruz, João de Oliveira e Souza, José Barbosa da Silva (in memorian), José Raimundo Moraes da Silveira, Levi Haoxovell Fernandes (in memorian), Maria Auxiliadora de Lima Yamaguchi, Maria Delvanir Oliveira da Silva, Maria Dorimar Granjeiro Pinto, Maria de Fátima Oliveira Alves, Maria Luiza Rodrigues Caxeixa Alfaia, Mariluce Pereira Marques, Maurício Roberto da Silva, Raimundo Alves Nogueira e Walter Costa de Moraes, de Coari.
Em seguida os selecionados que residiam em novas repúblicas que fervilhavam no entorno da cidade: Maria Áurea Brasil de Araújo e Maria Jane da Costa Assis, de Codajás; Humberto Ferreira Lisboa, Fonte Boa; Cláudia Regina Nelson Lima de Oliveira, Denize do Socorro Moutinho de Araújo, Guilherme Fernandes Pereira, José Alzani Bezerra Oliveira, José Luiz Tavares da Costa, José Raimundo Lopes da Costa, Maria de Fátima Oliveira, Maria Socorro Bezerra Lopes e Raimundo Nonato Saraiva de Araújo, de Itacoatiara.
Em menor quantidade por municípios ficaram os mestres: Rosecler Guaraldi Ebling Souza, Iranduba; Elizabeth Bezerra Rodrigues, Tomé Araújo de Lima e Sebastião Lima de Souza, Manacapuru; Álvaro José de Oliveira, Nova Olinda do Norte; Adelson Alves de Lima e Manoel Vivaldo Alves de Magalhães, Novo Aripuanã; Elcy Barbosa da Silva e Maria de Lourdes Bagatelli Belém, de Parintins; Anésio Martins, Gilson Alves dos Santos e Wilton Gouvêa dos Reis, São Paulo de Olivença; Hilmir José de Souza Assis, Silves; José Cândido da Silva Neto, Leovegilda Bandeira da Silva e Marlene Cuesta Telles, Tabatinga; Maria Auxiliadora Bezerra Queiroz, Tefé; e, Francisca Pessoa Lima, de Tonantins.
Apenas Antônio Jorge Alves Ribeiro, de Coari e, Sebastião Lima de Souza, de Manacapuru, desistiram da jornada pedagógica. Entretanto no dia 1º de março de 1990 ocorreu a aula da saudade, ministrada por Carlos Rubens de Souza, no CTC – na Estrada Coari-Mamiá e as recordações aumentavam a emoção; Em 2 de março foi a realização da Missa em Ação de Graças na Catedral de Nª Sª de Sant’Ana e o culto em Ação de Graças, na Igreja Evangélica Assembleia de Deus; A solenidade de Colação de Grau, foi no dia 3 do mesmo mês no salão nobre da EE Nª Sª do P. Socorro. Já o coquetel e Baile da Saudade, anunciado aos quatro cantos foi no Refúgio 2 Pinguins, às 22h, com traje a rigor foi até a alta madrugada.
Na Antiga Grécia pedagogo era o escravo que levava a criança para a escola e hoje, em pleno Século XXI, os profissionais da educação conquistaram o direito de ensinar livremente os alunos e a Sociedade. No entanto o Governador Wilson Lima é um neófito e vai entrar para a História por querer que esses profissionais sejam os estivadores da Educação, não que os educadores tenham alguma coisa contra os portuários. Mas a profissão de professor é a que informa e forma todas as outras. É pelo investimento nos profissionais que os Tigres Asiáticos surgiram, assim como a Coréia do Sul.
Inesquecível foi lutar para vencer as adversidades, mas de forma orgulhosa essa turma ergue as láureas da vitória ao ter inaugurado uma nova etapa do ensino universitário no interior da Amazônia ao celebrar no dia 3 de março de 2020, 30 anos de formação com uma grande festa entre amigos e convidados.
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